A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), anunciou hoje, 30/08, durante coletiva de imprensa, uma parceria com a Associação Mata Ciliar para prover ações de recepção, manutenção, reabilitação e posterior soltura de animais silvestres em Piracicaba. A parceria foi firmada por meio de assinatura de Termo de Colaboração, publicado no Diário Oficial do Município no dia 23/08. Coletiva de imprensa realizada hoje, 30/08, discutiu a colaboração entre Prefeitura e a Associação Mata Ciliar para melhorar as ações de resgate de animais silvestres (Foto: Justino Lucente)
Estiveram presentes na coletiva o titular da Sedema, Alex Gama Salvaia; a médica veterinária da pasta, Marianna Curi; o comandante da Polícia Militar Ambiental, capitão Helington Ilgges da Silva; e os representantes da Associação Mata Ciliar, a veterinária e coordenadora de fauna, Cristina Harumi Adania, e o educador ambiental e coordenador de comunicação, Samuel de Oliveira Nunes.
A ideia é que Piracicaba, a partir de agora, execute ações de resgate, captura, recuperação e posterior soltura de animais silvestres com mais eficiência e rapidez, por meio de um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). A unidade será construída no Parque Natural Municipal, no distrito de Santa Terezinha, que é uma Unidade de Proteção Integral, situada às margens da rodovia SP-304. Lá também se localiza a sede da PM Ambiental. A construção é de responsabilidade da Mata Ciliar, mas ainda não há previsão para início e término das obras.
MODELO – A princípio, o poder público municipal, com ações da Guarda Civil, Defesa Civil, Patrulha Rural, e demais órgãos competentes, como a PM Ambiental e o Corpo de Bombeiros, farão o resgate e vão oferecer socorro e atendimento imediato. Após o resgate, o animal deve ser encaminhado para o CRAS, onde equipes da Associação Mata Ciliar farão exames, diagnóstico, tratamento devido e especializado e demais ações de manejo e cuidados, além de providenciar a soltura do animal em local adequado. Há a expectativa de que, futuramente, o CRAS em Piracicaba seja ampliado, contendo toda a estrutura necessária para tratar casos mais graves de animais feridos; por enquanto, esses casos devem ser encaminhados para o CRAS de Jundiaí.
“Essa colaboração vem para resolver um problema de muitos anos, que é a falta de estrutura para cuidar adequadamente de animais silvestres. Em encontro com os secretários de meio ambiente da Região Metropolitana de Piracicaba, existiu um consenso sobre a necessidade da RMP contar com esse trabalho e Piracicaba ficou responsável por iniciar esse processo. Nós estamos dando esse primeiro passo e, a partir da divulgação da fundamentação jurídica, esperamos que as outras cidades que desejem aderir, possam fazer esse mesmo caminho. Essa parceria, portanto, visa criar essa unidade para resgatar e cuidar de animais silvestres e a AMC é uma instituição de reputação inquestionável, reconhecida em todo o Brasil”, disse Salvaia.
De acordo com o secretário, o contrato já está vigente e, por isso, até a finalização da construção do CRAS, os animais aqui resgatados serão encaminhados para o CRAS de Jundiaí. “Como a AMC é uma entidade sem fins lucrativos, vamos captar recursos para ajudar na construção. Nossa expectativa é que as obras iniciem e terminem o mais rápido possível, por isso, buscaremos o engajamento da sociedade civil para conseguirmos captar esses recursos o quanto antes”, explicou.
No Termo de Colaboração consta o valor anual estimado de R$ 180 mil, que será destinado para remunerar o trabalho a ser desenvolvido, e prazo de 12 meses com possibilidade de prorrogação.
Para Marianna, contar com as ações da associação será imprescindível para tornar ainda mais eficiente os trabalhos do poder municipal no resgate e soltura de animais silvestres. “Durante anos o Zoo Municipal foi responsável por esse serviço, mas sempre contamos com o apoio da AMC. Portanto, é importante ver que o município tem mostrado preocupação com essa situação, buscando fazer parcerias com universidades e outras instituições, para, não apenas atender esses animais, mas também estudar as áreas em que eles vivem”, destacou.
“Frequentemente atendemos ocorrências de apreensão de animais silvestres e a grande dificuldade é, justamente, a falta de um CRAS para receber esses animais. Então Piracicaba só tem a ganhar com isso, porque agora teremos condições de prestar esses serviços”, destaca o capitão Ilgges.
A coordenadora da AMC salientou que o trabalho de resgate é fundamental para o salvamento dos animais silvestres, o que garante a preservação das espécies. “A AMC tem experiência no recebimento de animais em situação crítica, de emergência e o objetivo final é soltar esse animal em seu habitat, preferencialmente no local onde ele foi resgatado. Então, essa parceria é muito benéfica, porque quando o animal é socorrido imediatamente, ele tem 50% a mais de chance de sobreviver, para que depois ele possa ser reabilitado”, explicou Cristina. Construção do CRAS de Piracicaba será no Parque Natural Municipal, no Distrito de Santa Terezinha, onde está localizada a sede da PM Ambiental
CÓDIGO DE DEFESA DOS ANIMAIS – A instalação do CRAS em Piracicaba é uma forma de atender as exigências do Código de Defesa dos Animais do Estado de São Paulo (Lei 11.977/2055), que define que é incumbência do poder público, em todos os níveis de governo, a proteção ambiental, bem como, medidas executivas de contenção de atividades prejudiciais à saúde pública e ao meio ambiente.
O Código destaca o Programa de Proteção à Fauna Silvestre do Estado, por meio do qual todos os municípios de São Paulo, por meio de projetos específicos, devem promover parcerias e convênios ou implementar centros de manejo para atender animais silvestres vitimados da região e prestar atendimento médico-veterinário e acompanhamento biológico desses animais.
ANIMAIS RESGATADOS – Frequentemente, animais silvestres são resgatados na região, como o lagarto teiú (réptil), maritaca, garça, frango d'água (aves) e mamíferos. De acordo com Marianna, só neste primeiro semestre do ano, cerca de 30 animais foram resgatados, entre eles gambás, saguis, capivaras, um lobo-guará, ouriços, raposinha do campo, cachorros do mato, maritacas, lagartos e papagaios.
Cristina acrescentou ainda que a Associação Mata Ciliar atende, em média, 25 animais por dia, sendo cerca de 10% da RMP. Ela alertou para o fato de que a maioria dos casos de resgate de animais feridos são oriundos de atropelamentos, ação de caçadores, queimadas em áreas verdes e plantações e tráfico de animais.
A Associação Mata Ciliar (AMC) é uma entidade sem fins lucrativos declarada de Utilidade Pública Federal e que desde 1987 desenvolve diversas ações para a conservação da biodiversidade. Além do CRAS de Jundiaí, a associação também mantém outro centro na cidade de Araçatuba, em parceria com a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).