A professora Maria José Comparini Nogueira de Sá, psicóloga, especialista em Planejamento e Gerenciamento em Saúde Mental da Unicamp, falou na manhã de hoje (25), durante palestra no 1º Fórum Municipal de Políticas sobre Álcool e outras Drogas, realizado no anfiteatro da Secretaria Municipal de Educação, a respeito do Plano Municipal sobre Álcool e outras Drogas, que será construído em Piracicaba. “O plano municipal deve abranger diretrizes governamentais de todos os níveis da federação. Não pode se restringir apenas a ações pontuais, de curta duração para atender questões emergenciais. Não pode ser algo elaborado em gabinete e aplicado de cima para baixo. Precisa envolver toda a sociedade e ser intersetorial, já que exige a participação de várias secretarias de governo, como a da saúde, promoção social, educação, segurança pública, bem como demais entidades que se dedicam à causa”, explicou Maria José. Para a professora, a sociedade entende o momento como se vivêssemos uma epidemia, com aumento de consumo de drogas, evidenciado nos noticiários em que aparecem como exemplo os moradores de rua, dependentes de crack. “De fato, esse aumento está relacionado ao aumento populacional e à mudança no estilo de vida da sociedade, seja devido à redução no tamanho das famílias, às relações frágeis entre as pessoas, à baixa convivência social e à solidão. Tudo isso pode estimular o consumo de drogas. Na outra ponta, temos o tráfico, que movimenta um comércio de dimensões mundiais”. Segundo ela, devido a essa abrangência de fatores, a dependência deve ser vista como uma doença, assim como a diabetes e a hipertensão arterial. “É um problema que exige acompanhamento pela vida toda, porque se trata de uma condição crônica, que pode se apresenta de forma mais ou menos aguda de tempo em tempo, e essas pessoas precisam ser atendidas de diversas maneiras, dependendo das suas reais condições”. Maria José Comparini destacou ainda que a abordagem episódica, pontual, gera apenas a ilusão de que o problema foi solucionado. “A pergunta que deve ser feita ao paciente é ‘o que podemos fazer para melhorar a sua vida?’, o que não deve se restringir à abstinência, às políticas de redução de danos, ou qualquer outra proposta parcial, mas sim de um plano de reabilitação da vida dos pacientes”. De acordo com o prefeito Gabriel Ferrato, “devemos ter uma política de Estado, intersetorial, que integre toda a sociedade, e não um programa deste ou daquele governo, já que precisa ser duradoura.” Nesse sentido, o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp (Nepp), do qual Maria José Comparini é pesquisadora, vai apoiar a construção de um plano participativo ascendente em Piracicaba, que deve ficar pronto em 180 dias, reunindo todas as forças sociais para direcionar as ações que componham uma política de enfrentamento do álcool e outras drogas no município. As atividades ao longo desse processo serão divulgadas nos sites oficiais e para a imprensa. Os interessados podem também manter contato com o Conselho Municipal sobre Álcool e outras Drogas (Comad) e mandar sugestões pelo e-mail comad@piracicaba.sp.gov.br.