Como forma de oferecer atendimento a pacientes com urgência relativa internados nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do município, o Anexo à UPA Piracicamirim Dr. Fortunato Losso Netto desenvolve projeto de busca ativa de pacientes que precisam de mais atenção e que não necessitam, inicialmente, ser encaminhados a hospitais. A Prefeitura de Piracicaba planejou o local para atender pacientes da Covid-19, mas, com a melhora dos índices da pandemia, o Anexo tem contribuído para desafogar os hospitais de grande porte, que agora focam em atender a demanda reprimida de outras doenças devido à pandemia.

Coordenadora do projeto, a médica Flávia de Sá Molina explica que os pacientes com urgência relativa são aqueles que precisam de tratamento com antibióticos na veia, exames de imagem, entre outros, mas que não necessitam de um hospital terciário (de grande porte). “Buscamos nas nossas UPAs, com base nos critérios do projeto, esses pacientes, que não são de Covid-19, os acolhemos e tratamos para evitar internação em hospital terciário”, explica a médica.

Conforme lembra o secretário municipal de Saúde, Filemon Silvano, pela pandemia a rede de saúde está com grande demanda reprimida daqueles pacientes que em 2020, por exemplo, tinham casos leves de outras doenças, mas que, devido a não procurar ajuda durante esse mais de um ano e meio, tornaram casos graves que podem precisar de internação hospitalar. “Assim o projeto no Anexo também auxilia os hospitais a terem essas vagas disponíveis”, comenta Filemon.

Equipe do Anexo desenvolve projeto de busca ativa de pacientes nas UPAs | Foto: Justino Lucente/CCS

“Nossa intenção com o Anexo à UPA Piracicamirim sempre foi oferecer à população estrutura de ótima qualidade que permanecesse no município, além da Covid-19. Neste momento, com a baixa de internações pela Covid-19, não precisamos usar o local com esta finalidade, e esperamos não precisar jamais. Então já estamos proporcionando que essa estrutura fortaleça nossa rede de saúde”, afirma o prefeito Luciano Almeida.

De acordo com balanço do funcionamento do primeiro mês do Anexo à UPA Piracicamirim, em outubro, 98 pacientes foram internados no local, com média de três dias de internação. Desses, 51 deles estavam em UPAs, aguardando transferência para hospital. “No Anexo disponibilizamos a eles estrutura física de internação nova, além de equipe de fisioterapia que nas UPAs não têm”, complementa Flávia. A unidade tem 42 leitos de enfermaria para pacientes SUS (Sistema Único de Saúde).

Atendimentos no Anexo à UPA Piracicamirim começaram em outubro | Foto: José Justino Lucente/CCS

HUMANIZAÇÃO – A coordenadora de enfermagem Dayane Fernanda dos Reis Silveira conta que a humanização no atendimento dos pacientes também é um dos pilares do projeto desenvolvido no Anexo à UPA Piracicamirim. Quando um paciente é transferido para o local, antes de sua chegada a equipe já realiza pesquisa do seu histórico de atendimento na Atenção Básica e de outras internações. O trabalho de apoio também se estende às famílias, que são ouvidas e orientadas logo que o paciente chega na unidade. Nesse momento a família também oferece mais dados aos profissionais da saúde, como as últimas queixas do paciente, se ele tem alergias e os medicamentos que já toma.

“Os familiares são atendidos também pela nossa assistente social, que mantém contato com eles via whatsapp, fazendo com que fiquem tranquilos de que o paciente está bem assistido na unidade”, explica Dayane, que pontua ainda que as famílias têm a oportunidade, caso necessitem, de não ficar acompanhando o paciente durante a internação. “Dependendo do histórico do paciente, algumas famílias podem estar bastante cansadas”, complementa a coordenadora de enfermagem.

Edna Proença está acompanhando o pai, Carlindo Ferreira Bueno, 81 | Foto: José Justino Lucente/CCS

Edna Aparecida de Mattos Bueno Proença, 55 anos, está acompanhando o pai, Carlindo Ferreira Bueno, 81 anos, internado no Anexo por conta da pneumonia que precisa tratar, e aprovou o projeto. Seu Carlindo estava internado na UPA Vila Cristina quando foi transferido para o Anexo. “Graças a Deus foi muito bom ele vir para cá. Ele chegou meio apagadinho, mas hoje cheguei e vi ele mais alegre. A equipe é excelente, as enfermeiras, cada hora, vêm e olham como ele está. Não só para ele, mas para todos os pacientes aqui”, conta Edna.

Já Luiz Tavella, 70 anos, foi transferido para o Anexo quando estava internado na UPA Vila Rezende. Ele conta que foi diagnosticado com infecção e que o atendimento no local está “muito bom”. Sua esposa, Ivonete Araújo Barros, 61 anos, concorda. Segundo ela, quando Luís precisou ser internado, o filho tinha contado que desejava que o pai fosse transferido para o Anexo, pois já tinha ouvido falar bem do atendimento. “Todos os funcionários são super educados e atenciosos, os médicos procuram conversar com a gente para que a gente pergunte também”, compara Ivonete.

Luiz Tavella está internado e recebe visia da esposa Ivonete Barros | Foto: Justino Lucente/CCS

Também na alta dos pacientes, toda a atenção da equipe é focada para a continuidade do seu tratamento na rede básica de saúde, a chamada alta responsável. Sendo assim, ao levar o paciente para casa, a família é orientada a entregar o relatório de alta à unidade básica de saúde de referência. Aqueles pacientes que não eram acompanhados pela atenção básica também são encaminhados para as unidades. “A equipe do anexo também liga para a unidade de saúde e passa o caso e quais os cuidados o paciente vai requerer. Por exemplo, um paciente que saia com sonda vai precisar de mais cuidado pela atenção básica, então assim que ele deixa o Anexo nós já ligamos para a equipe da unidade”, conta a coordenadora de enfermagem.

Todos os pacientes que necessitarem de acompanhamento com especialista também têm alta do Anexo já com a consulta agendada e a unidade de saúde também é comunicada sobre esse acompanhamento.

“Nosso objetivo é que esse modelo de atendimento focado na humanização seja levado para outras unidades da rede municipal de Saúde”, conclui o secretário Filemon Silvano.