Entrega oficial da obra concluída acontecerá na galeria da Administração do Parque do Engenho Central amanhã, dia 28/06

Com apoio cultural da Prefeitura de Piracicaba e da Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural), o livro Histórias que Nunca Contei, que apresenta relatos de vida de 13 reeducandas do Centro de Ressocialização “Carlos Sidnes de Souza Cantarelli”, de Piracicaba, será entregue oficialmente aos envolvidos no projeto amanhã, dia 28/06, às 19h, na galeria da Administração do Parque do Engenho Central.

“A idealização desse projeto é um exemplo de trabalho que busca auxiliar não só a ressocialização, de fato, dessas mulheres, como também o desenvolvimento pessoal de cada uma. Projetos como esse são enriquecedores; nos sentimos honrados em apoiá-lo. Além disso, todos os profissionais envolvidos, que puderam contribuir de uma forma ou outra para que essa iniciativa fosse concluída, merecem nosso reconhecimento”, disse a secretária municipal da Ação Cultural, Rosângela Camolese.

A obra, segundo a organizadora da empreitada, a professora, psicopedagoga e psicanalista Euridéia Ribeiro D'Assumpção, é a primeira do gênero trabalhado com textos que retratam a vida de mulheres presas. “Outros livros existem, mas de escrita individual e de detentos homens, geralmente ex-presidiários”, comentou.

As escritoras, 11 mulheres na faixa de 18 a 29 anos, e duas na faixa de 50 anos, estavam em regime semiaberto durante a elaboração do livro, realizada em outubro de 2015. Foram 30 dias de trabalho intenso, já que poderiam conquistar a liberdade a qualquer momento. Cada capítulo da obra retrata a história de vida das detentas, e cada história se dividiu nas seguintes temáticas: A Minha Infância; Minha Adolescência e Juventude; Minha Vida Adulta; Meus Dias de Hoje; e O que Espero do Mundo lá Fora?

“Antes de iniciarmos este trabalho tudo foi muito bem conversado, explicado e elas tiveram a oportunidade de optar por fazer ou não. Mesmo assim, não acreditavam que poderiam escrever um livro. No entanto, repletas de felicidade, só receberam seu exemplar no dia 16 de dezembro de 2015, dia de suas formaturas do ensino médio – EJA (Educação de Jovens e Adultos), pelo apoio que tiveram do juiz de direito, doutor Luiz Antonio Cunha, da Vara do Júri de Execuções Criminais de Piracicaba”, ressaltou Euridéia.

O projeto também teve como premissa desenvolver alunas leitoras e escritoras, atendendo orientações do Proemi – Programa do Ensino Médio Inovador, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. “Enquanto escreviam procuravam colocar o maior número de informações, as mais verdadeiras possíveis e cheias de emoções sobre suas realidades. Elas fizeram uma viagem por anos e anos de suas vidas, além de em psicanálise, uma magnífica psicoterapia breve. E mesmo sem terem consciência, ao reverem os fatos, os acontecimentos de suas vidas, puderam reavaliar seus próprios modos de pensar e agir”, destacou a organizadora do projeto.

A obra ainda procurou retratar a escrita fiel das detentas, fazendo uso de poucas correções para que as “características” de cada uma fossem evidenciadas.

Para Euridéia o mais gratificante durante a elaboração do livro foi sentir tantas jovens mulheres felizes com o que estavam produzindo. “Cada uma tem hoje a certeza que realmente são donas de seu tempo, construtoras do seu passado e inventoras do seu futuro, aprendendo a tornar realidade seus melhores sonhos”, concluiu.

ENVOLVIDOS – Todo o desenvolvimento da obra Histórias que Nunca Contei foi realizado pelas professoras de português/inglês Lucineide Virgínio Gomes da E.E. Dr. Alfredo Cardoso – escola responsável pelas classes do Centro de Ressocialização; e Milena Sabino Sleimann e Ana Paula Tamborim Nicoletti, professoras voluntárias. As profissionais responsáveis pelo aspecto psicossocial junto às alunas/escritoras foram Isabela dos Santos, estudante de psicologia e voluntária; Mara Sandra Braga Pizzol, psicóloga e voluntária e Euridéia Ribeiro D’ Assumpção, idealizadora do projeto, responsável também pela organização do livro e revisão final dos trabalhos.

Além da Prefeitura de Piracicaba e da Semac, apoiadores culturais, a iniciativa também contou com o suporte da diretora, vice-diretora e coordenadora da E.E. Dr. Alfredo Cardoso, Tânia Regina Gonçalves, Inês dos Santos Tanno e Maria Socorro da Silva Matos, respectivamente, esta última também coordenadora das professoras do Centro de Ressocialização; da diretora do Centro de Ressocialização, Celeste Maria Varella Abramonte; da juíza de direito Erika Christina de Lacerda Brandão, de Campinas; do juiz de direito Luiz Antônio Cunha, da Vara do Júri e Execuções Criminais de Piracicaba; e do diagramador André Gorga.

SERVIÇO – Entrega oficial do livro Histórias que Nunca Contei, que apresenta relatos de vida de 13 reeducandas do Centro de Ressocialização de Piracicaba. Dia 28/06, às 19h, na galeria da Administração do Parque do Engenho Central. Avenida Maurice Allain, 454, Engenho Central. Mais informações com Euridéia: (19) 99781-4060.