As macrófitas são plantas aquáticas que cobrem a superfície do lago diminuindo a luz, o que diminui a biodiversidade A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), iniciou hoje, 29/06, uma ação de limpeza no Lago Marcelo, na Estação Experimental de Tupi. O objetivo é retirar parte das macrófitas, plantas aquáticas que cobrem a superfície do lago e diminuem a incidência de luz, o que, consequentemente, diminui a biodiversidade.

A força-tarefa de limpeza conta ainda com a organização da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), além do apoio da Secretaria Municipal de Obras (Semob) e Defesa Civil, que cederam máquina, barco e equipe para os trabalhos. A expectativa é que a ação seja concluída em até quatro dias. Força-tarefa da limpeza do Lago Marcelo conta com apoio da Sedema, Semob e Defesa Civil

A solicitação da limpeza foi feita pela Sedema em janeiro deste ano, por meio de ofício enviado ao Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sima), que, em conjunto com a Prefeitura, administra o espaço.

“Notamos uma proliferação das macrófitas, dos gêneros Salvínia e Elódea, de forma anormal a partir de outubro de 2021. Com a grande quantidade de chuvas somadas ao calor intenso, em questão de dois meses todo o espelho d’água do Lago Marcelo acabou tomado pelas plantas. Então a Sedema viu a necessidade de contatar o IPA, solicitando apoio para identificar as possíveis causas, bem como propor uma solução definitiva para o controle das macrófitas”, comenta Giovanni Batista Campos, analista ambiental da Sedema e membro do Comitê Gestor do Horto de Tupi.

Após parecer técnico do Núcleo de Conservação da Biodiversidade do IPA, assinado pela pesquisadora científica Denise de Campos Bicudo, concluiu-se que o Lago Marcelo, de fato, apresenta proliferação de plantas aquáticas livres-flutuantes e que a solução mais indicada é a remoção mecânica e parcial das plantas – parte do lago deve ainda permanecer coberta, com as plantas confinadas em um determinado espaço do lago.

A remoção das macrófitas deve ser parcial porque essas plantas também exercem função essencial para ambientes aquáticos. “Se as plantas forem removidas completamente, ocorre o que chamamos de eutrofização, que é quando cianobactérias, que são microalgas, tomam conta do espaço aquático, estimuladas pelo aumento de nutrientes na água. Sendo assim, as macrófitas, quando controladas, conseguem impedir a eutrofização de ocorrer”, salienta Campos.

A causa provável dessa proliferação das macrófitas, de acordo com o parecer, seria a contaminação difusa por meio da área de drenagem (carreamento de nutrientes provenientes das culturas existentes ao redor do Horto de Tupi). Após toda a análise, a professora de Manejo de Áreas Naturais Protegidas, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP, Teresa Cristina Magro Lindenkamp, desenvolveu com alunos da Escola Superior, barreiras de contenção feitas com cordas e flutuadores (espaguetes de piscina). Barreiras de contenção foram criadas por alunos da Esalq a fim de conter o avanço das plantas aquáticas no Lago Marcelo

“Essa planta prolifera muito rápido e diminui a incidência de luz na água. Em quantidades pequenas, em ambientes saudáveis e equilibrados, ela pode ajudar a filtrar a água, por isso foi introduzida em muitas represas e lagos. No entanto, quando cresce muito e cobre toda a superfície, como no caso do Lago Marcelo, o impacto negativo é a diminuição da biodiversidade no ambiente aquático. É difícil para outras espécies sobreviverem em condições de pouca luz abaixo da superfície. Então, após a retirada, ficou definida uma área do lago para colocar as barreiras flutuantes para contenção das plantas aquáticas. Ou seja, uma parte do lago ficará livre das plantas”, explica Teresa. Macrófitas presentes no Lago Marcelo são do gênero Salvínia e Elódea

O LAGO – Construído em 1970, o Lago Marcelo é artificial e foi planejado com o intuito de armazenar água para ser utilizada em casos de incêndio ambiental.