Representantes de institutos de biossegurança e de órgãos reguladores de sete países do continente africano estiveram em Piracicaba nesta sexta-feira (07) para conhecer o projeto Aedes do Bem. Recepcionados pelo prefeito Barjas Negri, pelo vice-prefeito, José Antonio de Godoy e pelo secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, os cientistas visitaram a cidade por conta do pioneirismo do município no uso do mosquito geneticamente modificado para o combate do Aedes aegypti, vetor da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.

A delegação foi composta por representantes da África do Sul, Burkina Faso, Gana, Mali, Nigéria, Senegal e Uganda. “Temos um desafio enorme no combate ao mosquito e enfrentamos mais de um milhão de mortes por malária a cada ano no continente africano”, disse Jeremy Ouedraogo, chefe do escritório regional do NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África, na sigla em inglês) no Senegal e líder da delegação.

De acordo com Ouedraogo, a escolha por Piracicaba ocorreu porque o município é referência no uso de uma “tecnologia inovadora” no combate ao Aedes aegypti. “Piracicaba e o Brasil estão liderando essa tecnologia e descobriram o formato para aproximar a iniciativa privada, o poder público e a população. A África precisa ter acesso a essa tecnologia e metodologia e por isso viemos até aqui para conhecer e saber como levar essa tecnologia ao nosso continente e ainda como fazer para regulamentá-la e conquistar o apoio da população”, afirmou.

Barjas colocou o município à disposição dos cientistas e ressaltou o papel pioneiro exercido por Piracicaba na luta contra o Aedes. “Desejamos que eles se aprofundem nessa experiência pioneira e levem o que fazemos aqui a outros países”, disse o prefeito, que completou: “eles querem trazer os ministros para conhecerem o que estamos fazendo e estamos à disposição para esse intercâmbio”.

Para Pedro Mello, as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti estão preocupando todo o mundo. “A vinda dessa comitiva da África demonstra o interesse por novas ferramentas de controle desse vetor, transmissor de mais de 70 doenças. A busca é por tecnologias que não causem impacto ambiental, como o Aedes do Bem, muito diferente dos tradicionais inseticidas, que vêm diminuindo sensivelmente o número de insetos polinizadores, como abelhas e borboletas. Ou seja, causam forte impacto ambiental”.

Além dos representantes do Executivo, a delegação foi recebida por uma equipe da Oxitec do Brasil, produtora do Aedes do Bem. “Piracicaba é um modelo para nós e estamos ampliando nossos investimentos na cidade. Nosso objetivo é exportar o que tem sido feito aqui em termos de tecnologia e operação para todo o Brasil e para outros países do mundo, além de ampliarmos a produção e no número de empregos criados até agora na cidade”, disse Jorge Espanha, diretor da Oxitec do Brasil.

Após o encontro na prefeitura, a delegação africana seguiu para a fábrica da Oxitec, onde faria uma visita à produção do Aedes do Bem. Inaugurada em outubro de 2016, a unidade de Piracicaba terá capacidade total de produzir até 60 milhões de mosquitos macho por semana.