Preocupada com a elevação do índice de sobrepeso entre as crianças de 0 a 5 anos, as secretarias municipais de Saúde e de Educação lançam amanhã (1.º), às 9 horas, no Anfiteatro do Centro Cívico, o projeto “Piracicaba com saúde: É hora de comer melhor!” O projeto foi apresentado nesta semana à imprensa, durante entrevista coletiva na manhã da última segunda-feira (29).
O trabalho de prevenção vai atender as crianças matriculadas nas escolas municipais de Educação Infantil (EMEI) e será desenvolvido pelas secretarias de Saúde, Educação e de Desenvolvimento Social. Na primeira fase serão atendidas crianças da região Norte, onde foi identificado, a partir de levantamentos realizados desde 2004, o maior índice de sobrepeso.
Na sequência, a equipe que coordena o projeto irá para a região Oeste. A expectativa é de que todas as escolas de Educação Infantil do município e as mais de 14 mil crianças matriculadas na Rede Municipal sejam atingidas até o final de 2.012, por meio do trabalho de equipes multidisciplinares capazes de manter estruturas de monitoramento e orientação nas escolas.
A capacitação dos professores da rede vem sendo feita desde julho. Haverá também um material informativo e de divulgação do projeto para chegar às famílias. De acordo com a nutricionista Márcia Juliana Cardoso, da Coordenadoria de Programa de Alimentação e Nutrição (CPAN), ligada à Secretaria da Saúde, “é em casa que a situação está mais crítica, porque nas escolas municipais a alimentação é criteriosamente balanceada”.
Para garantir a abrangência da proposta, o projeto contará com a participação das Unidades Básicas (UBS) e do Programa de Saúde da Família (PSF), portas de acesso da população ao SUS, além dos Centros de Referência da Ação Social (CRAS). As atividades terão apoio técnico da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), além da colaboração de várias entidades sociais, como a Pastoral da Criança.
Para o secretário municipal de Educação, Gabriel Ferrato, “trata-se de um exemplo prático de como trabalhar a intersetorialidade no campo das políticas públicas, essencial para que colhamos melhores resultados do que a atuação individual de cada órgão público, pois as questões sociais e comportamentais têm múltipla determinação”.
Ferrato destaca, ainda, que “nossa merenda escolar é reconhecida como perfeitamente adequada, equilibrada e saudável, mas o problema da má alimentação está no comportamento extramuro, nas famílias que não acompanham os hábitos utilizados e ensinados nas escolas de seus filhos. Portanto, além de reforçar o trabalho com os professores e as crianças, o projeto pretende atingir as famílias, e é aí que reside a sua maior importância”.
De acordo com o secretário de Saúde, Fernando Cárdenas, a obesidade não é mais apenas uma questão estética. O excesso de peso pode provocar vários problemas de saúde como diabetes, cardiopatias e má formação do esqueleto. “Essa realidade só pode ser revertida com um trabalho intenso de reeducação alimentar, acompanhamento psicológico e exercícios, uma vez que o ganho de peso se dá, na maioria dos casos, devido a hábitos alimentares errados, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar, entre outros”.
Cárdenas destacou também que a proposta é fortalecer esse trabalho para que ele ganhe a dimensão do Pacto Contra a Mortalidade Infantil, que deixou a cidade com índices aceitáveis. “Queremos toda a sociedade envolvida nessa luta, para que a qualidade de vida em Piracicaba se torne uma referência nacional”.
Segundo a enfermeira Sandra Vidal, que trabalhou na elaboração da proposta, “crianças que já apresentam sobrepeso serão encaminhadas às unidades perto de sua residência para atendimento e, se houver necessidade, irão para os serviços especializados. O objetivo não é trabalhar com as crianças obesas, e sim, com aquelas que estão no peso adequado e as que atingiram o sobrepeso. Trata-se de um trabalho preventivo. No caso das crianças obesas, cujas famílias se conscientizarem da realidade e quiserem um tratamento adequado, serão encaminhadas a médicos especialistas do SUS”, garantiu.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 30% da população brasileira apresenta níveis elevados de colesterol, sendo que 17% das crianças estão com sobrepeso, o que é um dos indícios de que o colesterol pode estar elevado. Apesar do colesterol ser uma substância necessária ao organismo, seu excesso forma placas de gordura que podem “entupir” as artérias e dificultar a passagem do sangue. Esse entupimento, chamado aterosclerose, pode levar ao infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).