Uma comitiva, formada por prefeitos e técnicos de Minas Gerais, visitou esta semana as instalações da Central de Tratamentos de Resíduos (CTR), no Ecoparque, localizado no bairro Palmeiras. O grupo veio conhecer a tecnologia utilizada pelo Consórcio Piracicaba Ambiental, criado pelas empresas Enob e Kuttner & Co, por meio de PPP (Parceria Público Privada), e referência internacional no tratamento de resíduos sólidos. Entre os visitantes estavam os prefeitos de São Sebastão do Paraíso, Walker Américo Oliveira, e de Guaxupé, Jarbas Correa Filho, além de representantes da Fundação Renova, criada para reparar os danos causados pelo desastre ambiental com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.

Grupo veio conhecer a tecnologia de tratamento de resíduo utilizada pelo Consórcio Piracicaba Ambiental O secretário de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), José Otávio Menten, acompanhou o grupo na visita, conduzida pelo presidente da Ambiental, Gerson de Grutolla. "Para Piracicaba é uma honra receber visitantes dessas importantes cidades de Minas Gerais, além dos técnicos da Fundação Renova, que busca soluções ambientais para os municípios que sofrem com o rompimento da barragem. Além de apresentar a estrutura disponível na CTR, nós também trocamos experiências sobre atividades semelhantes que estão em desenvolvimento em outras regiões do Brasil", observou Menten. MODELO – O especialista em resíduos Claudio Venicio Serra Teixeira, de Belo Horizonte, foi o responsável por trazer o grupo à CTR. "Os prefeitos já estão com consórcios de resíduos sólidos urbanos formados e estão aqui na CTR para conhecer o modelo de tratamento, como ele dever ser concebido. O modelo da Ambiental é um dos melhores do Brasil e está vinculado aos padrões europeus. É isso que a gente quer replicar em Minas Gerais. Os representantes da Fundação Renova visitam a CTR para conhecer tecnologias que podem ser utilizadas na remediação do desastre de Mariana. Já que eles têm a obrigação de organizar a parte de resíduos da região do Vale do Rio Doce, nossa ideia é que seja criada uma CTR para atender os municípios afetados por esse desastre", explicou.

Gerson de Grutolla mostra material reciclado para Clarice Strauss, da Fundação Renova De acordo com Clarice Strauss, coordenadora do programa de Saneamento da Renova, a fundação tem projetos que são de reparação dos danos causados e outros que são de compensação pelos danos causados. "Temos R$ 500 milhões que serão utilizados pelas prefeituras de 39 cidades para tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Dez porcento desses R$ 500 milhões são para resíduos sólidos e foi por esse motivo que vim visitar a CTR. Para ver as ideias de ponta. Existe uma demanda em discussão para que R$ 100 milhões a mais sejam destinados para resíduos sólidos. Então, no lugar de R$ 50 milhões seriam R$ 150 milhões. Fiquei muito impressionada e gostaria que outros especialistas da Renova viessem conhecer essa experiência", disse Clarice Strauss, coordenadora do programa de Saneamento da Renova.

O assessor técnico da Sedema, engenheiro Carlos Ambrosano, falou sobre o processo que deu origem à PPP O prefeito de São de Sebastião do Paraíso, Walker Américo Oliveira, cidade com 72 mil habitantes, pretende se reunir com chefes de municípios vizinhos ao seu para implantar o modelo de PPP que viu em Piracicaba. "Já temos licença de operação, coleta seletiva, aterro, mas a operação propriamente dita não temos e precisávamos conhecer, em especial, essa PPP. Ficamos encantados com a forma com que é feito o tratamento de resíduos aqui em Piracicaba. O prefeito Barjas Negri está de parabéns. Após essa visita vamos realizar uma reunião para implantar em nosso município, agregando vizinhos", disse Oliveira. REFERÊNCIA – Antes do passeio pelas instalações do Ecoparque, o assessor técnico da Sedema, engenheiro Carlos Ambrosano, falou sobre o processo que deu origem à PPP, iniciado em 2005 e concluído em 2012. Grutolla explicou aos convidados o funcionamento do Ecoparque, a tecnologia utilizada e os resultados. "A CTR é a primeira do Brasil homologada com licença definitiva para receber 1.000 toneladas/dia a partir do final deste mês (abril). É algo inédito no Brasil porque aqui se contempla desde a coleta, seletividade e disposição final. O tratamento é feito em duas etapas: biodigestão e CDR (Combustível Derivado de Resíduos), que é levado para gaseificação e depois transformado em energia – ou elétrica ou a vapor saturado. A de vapor saturado é o nosso objetivo para atendermos as fábricas da Hyundai e da Mercedes Bens, que utilizam esse vapor para a pintura de carros, uma nova tecnologia", explicou Grutolla.

Funcionários fazem a separação do material bruto que chega ao Ecoparque