Prefeitura oferece curso gratuito de português para haitianos
A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal do Trabalho e Renda (Semtre) e Convênio de Cooperação Técnica com a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), oferecerá curso gratuito de língua portuguesa para 18 haitianos que residem em Piracicaba. O objetivo é promover a cidadania, a inclusão social e o cumprimento dos direitos humanos. É estimado que vivem no município cerca de 54 haitianos. Eles buscaram oportunidades em outros países depois que, em 2010, um terremoto devastou o Haiti, matando cerca de 300 mil pessoas.
Kesner Celiantus e Friencette Gaspard estão matriculados no curso
A aula inaugural com a entrega de kits aos alunos aconteceu na noite desta segunda-feira, 23/05, no Anfiteatro da Semtre e contou com as presenças do prefeito Gabriel Ferrato, do secretário municipal de Trabalho e Renda, Carlos Beltrame, do coordenador de Extensão e Assuntos Comunitários e Coordenador do CAPACIT (Centro de Capacitação Profissional da Unimep), Josué Adam Lazier, do assessor de Relações Internacionais da Unimep, Marcelo da Silva Leite, professores e alunos.
Gabriel Ferrato entregou kits aos estudantes
O curso terá duração de dois anos, com encontros semanais às segundas-feiras, das 19h às 21h. A Semtre fornecerá vale-transporte e lanche. As aulas são ministradas pelas professoras Clarissa de Godoy Zaia e Larisa da Silva Grosso, que frequentam o curso de relações internacionais da Unimep.
Além da teoria da gramática o curso abordará educação e leis trabalhistas e outros assuntos que possam introduzi-los na cultura brasileira. Os haitianos têm como primeira língua o crioulo. Alguns falam o espanhol, francês e inglês, mas apontam que enfrentam dificuldade quando se trata do português.
Ferrato disse que é gratificante para o município poder acolher os haitianos e promover a cidadania e inclusão e contribuir para que eles possam romper com as dificuldades decorrentes do idioma. “Eles têm real noção do tamanho da oportunidade que estão tendo. Foi um ato de muita coragem deixar tudo no Haiti para vir ao Brasil em busca de trabalho e melhores condições de vida. Precisamos acolhê-los da melhor forma possível”, disse Ferrato.
O secretário Carlos Beltrame explicou que os haitianos encontram obstáculos para se comunicar, por exemplo, no momento de uma entrevista para emprego. “Sensível a esta questão propomos ao prefeito Gabriel Ferrato um curso preparatório para beneficiar esse público e fomos prontamente atendidos. É o governo municipal garantindo a cidadania a esse povo que carrega histórias tão sofridas”, disse.
O assessor de Relações Internacionais da Unimep, Marcelo da Silva Leite, avaliou que a parceria com a Semtre é positiva e mostra a sintonia entre as duas instituições com temas que são discutidos pela comunidade internacional. “Essa parceria e ação desenvolvidas demonstram que as duas instituições olham para além do limite local e enxergam o mundo, pensando numa perspectiva de como podemos ser agentes de transformação com os temas políticos, sociais e econômicos da agenda global”, observa.
OPORTUNIDADE – Há dois anos no Brasil, Friencette Gaspard, 32 anos, casada, mãe de quatro filhos, fala sobre a dificuldade que tem para conseguir emprego por não dominar a língua portuguesa. “Estou há dois anos no Brasil com meu esposo e quero trazer os meus filhos, mas preciso arrumar um emprego e tenho dificuldade, pois toda vez que vou participar de um processo seletivo, fico quieta por não entender o que estão pedindo, com isso acabo sendo desclassificada. Tenho expectativa de que com esse curso as oportunidades irão melhorar”, explica.
O haitiano Kesner Celiantus, 24 anos, fala inglês, francês e espanhol, o que facilitou sua entrada no mercado de trabalho há dois anos, em Santa Catarina, onde trabalhou na área do turismo. Há dois meses em Piracicaba, tem sentido a diferença na comunicação. “O curso de português será muito importante nessa busca”, disse.