A OSP (Orquestra Sinfônica de Piracicaba), em parceria com a SME (Secretaria Municipal de Educação), inicia hoje (5), no bairro Mário Dedini, o projeto Pequena Grande Orquestra, de inclusões social e cultural às crianças e adolescentes matriculados na rede municipal de ensino. A iniciativa começa na Escola Professora Olívia Capranico, onde 40 alunos do ensino fundamental recebem aulas semanais de violino. Para viabilizar o projeto, há também o apoio da SemacTur (Secretaria da Ação Cultural e Turismo).
Estudantes do bairro Mário Dedini são os primeiros contemplados pelo projeto Pequena Grande Orquestra
Os 40 contemplados têm idade entre 7 e 11 anos e são alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. Eles frequentam as aulas do projeto todas as semanas, sempre às quintas-feiras, no contraturno escolar. As crianças matriculadas na escola no período da manhã se dedicam à música das 13h às 15h30, enquanto as que estudam à tarde têm frequência das 9h às 11h30.
A intenção do projeto é que o estudo musical seja mais que uma atividade escolar, mas sim um estudo sistemático que vise a formação, em curto prazo, de orquestras infantil e juvenil em várias comunidades. “Essa é a contrapartida social que a OSP pode proporcionar à cidade”, comenta o maestro piracicabano Jamil Maluf, diretor artístico e regente titular da OSP.
"Nós podemos afirmar que esse projeto é de muita relevância para os nossos alunos, que têm a oportunidade de vivenciar também o estudo da música nessa iniciativa da OSP e que conta com a nossa parceria e também apoio da SemacTur. Sabemos que as crianças envolvidas em atividades educativas extracurriculares melhoram o desempenho escolar. É isso que esperamos, que além de absorver o ensino de qualidade que oferecemos, os nossos alunos também possam desenvolver seus dotes musicais nesse projeto que pode revelar grandes talentos", disse a secretária municipal de Educação, Angela Jorge Corrêa.
Violoncelista da OSP, o também piracicabano André Micheletti é um dos responsáveis pelo projeto. Para ele, a cidade dá um passo de vanguarda. “Em médio prazo, com a formação de pessoal gabaritado, Piracicaba terá jovens talentos despontando nos cenários estadual, nacional e internacional, como filhos de um projeto cultural educacional e de formação profissional”, diz ele, que é diretor artístico associado da OSP.
O responsável pelas aulas é Willian Rodrigues da Silva, instrumentista da OSP desde 2015 e que atua como professor de viola e violino no projeto Música Criança, na USP de Ribeirão Preto. Ele também é professor de violino no Colégio Porto Seguro, em São Paulo, e na Empem (Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernst Mahle).
O violinista Anderson Lacerda, que desenvolve ações em comunidades de alta vulnerabilidade social no Estado de São Paulo, faz a orientação pedagógica do projeto. Segundo ele, as aulas despertam motivação, autoestima, superação de limites, concentração e coordenação motora. “Para os estudantes, é a oportunidade de contato com o instrumento e a ampliação de repertório musical. Ao mesmo tempo, para a comunidade, é a forma de a OSP apresentar uma nova realidade, da qual pais, amigos e parentes se orgulhem de fazer parte na figura das crianças.”
COMO SURGIU – A fase embrionária do Pequena Grande Orquestra teve início em setembro do ano passado, quando aconteceu reunião com a SME, que definiu a EM Olívia Caprânico para início do projeto. A seguir foi realizada reunião com os pais dos alunos da escola para apresentação do projeto. Depois disso, as crianças matriculadas na unidade passaram pela primeira audição, em grupo. Assim que selecionados, os alunos seguiram com as aulas até novembro, quando, ao final do ano letivo, fizeram a primeira apresentação, na própria escola.
“Temos alunos escolhidos pelo talento e outros por problemas de disciplina. Eles começaram a realizar atividades conjuntas. O que colhemos, em tão pouco tempo, foi o desempenho contagiante de todas os envolvidos, em que demonstraram extremo interesse no aprendizado musical”, diz Willian Rodrigues.
Para que o trabalho dê resultado, Rodrigues diz que é imprescindível que toda a escola esteja engajada na iniciativa, assim como os pais. A prova disso é que as crianças passaram a frequentar, por iniciativa própria, os concertos mensais da Orquestra Sinfônica no Teatro do Engenho, acompanhados dos pais, parentes ou professores.
Na avaliação da diretora Simone Monteiro Ferreira, o projeto auxiliou o trabalho da escola e mostrou para a comunidade uma nova forma de pensar e ver o mundo. “Além de proporcionar a toda equipe escolar e aos pais o prazer de ver o brilho nos olhinhos de cada uma de nossas crianças ao segurar o instrumento”, avalia Simone. Para a diretora, os acordes que surgiram dos instrumentos “embalaram, encantaram e proporcionaram uma nova maneira de aprendizado aos alunos, enriquecendo a grande melodia chamada educação”.
Até o momento, a OSP conquistou 17 violinos para o projeto, adquiridos a partir de contribuições voluntárias dos músicos da OSP e de pessoas sensíveis à iniciativa, além de crianças cujas famílias adquiriram o instrumento. Assim, os alunos se revezam com o instrumento para estudo em casa. A meta é, até o final do ano, conquistar novos violinos para todos os integrantes, também por meio de doações.
Entidade de utilidade pública sem fins lucrativos, a OSP desenvolve mensalmente seus concertos no Teatro do Engenho, como também duas ações didático-pedagógicas, que já contemplaram 12 mil crianças da rede municipal de ensino, por meio dos projetos ABC do Dó, Ré, Mi e Música nas Escolas, ambos com retomada prevista ainda em abril, a partir de repasse de recursos provenientes de convênio entre a Secretaria Municipal de Educação e a OSP para que esses dois projetos sejam desenvolvidos.