A supressão de nove árvores do Parque do Engenho Central, pela Secretaria de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), nesta semana, foi realizada após um planejamento e a avaliação/autorização de dois órgãos de preservação do patrimônio: o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac), que é municipal, e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Corte de tipuana: árvore colocava em risco o patrimônio e a população no Engenho Central

A decisão de cortar 8 tipuanas e 1 figueira levou em consideração possíveis riscos de queda sobre os prédios tombados que integram o complexo histórico e a segurança de visitantes do Engenho Central.

Uma árvore só é suprimida quando tem problemas fitossanitários ou quando interfere em fios da rede elétrica, tubulações ou oferece riscos a edificações e à população, observa o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente, José Otávio Menten.

“A gente sempre se preocupa com uma cidade arborizada, tanto que Piracicaba possui cerca de 530 mil árvores somente na área urbana. O nosso foco é preservar e valorizar a arborização, tanto que metade dos pedidos de corte de árvores são indeferidos”, frisa Menten.

Segundo Marcelo Cachioni, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) e membro do Codepac, as ações de corte e poda de algumas espécies do Parque do Engenho Central estão sendo discutidas de maneira intensificada há, no mínimo, seis anos pela Sedema e pelo Codepac.

A retirada das árvores foi uma ação solicitada pelo Codepac, autorizada pelo Condephaat e atendida pela Sedema. “As ações não foram aleatórias, foram planejadas e devidamente aprovadas nos dois órgãos, com participação do poder público e da sociedade civil, no caso representada pelos membros dos dois conselhos”, observa Cachioni.

“Os cortes dessas árvores foram necessários por questões de preservação do patrimônio histórico edificado do Engenho Central. E também pela segurança do público que frequenta o parque, dos funcionários que trabalham aqui e dos veículos”, declara Cachioni.

O diretor do Departamento Histórico do Ipplap lembra que em maio do ano passado um vendaval causou a queda de árvores que tinham “inclinação perigosa”. “Tivemos duas quedas que danificaram dois prédios que armazenavam material de arquivo histórico importante. Material este que correu risco nessas quedas. Nos últimos anos, a gente já soma alguns edifícios danificados por quedas de árvores”, diz.

REUNIÃO – Na manhã desta sexta-feira (27), houve uma reunião entre o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente, José Otávio Menten, o engenheiro agrônomo Denis Schiavinato, o administrador Parque do Engenho Central, Dermival da Silva, o vice-presidente do Codepac, Rogério Mendes de Campos, e um representante da sociedade civil que registrou o corte das árvores em um vídeo – material que foi postado nas mídias sociais como forma de denúncia.

No encontro, o secretário Menten destacou as legislações que regem o corte/supressão de árvores, listou os programas de plantio da Sedema (como o Plante Vida, Missão Verde Oliva, Plante Esperança e Seu bairro Mais Verde) e salientou que não haverá prejuízo arbóreo na região onde as árvores foram retiradas.

“Essas árvores serão substituídas por outras espécies mais adequadas. A figueira tinha problemas fitossanitários, enquanto que as 8 tipuanas foram plantadas há muito tempo perto dos prédios, e isso não é o ideal. O importante é termos a árvore certa no lugar certo”, diz Menten.