Trabalhadores do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) participaram na manhã de hoje, 1º/11, do seminário Egressos: pensando no processo de desligamento por maioridade nos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. O evento, realizado na Fumep (Fundação Municipal de Ensino) pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), contou com a participação do Instituto Fazendo História.
A abertura contou com a presença da secretária da Smads, Euclídia Fioravante e apresentação audiovisual com falas do juiz da Vara da Infância e Juventude, Rogério Di Pierre; da promotora de justiça, Milene Telezzi Habice e do defensor público Marcelo Dayrell.
Euclidia destacou a participação dos profissionais do SUAS e as experiências exitosas dos serviços de acolhimento, agradecendo a parceria com a Casa do Bom Menino e Lar Franciscano.
O tema do evento foi abordado por Natália Mano, coordenadora do Grupo Nós, do Instituto Fazendo História, mestre em Psicologia Social, com especializações nas áreas de Gestão em Saúde Mental e Intervenção Psicológica e Gestão Pública com ênfase no Sistema Único de Assistência Social. Possui experiência profissional na área social, mais especificamente com projetos sociais, formação e fortalecimento de vínculos, grupos socioeducativos, habitação de interesse social, movimentos sociais, profissionalização de jovens.
Natália conceituou o acolhimento institucional como medida de proteção contra violação de direitos, excepcional e provisória, que ocorre quando a criança ou adolescente é retirado do convívio familiar e fica sob a tutela do Estado, destacando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reconheceu os jovens como sujeitos de direito.
Ela refletiu sobre as experiências cotidianas que têm impacto na formação do ser humano, demonstrando dessa forma, os fatores comuns a crianças que passam longos períodos em ambiente institucional, como a instabilidade das relações de vínculos e privação de afetos, por conta da renovação de equipes, insegurança, fragilidade de identidade e autonomia, entre outros. “A massificação do cuidado na instituição, traz grandes impactos no desenvolvimento desse jovem. A instituição é muito mais que estar entre muitos. Ela reverbera na forma como a pessoa produz e reproduz a vida”.
A mestra em Psicologia pontuou ainda, que a rede de apoio é essencial para quando o jovem está em processo de desacolhimento. “Essa situação requer olhar, pensar, agir, se relacionar de uma maneira diferente de como acontecia quando estava na instituição, por isso o preparo e cuidado deve ser gradativo”, concluiu.
RESULTADOS – No encontro foram apresentados os resultados da pesquisa realizada com 12 egressos que passaram pelo desacolhimento por maioridade. Entre as respostas, foi identificado que a maioria tem entre 18 e 21 anos e possui escolaridade entre ensino médio completo e incompleto; 83,3% trabalha em empresa privada; a maioria foi acolhida entre 01 e 03 anos de idade; 83,3% foi acolhido junto aos irmãos; 75% entendia que a sua família também precisava de ajuda; 33,3% não estava preparado para deixar o serviço de acolhimento aos 18 anos; 41,7% acha necessário melhorar a preparação para o desacolhimento; entre outras.
“Este momento nos mostra a necessidade de refletirmos sobre novas estratégias para o enfrentamento das demandas apresentadas pelos egressos”, comentou Janaína Nunes, assistente social da superintendência da Proteção Social Especial da Smads.