A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria de Saúde, participa da 2ª Semana Estadual de Enfrentamento ao Escorpionismo, que começa hoje, 28/08, e segue até sexta-feira, 01/09, trazendo como tema Com Escorpião não se Brinca: Prevenção de Acidentes e Socorro Rápido à Criança. A atividade é idealizada pelo Governo do Estado de São Paulo e todos os municípios paulistas foram convidados a participar e intensificar ações que visam divulgar amplamente o tema, com o intuito de mobilizar a sociedade para ações de prevenção de acidentes e conhecimentos em relação ao socorro, principalmente, em casos que envolvem crianças.
Conforme explica o secretário de Saúde, Douglas Koga, durante a semana haverá intensificação das orientações pelas equipes da Vigilância Epidemiológica, Departamento de Sinantrópicos do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e do Departamento de Atenção Básica (DAB) quanto à prevenção do acidente por escorpião e atendimento das pessoas que sofreram acidentes com escorpião. “Vamos entregar material educativo nas salas de puericultura em todas as Unidades de Atenção Básica. Os agentes comunitários de saúde vão passar nas residências com crianças menores de 12 anos e fazer as devidas orientações, além de irem nas escolas. Cabe ressaltar que as equipes e profissionais de saúde vão participar de capacitação online oferecida pela Secretaria de Estado da Saúde com o tema Conscientização e Prevenção dos acidentes por escorpião”, destacou.
O secretário reforça que em caso de acidente (picada) com escorpiões, a orientação é procurar atendimento médico, imediatamente, em um pronto-socorro mais próximo do local da ocorrência. “No caso de crianças até 10 anos de idade, devem ser encaminhados diretamente à Santa Casa de Piracicaba ou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Cristina, que são referência na cidade neste tipo ocorrência”, completa.
Segundo dados da Vigilância Epidemiológica (VE) de Piracicaba, de janeiro até 24/08 deste ano, foram registradas 742 ocorrências de picada de escorpiões na cidade, com um óbito. No mesmo período de 2022 foram registrados 841 acidentes, sem óbito.
AÇÕES – Na manhã desta segunda-feira, 28/08, equipes de Saúde saíram pelas ruas da cidade fazendo ações orientativas sobre escorpião. Na região do PSF Eldorado II/Terra Rica, as agentes comunitárias de saúde foram as casas orientar a população e entregar material educativo com apoio de quatro estudantes da Faculdade de Medicina Anhembi-Morumbi.
Para Roselene Maria da Silva, auxiliar de limpeza, receber a equipe do postinho do bairro é sempre muito importante. “É uma situação de prevenção e de atenção. Com essas informações e com o reforço da necessidade da prevenção de acidentes com o escorpião, me sinto mais segura. Aqui em casa já apareceram escorpiões e as orientações foram importantes para evitar acidente. Aqui mantemos os ralos tampados, sacudimos as roupas e calçados antes de usar para não correr riscos, são coisas simples e que podem evitar problemas maiores”, destacou.
O bombeiro aposentado Roberto Pisani também recebeu a equipe em sua casa. “Os agentes de saúde da Prefeitura estão sempre aqui nos orientando sobre diversos assuntos. Agora com este material que recebemos podemos nos informar melhor e evitar problemas. Já vi alguns escorpiões em casa, mas é por causa dos terrenos que têm na rua e os donos não limpam. Já morei perto do rio Piracicaba e, na época de alagamento, de chuvas intensas, os escorpiões apareciam aos montes, era muito perigoso, mas nunca tivemos problemas. Esperamos que todos fiquem atentos, já que no verão o aparecimento destes peçonhentos aumenta e o risco fica maior, porém, se tomarmos em casa os devidos cuidados, será muito difícil ocorrer um acidente”, completou.
PIRACICABA – Conforme explica a bióloga e responsável pelo setor de sinantrópicos do CCZ, Regina Lex Engel, Piracicaba é, naturalmente, endêmica para ocorrência natural de escorpiões devido a sua geografia, condições hidrográficas, geológicas, climáticas e ambientais. “Os escorpiões se adaptaram a utilizar a rede de esgoto como ambiente ideal para viver. Ali há fartura de alimento (baratas e outras pragas), condições ideais de umidade e temperatura e onde não há predadores para eles. Assim, vivem perfeitamente nesses locais, onde se abrigam, se reproduzem, se locomovem, e por onde têm acesso ao interior dos imóveis através dos ralos e sistemas de esgoto da cidade”, explica.
A Secretaria de Saúde reforça que todo trabalho do CCZ com relação aos escorpiões é feito baseado nos protocolos do Instituto Butantan (SP), que preconizam a prevenção, por meio do controle físico do ambiente. Dessa maneira, a orientação é que quintais, jardins, terrenos e áreas verdes ou áreas naturais de ocorrência de animais peçonhentos devem ser mantidos constantemente limpos, sem mato alto, lixo ou entulho, já que os escorpiões se abrigam nessas vegetações ou materiais, podendo invadir as residências próximas, ocasionando acidentes.
A bióloga do CCZ lembra que, além da prevenção externa, é preciso se atentar aos cuidados dentro da residência, mantendo bem fechados todos os ralos internos e externos ao imóvel, com grelhas do tipo abre/fecha ou telas de nylon sob as grelhas de escoamento de água de chuva; deve-se vedar as soleiras das portas; conservar o quintal, jardim, despensas, garagens e porões sempre limpos, com mato sempre cortado, evitando acumular materiais nesses locais.
“Também é importante manter o material de construção, madeiras e garrafas empilhados longe do chão, da parede e do teto, e em local bem arejado, promovendo sempre a mudança de local desses materiais; fechar todas as frestas existentes nas paredes ou pisos da residência. Além disso, é importante sacudir roupas, toalhas e calçados antes de usar, não deixar camas e berços encostados na parede”, enfatiza Regina.
CONTROLE – Os aracnídeos, em geral, são muito resistentes aos produtos químicos, mas os escorpiões, em especial, possuem mecanismos quimiorreceptores que captam moléculas no ambiente. Assim, o uso de inseticida, além de não conseguir fazer um controle da população desses animais em um ambiente, promove o desalojamento de seus abrigos, fazendo com que eles procurem locais fora dele, favorecendo a maior ocorrência de acidentes ou agravos com pessoas ou animais.
É importante lembrar que a Prefeitura mantém o trabalho de desinsetização para controle de baratas nos bueiros das ruas e avenidas do município, sendo um meio eficaz para o controle de escorpiões, pois elimina a principal fonte de alimento desses animais no ambiente urbano. “As ações educativas também são constantes com a realização de palestras a respeito da biologia e controle de escorpiões em escolas públicas municipais e estaduais, além das particulares do município, bem como em empresas e demais instituições que nos solicitam”, informa Regina.
ESCORPIÕES – Existem duas espécies de escorpiões que ocorrem em Piracicaba, sendo o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e o marrom (Tityus bahiensis). O escorpião amarelo é o mais prevalente, tanto em população, quanto em ocorrência de acidentes e com maior agravo, já que possui veneno mais potente, além disso, é animal partenogenético, existindo somente fêmeas, as quais se reproduzem assexuadamente, sem a necessidade de parceiro, com o desenvolvimento do embrião a partir de um óvulo não fecundado. Com menos frequência, o escorpião marrom produz acidentes com menor gravidade; são animais com dimorfismo sexual (existindo macho e fêmea), com reprodução sexuada.
CCZ – Outras informações e orientações sobre prevenção, educação e orientação sobre animais peçonhentos deve ser buscadas pelo SIP 156 e, caso seja necessário, equipe do CCZ agendará uma visita ao local. Além disso, o CCZ também pode ser acionado por meio do telefone (19) 3427-2400. Em casos de acidentes, a pessoa deve ser levada a UPA Vila Cristina que fica à rua Dona Anésia, 950, bairro Jaraguá; ou no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba que fica à avenida Independência, 953, no bairro Alto.