Diversos espaços importantes da cidade foram visitados nesta semana por cerca de 60 professores da Rede Estadual de Ensino durante o roteiro turístico gratuito denominado Caminhos Quilombolas – Mapa Afrocultural de Piracicaba. A atividade, promovida pelo Sesc em parceria com a Diretoria de Ensino, teve como intuito destacar locais de representatividade e resistência negra no município ao longo da história, desde o período escravista. O roteiro foi conduzido pela jornalista e guia de turismo Sabrina Franzol e pelo educador Nicolas Ferraz, integrante do Coletivo Resistir Sempre, que luta pelo fim do racismo.
Professores passaram pelo Largo São Benedito e Igreja de São Benedito durante roteiro
Os docentes puderam participar do roteiro em versão reduzida (o trajeto completo é formado por 19 espaços), portanto, passaram pelos locais situados na região central do município. Depois de saírem do Sesc, foram levados para a Sociedade Beneficente 13 de Maio, que foi fundada há mais de 120 anos, e na sequência deslocaram-se para o chamado Largo da Forca, onde hoje é a Praça Antônio de Pádua Dutra, no recorte da rua Moraes Barros, avenida Armando de Salles Oliveira e rua XV de Novembro; para o Pelourinho, nas proximidades do atual coreto na Praça José Bonifácio; para o Largo São Benedito/Igreja de São Benedito, santo que substituiu Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos na devoção dos negros, e, para finalização, no antigo Cemitério dos Escravos, onde hoje está a Escola Estadual Moraes Barros, na rua Alferes José Caetano, nº 600.
“Meu sonho desde a faculdade era morar e lecionar em Piracicaba. Sou da capital paulista e mudei-me para a região em 2006 e pouco sabia da história da cidade e esse pouco não incluía índios e negros, mas, sim, as famílias dominantes, possivelmente antigos colonizadores, barões do café, portanto, participar deste roteiro ressignificou meu olhar e ao mesmo tempo me apaixonei mais pela cidade. Deu um novo sentido nas caminhadas pelas ruas do município”, falou a professora Renata Gregolim, que participou do roteiro.
Escola Estadual Moraes Barros foi local do antigo cemitério dos escravos e também integra trajeto
De acordo com o docente Samuel Zanatta, professor especialista de Currículo (PEC) na Diretoria de Ensino de Piracicaba, que também percorreu o trajeto, estar com professores e coordenadores no Caminhos Quilombolas contribui para a construção de uma Educação pautada na lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que trata da obrigatoriedade da inclusão no currículo oficial da rede de ensino da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. “Esse tipo de atividade é uma forma de dar ferramentas para que alunos tenham a oportunidade de conhecer, debater e refletir sobre a história da cidade em que habitam”, falou ele, fazendo referência aos professores como multiplicadores do saber.
Zanatta comentou, ainda, que essa atividade integra a retomada da parceria do Sesc com a Diretoria de Ensino nas formações para os docentes com o intuito de abordar três atividades para o ano letivo de 2023, sendo uma exposição sobre o universo indígena, um mapa indígena e o roteiro Caminhos Quilombolas.
Segundo a equipe de operação de turismo do Sesc Piracicaba, o roteiro Caminhos Quilombolas – Mapa Afrocultural de Piracicaba será oferecido ao público ainda no primeiro trimestre de 2023