A proposta de criação do Jardim Botânico de Piracicaba (JBP) surgiu com o objetivo de conservação da biodiversidade da flora regional, especialmente das formações de Floresta Estacional Semidecidual do bioma Mata Atlântica, que constituem a vegetação característica de Piracicaba.
O JBP foi criado através do Decreto nº 17.377/2018. Vinculado à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMAP), exercerá suas atividades de conservação, pesquisa e educação ambiental no âmbito da administração municipal em três áreas prioritariamente.
O planejamento, a implantação e a gestão do Jardim serão exercidos pela Simap, cabendo às demais pastas municipais e aos órgãos da administração indireta colaborar, conforme suas prerrogativas e atribuições, e disponibilizar servidores, técnicos, máquinas e equipamentos, quando solicitados.
Até o momento, entre as três áreas destinadas ao JBP, a Área – Santa Rita tem sido priorizada em termos de ações e investimentos por abrigar a Sede Administrativa e ser o local onde estarão disponibilizadas para visitação pública a maior parte das coleções botânicas.
A atual administração não tem medido esforços para viabilizar e implantação de novas estruturas e o fortalecimento da Instituição JBP.
O Jardim Botânico de Piracicaba tem como objetivos principais:
- A conservação, a preservação e a manutenção de um banco genético das espécies da flora regional, especialmente das formações de Floresta Estacional Semidecidual, do bioma Mata Atlântica, que constituem a vegetação característica de Piracicaba;
- A garantia de espaços para pesquisa, educação ambiental, cultura, lazer e turismo ecológico;
- A realização, de forma sistemática e organizada, de registros de plantas e documentação referentes ao acervo vegetal, os quais permanecerão acessíveis, visando plena utilização para conservação da natureza;
- A conservação de plantas, através de bancos de germoplasma “ex situ” e reservas genéticas “in situ”, com o objetivo de pesquisa, demonstração e educação ambiental;
- A proteção, inclusive por meio de tecnologia apropriada de cultivo, de espécies silvestres vulneráveis, raras, ameaçadas pela ação antrópica, especialmente a nível local e regional, bem como resguardar espécies econômica e ecologicamente importantes para a restauração ou reabilitação de ecossistemas;
- O intercâmbio científico, técnico e cultural com entidades e órgãos nacionais e estrangeiros;
- A capacitação de recursos humanos;
- A educação ambiental formal e não formal, associada à proteção e à valorização do ambiente, com destaque para a flora e o estímulo à pesquisa na comunidade científica;
- O refúgio e a proteção da fauna local.
Propõe-se que sejam implantadas no local as seguintes Coleções Botânicas:
I. Medicinais
II. Ornamentais:
- por período de floração – primavera, verão, outono e inverno
- Trepadeiras
- Ervas e pequenos arbustos
III. Ameaçadas
IV. Frutíferas
POTENCIAL DAS ÁREAS E POLÍTICA DE COLEÇÕES
As áreas onde serão desenvolvidas as atividades do Jardim Botânico de Piracicaba serão constituídas por coleções de plantas vivas reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas cientificamente com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florísticos da flora regional, especialmente das formações de Floresta Estacional Semidecidual, do bioma Mata Atlântica.
As coleções estarão acessíveis ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação ambiental. Os esforços mais significativos para a proteção serão direcionados às espécies raras e ameaçadas, por isso, trata-se de um Jardim de Conservação.
As três Áreas que compõem o Jardim Botânico de Piracicaba possuem características e metas distintas, mas complementares, adequadas à sua missão.
A Área “Santa Rita”, pelas características da paisagem local, que inclui um grande lago, cercado por área verde, será destinada a receber a maior parte do público, principalmente formado por pessoas que desejam vincular lazer, contato com a natureza e ampliar seu conhecimento sobre as plantas. A vegetação local é composta por um misto de espécies nativas da Floresta Estacional e exóticas, plantadas ou que surgiram espontaneamente. Prevê-se uma diversificação de espécies no local, através de plantio ou de favorecimento de plântulas surgidas espontaneamente, ampliando-se a riqueza de espécies nativas da Floresta Estacional Semidecidual, principalmente aquelas mais raras ou ameaçadas de extinção.
Com a finalidade de representar um atrativo adicional aos visitantes, as espécies a serem cultivadas serão agrupadas em módulos temáticos, atendendo a interesses diversos da população, vinculando, assim, atividades de lazer e educativas sobre a biodiversidade da vegetação nativa da região de Piracicaba.
O conhecimento sobre a imensa riqueza de espécies úteis, efetivamente utilizadas ou potenciais, favorece a formação de uma postura consciente e preservacionista em relação à natureza, em última análise um dos principais objetivos da constituição de um Jardim Botânico. Adicionalmente pode representar uma fonte para estudos científicos, o que é adequado em um município como Piracicaba, com clara concentração de faculdades e universidades.
Uma vez que está previsto um grande aporte de público neste local, serão concentrados nesta área serviços diversos que atendam as diferentes faixas etárias, incluindo área de playground e visitas guiadas. Espécies exóticas, em caráter excepcional, poderão ser plantadas na área, quando isto for plenamente justificável por questões paisagísticas ou históricas que auxiliem nos aspectos educativos e de lazer.
A Área “Engenho Central”, por sua vez, representa um importante local de lazer para a população piracicabana, incluindo áreas de exposição, teatro e uma ampla área verde. Ocorre neste local alguns dos principais eventos da cidade, como a Festa das Nações e o Salão de Humor de Piracicaba, que atrai um grande público também de outras regiões do estado de São Paulo. Assim, os visitantes possuem um perfil com características diferentes e mais diversificado do que aquele descrito para a Área “Santa Rita” e que está, de maneira geral, mais voltado aos aspectos culturais.
Essa Área é formada por um complexo de construções históricas entremeada por grandes espaços abertos e uma vegetação composta em sua maior parte por uma floresta com grande predominância de espécies exóticas, algumas de grande porte. A área, assim, do ponto de vista da vegetação, terá uma interferência mínima, evitando a supressão das árvores adultas (assim como nas demais áreas), mas controlando-se espécies oportunistas, como a Leucena (Leucaena leucocephala), ao mesmo tempo, favorecendo as espécies nativas, através de técnicas como coroamento de plantas jovens e o plantio de espécies nativas em substituição àquelas naturalmente suprimidas. Ao mesmo tempo, nesta área serão organizadas exposições temáticas, aproximando ao tema o público visitante que busca primariamente outros objetivos.
A Área “Parque Natural de Santa Terezinha” vêm, ao longo dos últimos anos, sendo enriquecida com espécies nativas. Trata-se de um local com algumas restrições de uso, as quais estão estabelecidas no Plano de Manejo, por tratar-se de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.
ÁREA SANTA RITA
Uma das áreas escolhidas para o desenvolvimento das atividades de Jardim Botânico está localizada na Rua Lívio Ferraciú, esquina com a Avenida dos Concepcionistas, no entorno da Lagoa do bairro Santa Rita.
Esta Área, além de abarcar o Viveiro Municipal de Mudas, possui considerável beleza com grande potencial para se transformar em um Parque Urbano.
Apesar de ter sido criado em 2018, até o momento, foi construído no local o primeiro módulo da sede administrativa com 100 m², contendo recepção, sala administrativa, copa e sanitários. As intervenções necessárias para as atividades do Jardim Botânico de Piracicaba incluirão ainda cercamento da área com gradil metálico, execução de trilhas, implantação de coleções botânicas, além da construção do centro de convivência e de outras estruturas necessárias ao desenvolvimento de atividades de Jardim Botânico, com destaque para a produção de mudas, a educação ambiental, o lazer contemplativo e a conservação da flora “in situ” e “ex situ”.
ÁREA ENGENHO CENTRAL – IMPLANTAÇÃO FUTURA
A segunda área escolhida para o desenvolvimento das atividades de Jardim Botânico encontra-se anexa ao Engenho Central de Piracicaba, que é um dos mais belos cenários arquitetônicos do Estado de São Paulo, além de importante complexo artístico cultural de Piracicaba com grande fluxo de visitantes.
Trata-se de uma área tombada pelo Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba) e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), através da Resolução SC-92/2014 (Processo Condephaat 61039/2010). Tal tombamento aplica-se, entre outros, ao Prédio 18, denominado “Esterqueira”, onde, após restauração, propõe-se instalar uma Central de Informações e um Museu do JBP, onde serão realizadas atividades culturais, de lazer e educação ambiental. A área possui ainda vocação para conservação da flora in situ e ex situ.
ÁREA “PQ. NATURAL DE SANTA TEREZINHA” – IMPLANTAÇÃO FUTURA
A terceira área escolhida para o desenvolvimento das atividades de Jardim Botânico é o Parque Natural Municipal de Santa Terezinha, popularmente conhecido como Parque da Cidade.
O Parque, criado pelo Decreto 10.845/2004, possui uma área de aproximadamente 40 hectares e está localizado na confluência dos rios Piracicaba e Corumbataí, no bairro Santa Terezinha, fazendo limite com a Rodovia SP-304 (km 169), no trecho entre Piracicaba e São Pedro. No local há, atualmente, infraestrutura básica de energia elétrica e água, sistema viário interno, Central de Serviços com sanitário e cozinha, cercamento por alambrado e portão metálico.
Com relação à vegetação, em 2008 a siderúrgica Arcelor Mittal destinou aproximadamente R$ 700 mil (setecentos mil reais) para aplicação no Parque em contrapartida pela expansão efetuada na fábrica, o que viabilizou o plantio de 40 mil árvores nativas. Conforme o Plano de Manejo, essa Unidade de Conservação tem como objetivo tornar-se um importante local de lazer e recreação da comunidade, bem como transformar-se em um relevante Centro de Educação Ambiental e de estudos científicos voltados para conservação.
O Parque Natural de Santa Terezinha está inserido nos domínios da Floresta Estacional Semidecidual, formação esta que sofreu degradação ao longo do tempo por causas naturais ou antrópicas e foi substituída por vegetação secundária. No Parque foram catalogadas 47 (quarenta e sete) espécies arbóreas e 18 (dezoito) espécies herbáceas. Dentre todas as espécies, 12 (doze) são exóticas, representando aproximadamente 18% do total.
Na Área “Parque Natural de Santa Terezinha”, em se tratando de uma Unidade de Conservação, propõe-se a instalação de um Espaço de Educação Ambiental, onde serão realizadas atividades de educação ambiental, lazer, além de recuperação e conservação, em maior escala, da flora in situ de acordo com o Plano de Manejo.
MISSÃO, VISÃO E VALORES
Missão: Conservar, valorizar e difundir a importância do bioma Mata Atlântica, especialmente a Floresta Estacional Semidecidual, típica da região de Piracicaba, por meio das coleções, da educação ambiental e da pesquisa.
Visão: Tornar-se referência na conservação das espécies da flora regional, especialmente da Floresta Estacional Semidecidual do bioma Mata Atlântica.
Valores: Compromisso com a conservação do bioma Mata Atlântica, patrimônio da humanidade; Cooperação e integração com outros Jardins Botânicos e Instituições de Pesquisa e Ensino; Coerência e transparência nas atividades e relações.
ESPÉCIE SÍMBOLO: JEQUITIBÁ-ROSA
Para que a criação do Jardim Botânico acontecesse de forma participativa com a comunidade piracicabana, a sua espécie símbolo foi escolhida através de votação nos Portais da SIMAP e da Prefeitura.
Entre cinco (05) espécies nativas da floresta estacional semidecidual de Piracicaba, sendo elas, Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum), Tamboril (Enterolobium contortisiliquum), Caviúna (Machaerium scleroxylon), Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), Jequitibá-rosa (Cariniana legalis), foi escolhida esta última.
Foto: Justino Lucente
O Jequitibá-rosa ocorre na Mata Atlântica desde o nordeste brasileiro até o Paraná. Corresponde a uma das maiores árvores da Floresta Estacional Semidecidual atingindo até 50 m de altura, sendo uma espécie emergente ou de dossel. A folhagem é parcialmente decídua e a floração ocorre principalmente nos meses de verão.
PUBLICAÇÃO: “GUIA DAS PLANTAS DA MATA ATLÂNTICA”
Para cumprir os objetivos do Jardim Botânico de Piracicaba, a Prefeitura celebrará um Termo de Cooperação Técnica com o Herbário ESA da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), que tem como curador o Prof. Vinicius Castro Souza, visando aprimorar os recursos técnicos e operacionais. Recentemente foi publicado o livro “Guia das Plantas da Mata Atlântica – Floresta Estacional”, que traz um capítulo específico sobre o JB de Piracicaba e suas coleções.
LEVANTAMENTO DA AVIFAUNA – ÁREA SANTA RITA
Em novembro de 2020 foi iniciado o levantamento da avifauna na “Área I – Bairro Santa Rita” com o intuito de fornecer subsídios para o desenvolvimento de atividades no local. A equipe, sob coordenação da zoóloga Dra. Maria Eliana Navega-Gonçalves, conta com a participação da bióloga Vosmarline Graziela Rocha Lima e com o apoio de funcionárias da SIMAP (Juliana Gragnani, Marianna Curi e Elizabeth Nunes Salles).
Em apenas 3 visitas ao local, no mês de novembro/2020, com um esforço de 6 horas de atividades, foram identificadas 54 espécies de aves, além de outras que foram apenas ouvidas (vocalização), evidenciando o potencial avifaunístico do local.
Até o mês de Janeiro/2021 foram identificadas 75 espécies e foram observados, também, alguns ninhos e indivíduos recolhendo material para a construção do ninho, o que confirma como período de nidificação para várias espécies de aves da região, esta época do ano (Primavera/Verão).
Embora o Jardim Botânico esteja em um ambiente urbanizado, a presença de fragmentos vegetais com espécies nativas e a lagoa, são elementos que favorecem à atração de aves, uma vez que elas dependem de áreas que ofereçam recursos para alimentação e nidificação (construção de ninhos), além de abrigo e proteção. Neste sentido, a manutenção de áreas verdes nas cidades é essencial para a avifauna, que encontra nelas refúgio ou mesmo local para se estabelecer (hábitat).
É esperado, no entanto, que sejam encontradas espécies menos exigentes com relação aos recursos disponíveis, denominadas “espécies generalistas”, que sobrevivem em ambientes alterados, como aquelas mais frequentes e encontradas em praças, jardins e até nos quintais das casas, entre outras não tão comuns nestes locais.
Assim, o plantio de espécies vegetais nativas e que ofereçam alimento para as aves que se deseja atrair, tais como as polinizadoras (como os beija-flores) e as dispersoras de sementes (aquelas que se alimentam essencialmente de frutos: saíras, tucanos, periquitos, entre outras), deve ser considerado no manejo da área.
Cardeal-do-Nordeste (Paroaria dominicana)
Foto: Maria Eliana Navega
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE (Simap) PIRACICABA / SP
Rua Antônio Correa Barbosa, 2233 (Centro Cívico) – 9º andar
Centro – Piracicaba / SP
Fone: (19) 3403-1250 / (19) 3403-1368
Horário de Atendimento:
Segunda à Sexta: 08h30 às 16h30
email: simap@piracicaba.sp.gov.br
Palavras Chave: conservação botânica flora fauna biodiversidade mudanças climáticas espécie espécies nativa nativas exótica exóticas lagoa coleção muda mudas viveiro