A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e do Programa de Hanseníase de Piracicaba, vinculado ao Centro de Doenças Infectocontagiosas, realiza a Campanha Anual de Combate à Hanseníase (Janeiro Roxo) até 31/01, sendo o Dia Mundial lembrado no último domingo do mês, 26/01.
Desde 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e a cor roxa para a conscientização sobre a hanseníase, por meio de campanhas educativas sobre a doença, a qual ainda é vista com preconceito e desinformação.
Entre as ações que serão realizadas em Piracicaba está a capacitação, no dia 13/01, a partir das 13h30, na Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (Fumep), para profissionais da área da saúde da Atenção Primária (APS), ministrada pela médica Elisa Nunes Secamilli, abordando o papel da equipe multiprofissional na busca ativa e diagnóstico precoce da hanseníase na APS. Além disso, todas as 75 unidades básicas de Saúde realizarão a busca ativa de novos casos e orientações relacionadas à doença para a comunidade.
Poliana Ribeiro de Andrade Garcia, enfermeira Interlocutora do Programa Municipal de Tuberculose e Hanseníase, explica que o município de Piracicaba, por meio da Secretaria de Saúde, entra nesta luta com o mesmo objetivo, que é reduzir o número de casos, buscar o diagnóstico precoce, prevenir novas incapacidades e combater o estigma. “Embora o número de casos novos registrados no nosso município pareça pequeno (8 em 2021, 6 em 2022, 10 em 2023 e 24 em 2024), se comparado ao número total de casos registrados no país a cada ano, verificamos que segue tendência bastante parecida, porém com um agravante: mais de 95% dos casos foram diagnosticados tardiamente, apresentando formas mais graves da doença e, em 60% deles, com algum grau de incapacidade instalada”, destacou.
A enfermeira ressalta ainda que em 2024, o município apresentou grandes avanços na busca ativa de casos novos, como mostra pelo aumento de diagnósticos. Isto foi possível devido ao empenho da atenção básica na busca ativa de novos pacientes com suspeita da doença, além da avaliação de contatos realizadas pelo Centro de Doenças Infectocontagiosas, onde foram diagnosticados vários casos novos e ainda no início da doença, sem incapacidade instalada. Outra estratégia implementada pelo serviço foi a visita domiciliar aos contatos faltosos que não compareceram ao Centro de Doenças Infectocontagiosas. A associação dessas três ações colaborou para o aumento de diagnósticos no município”, destacou Poliana Garcia.
A DOENÇA – A hanseníase é das enfermidades mais antigas conhecidas pela humanidade, classificada como doença negligenciada e permanece como um importante problema de Saúde Pública no século 21. No mundo, em 2022, foram registrados 174.087 casos novos de hanseníase. A Índia é o país com o maior número de casos no mundo, sendo responsável por 60% dos novos casos globais anualmente. O Brasil permanece em segundo lugar no ranking mundial em número de casos novos, o que o classifica como um país prioritário para hanseníase pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com os dados do Ministério da Saúde, foram registrados 19.635 casos novos de hanseníase no Brasil, em todas as faixas etárias, no período de janeiro de 2022 a janeiro de 2023.
A hanseníase é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen e afeta principalmente pele (presença de lesões) e nervos periféricos (com alteração de sensibilidade ou espessamento neural com alteração de sensibilidade). A transmissão ocorre através das vias aéreas superiores, por contato com gotículas de saliva ou secreção nasal e se dá por meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente que não esteja em tratamento (iniciado o tratamento, não é mais transmitida). Os primeiros sintomas podem levar de 2 a 7 anos para aparecerem. Portanto, trata-se de uma doença crônica de evolução lenta.
A doença pode causar incapacidades físicas e perda funcional, especialmente nas mãos, pés e olhos, que pode ser muito grave em casos com diagnóstico tardio, afetando atividades diárias da vida do paciente, como escovar dentes, segurar uma colher, pentear cabelo, entre outras.
A vacinação com BCG (de acordo com calendário vacinal), vacinação de contatos, diagnóstico e tratamento precoce são as principais formas de prevenção para novas infecções pela Hanseníase.
SINAIS E SINTOMAS – Os sinais de suspeição da hanseníase são manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa; áreas com diminuição dos pelos e do suor; fisgadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; diminuição da sensibilidade e da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos.
DIAGNÓSTICO – O diagnóstico da Hanseníase é clínico realizado por meio do exame geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras e autonômicas. A suspeição é feita pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), na Atenção Primária, o paciente é encaminhado ao Centro de Doenças Infectocontagiosas) onde será confirmado ou não, o diagnóstico.
TRATAMENTO – O SUS disponibiliza o tratamento medicamentoso e o acompanhamento da doença é realizado no Centro de Doenças Infectocontagiosas. Os medicamentos são seguros e eficazes. Ainda no início do tratamento a doença deixa de ser transmitida. No tratamento são utilizados três medicamentos denominado Poliquimioterapia Única (PQT-U) e está disponível de forma gratuita e exclusiva no SUS. É importante lembrar que na Hanseníase, quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, maior será a possibilidade de cura e regeneração neural, evitando as sequelas da doença.