Cerca de 650 pessoas passaram pelo Teatro Erotides de Campos, o Teatro do Engenho, no Engenho Central de Piracicaba, durante os dois dias do Seminário Internacional Nosso Futuro com Hidrogênio, realizado pela Prefeitura de Piracicaba e Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool), ontem e hoje, 08 e 09/04. O evento teve a participação de autoridades, empresários, pesquisadores e representantes de entidades públicas e privadas. O último dia do seminário foi marcado pelas discussões sobre o uso do H2 na substituição de combustíveis fósseis e as regulamentações necessárias para o mercado nacional e internacional.
Durante a cerimônia de encerramento, o prefeito Luciano Almeida agradeceu a participação de todos que dividiram seus conhecimentos e experiências no evento, e anunciou uma segunda edição nos dias 7 e 8 de abril de 2025, além da criação de uma comissão permanente no Parque Tecnológico de Piracicaba para estruturar caminhos de produção e desenvolvimento tecnológico com o uso do hidrogênio.
“Agora a gente precisa se unir, cada um com suas diferentes áreas e expertises para a descarbonização da economia, e ficou muito claro que o único caminho é com o uso do hidrogênio”, declarou o prefeito.
O presidente do Apla, Henrique Amorim, destacou o potencial de Piracicaba no desenvolvimento tecnológico com o hidrogênio. “Nossa cidade sempre foi centro sucroalcooleiro com o etanol, que é a principal rota do hidrogênio. E eu espero que este evento seja o pontapé inicial de estudos para formar um comitê no Parque Tecnológico investir no uso do hidrogênio”, disse.
O encerramento teve a presença ainda do presidente substituto da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), representando o Ministério de Minas e Energia, Reynaldo da Cruz Garcia, e a cônsul-geral da Alemanha, Martina Hackel.
O objetivo do seminário foi fomentar a discussão sobre novos modelos que possam substituir combustíveis fósseis por energias renováveis, e trouxe à pauta diversos temas relacionados à produção, uso e comercialização do hidrogênio.
Ao todo, foram 10 painéis de discussão nos dois dias de evento, além da palestra do CEO da Thyssenkrupp na América do Sul e presidente da Câmara do Comércio Brasil-Alemanha, Paulo Alvarenga.
TRANSIÇÃO – No último dia do seminário, hoje, 09/04, entre os painéis mais aguardados estavam os que discutiram o uso do hidrogênio no mercado interno de veículos leves e para veículos pesados no setor de transportes e mobilidade, além do planejamento estratégico para esta transição energética.
O painel de Meio Ambiente, Regulamentação e Certificação teve a presença do piracicabano Adalberto Maluf, secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Em sua apresentação, ele ressaltou o compromisso do governo federal em apoiar a implementação de fontes de energias renováveis no mercado brasileiro.
“Essa é uma oportunidade histórica para a gente criar certificações e regulamentações para incentivar esse mercado e o Brasil continuar sendo um grande ator neste setor. O estado tem que ser condutor do desenvolvimento tecnológico e para que o mundo acolha isso, precisamos ter essas regulamentações, que nós estamos desenvolvendo”, disse Maluf.
O presidente da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), Mario William Esper, afirmou que o foco é ter menos leis e mais normas para o país se afirmar no mercado internacional com o hidrogênio, e desenvolve as diretrizes para isso através do ISO CEE-067.
“A ABNT participa como protagonista na normatização internacional da ISO para o hidrogênio, desenvolvendo normas internacionais para a produção, armazenamento, transporte, medição e uso de hidrogênio e células combustíveis”, declarou Esper durante o seminário.
O painel H2 para veículos leves, que abriu a programação do segundo dia do seminário, discutiu a aplicabilidade do hidrogênio no mercado interno de automóveis, que enfrenta o desafio da infraestrutura e adaptação de células de combustíveis para os veículos.
O painel teve moderação de Bruno Oliveira, da Automotive Business, e a participação de Fernando de Oliveira Junior, da Bosch; Thiago Sugahara, da GWM; e Gustavo Noronha, gerente de projetos de tecnologia da Toyota. Noronha citou o Mirai, um dos veículos da montadora japonesa que ficou exposto no seminário e é movido a hidrogênio.
“A gente criou um produto, mas a gente precisa incentivar o uso da tecnologia na sociedade, aplicando na mobilidade, indústria, residências. Há vários produtos sendo desenvolvidos pela Toyota, e também fazemos parcerias com outras empresas, inclusive concorrentes, poder público e associações de hidrogênio”, citou Noronha.
O segundo painel discutiu a possibilidade da transição energética de veículos pesados comerciais, que incluem a mobilidade e o transporte de cargas. Com moderação de Hans Schaeffer, foram apresentados alguns caminhos para o uso de hidrogênio em motores hoje majoritariamente movidos a diesel no setor.
A fabricante coreana Hyundai apresentou alguns de seus veículos que estão sendo desenvolvidos com o uso de hidrogênio na Coreia, que incluem ônibus, caminhões e um trem com capacidade para mais de 300 passageiros e velocidade máxima de 170 km/h. “Nossa companhia está desenvolvendo este trem, que está na fase de testes piloto e é uma possibilidade para o uso na mobilidade urbana com energia limpa”, informou Myong-Han Kim, da Hyundai Rotem Company.
Matthew Lim, da Hyundai International, citou ainda o Nexo, SUV movido a hidrogênio que foi desenvolvido pela fabricante coreana. A montadora escolheu Piracicaba para apresentar o Nexo pela primeira vez no Brasil, na área de exposição do Seminário Internacional de Hidrogênio. Participaram ainda do painel de veículos pesados André Ferrarese, da Tupy, e Rafael Torres, da Cummins Accelera.
O último dia do evento teve ainda mais dois painéis de discussão. Com moderação de Francisco Nigro, da Poli-USP, o painel Planejamento Estratégico Energético Para Mobilidade: Híbrido X Elétrico X H2 teve participação de Gustavo dos Santos Gioria, do SAE Brasil; Gustavo Noronha, pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva); e Reynaldo da Cruz Garcia, pela EPE.
O painel Grandes Consumidores de H2 discutiu a geração de energia e insumos para uso industrial, comercial e residencial, com moderação de Antônio Carlos Pontieri, do Senai SP Indaiatuba, e participação de Luciana Magalhães, da Arcelor Mittal; Luis Oliveira, do Senai SP Indaiatuba; Luis Fernando Marchi, da Top Telha; e Cayo Moraes, da EDP Brasil.
COBERTURA – O evento foi aberto ao público e discutiu temas relacionados ao hidrogênio como políticas públicas para a transição energética no Brasil e no mundo, ecossistema acadêmico para pesquisas e desenvolvimento tecnológico na área, uso do hidrogênio como combustível para veículos leves e pesados, uso em biorrefinarias, regulamentação e certificações do H2, planejamento estratégico para transição energética na mobilidade (híbridos x elétricos), entre outros temas.
Todos os painéis tiveram transmissão ao vivo pelos canais oficiais da Prefeitura de Piracicaba. Os vídeos com a íntegra de todos os painéis de discussão do Seminário Internacional Nosso Futuro com Hidrogênio podem ser acessados no YouTube da Prefeitura de Piracicaba.