O Dia Nacional da Consciência na próxima terça-feira (20), feriado em Piracicaba, será comemorado com sessão solene e apresentações culturais, organizado pela prefeitura, por intermédio da Secretaria de Ação Cultural, através do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra, em parceria com a Câmara de Vereadores de Piracicaba.A sessão solene acontecerá na Câmara de Vereadores, às 9 horas, onde serão homenageadas diversas pessoas com trabalho representativo junto à comunidade negra. A parte cultural terá como palco a Estação da Paulista, na Avenida Dr. Paulo de Moraes, 1580, a partir das 13 horas. Dentro da programação cultural haverá mostra de vídeos, com documentários temáticos sobre a cultura, educação e saúde; apresentações culturais com grupos vocais, cururu, capoeira angola, batuque, hip hop, roda de samba com Tkaçula, organizador do Projeto Rua do Samba, em São Paulo, Duda Ribeiro (a dama do samba paulista), Juca Ferreira e convidados, homenageando a cantora Zazá.Também acontecerão palestras sobre ações afirmativas, religiosidade afro-brasileira e história e cultura e a exposição com trabalhos referentes ao Dia Nacional da Consciência Negra, elaborados pelos alunos da rede Estadual de Ensino.O Teatro Municipal também está homenageando a cultura negra. Por intermédio do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra, estão afixados banners na entrada do Teatro fotos de diversas personalidades negras quer marcaram a história do negro no país, em diversas áreas, como Rui Barbosa, Clara Nunes, Castro Alves e José do Patrocínio.O presidente do Centro, Jurandir Silvestre, disse que o dia 20 é fundamental para a consciência negra, que pode relembrar um pouco da luta de Zumbi dos Palmares, que representou a resistência negra. “Graças a esta luta, os negros hoje podem participar mais ativamente luta pela preservação da memória afrodescendente”.Segundo Jurandir, Piracicaba desenvolve papel importante nesse cenário, por ter uma história de lutas e conquistas, que culminaram com avanços importantes, como o Centro de Documentação, o feriado do dia 20 de Novembro e as cotas para os concursos públicos. “É importante a continuidade da luta em busca de fatos que resgatam a importância da luta afrodescendente”.Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no BrasilVinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data – transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 – não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras. Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares. Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife. O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo. Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares. Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje. Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco. Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição. “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.