Como uma das ações voltadas ao Outubro Rosa, mês de conscientização e prevenção do câncer feminino, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, ofertou consultas e exames de papanicolau às reeducandas do Centro de Ressocialização Feminina de Piracicaba, vinculado à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do governo do Estado de São Paulo. A ação reforça o vínculo fortalecido entre os serviços municipal e estadual, favorecendo a detecção precoce de câncer de mama e colo de útero nas reeducandas da unidade prisional. No total, foram atendidas 69 mulheres, coletados 52 exames de papanicolau e feitos 13 encaminhamentos para realização de mamografia, além de outros exames necessários à saúde destas mulheres.
Representaram a Secretaria Municipal de Saúde a coordenadora da Atenção Secundária à Saúde, Rafaela Mossarelli Penedo, e a coordenadora de Saúde da Mulher, Marcela Enedina Furlan Buoro, que foram recepcionadas pela diretora técnica do Centro de Ressocialização, Renata Dantas de Freitas. Do CR Feminino também participaram da ação Natalia Garcia (oficial administrativo), Gisele Labella (diretora de segurança e disciplina), Wellington Colina (enfermeiro) e Silene Rosa (agente de segurança penitenciária).
Dirce (nome fictício), de costas, é atendida por Marcela Buoro, coordenadora do CESM no CR Feminino
Conforme lembrou Rafaela, todas as reeducandas da unidade foram atendidas com relação a demandas de saúde da mulher, "desde orientações sobre planejamento familiar, anatomia e fisiologia do sistema reprodutor e mamas e atendimento de queixas comuns. Apenas 17 delas não tiveram o exame colhido por não terem iniciado atividade sexual ou já estarem com seus exames em dia", disse.
Marcela lembrou da importância que tem este atendimento às mulheres do CR. "Ações como esta contribuem na garantia de acesso à saúde das mulheres que perderam temporariamente a liberdade de ir e vir. Lembrando que o confinamento propicia e agrava muitas doenças. É fundamental que se priorize o pleno acesso dessas mulheres ao sistema público de saúde, de modo que seja garantida não só a atenção integral à saúde, mas uma assistência de qualidade, que respeite as questões de gênero e as demais condições de vulnerabilidade em que se encontram", completou a enfermeira.
A reeducanda Benedita (nome fictício) ajudou nos trabalhos orientativos e de decoração do CR para a realização de ações voltadas ao Outubro Rosa cuidado
INCLUSÃO – Este é o segundo ano consecutivo que a ação do Outubro Rosa acontece na unidade prisional. Conforme destaca a diretora do CR, Renata Dantas, o trabalho é muito importante. "Notamos que muitas mulheres nunca fizeram estes exames e outras há tempos não faziam este acompanhamento de saúde. A possibilidade de os serviços de saúde estarem aqui no CR, além de garantir o cuidado com a saúde, também oferta o carinho dos profissionais de saúde para com as mulheres o que as fazem se sentir acolhidas. Isso ajuda muito no processo de ressocialização", lembra Renata ao mostrar o ambiente todo decorado em rosa no pátio da unidade, com bexigas e cartazes produzidos pelas reeducandas.
Em Piracicaba, o CR Feminino recebe mulheres condenadas e que estão no regime semiaberto, ou seja, estão próximas da liberdade. E, estar próximo a liberdade tendo cuidados com a saúde e bem-estar dá a oportunidade de que essas mulheres vislumbrem um futuro melhor. "Não só neste mês, mas somos acolhidas por todo o ano com diversas ações de preparação ao mercado de trabalho, ensino e, principalmente, saúde. Eu me sinto muito bem com essas ações promovidas para nós. Este carinho nos faz ver o mundo de outra maneira, mais colorido e longe das coisas ruins que já vivemos", lembra a reeducanda Dirce.
Helena (nome fictício), de costas, teve um câncer de mama detectado no ano passado nas ações do Outubro Rosa; na foto, ela conversa com Renata Dantas, diretora técnica do CR
ESPERANÇA – Para a reeducanda Helena, a ação da Prefeitura no Outubro Rosa do ano passado foi decisiva e ela se diz uma mulher de muita sorte por isso. "Ano passado as equipes da Prefeitura vieram aqui fazer esta mesma atividade, quando foi detectado um nódulo suspeito na mama. Fiz mamografia e o câncer foi detectado. Foi um 'baque' pra mim, perdi o chão. Mas fui acolhida, encaminhada para exames e sigo fazendo o tratamento. Me sinto muito bem e espero em breve me ver curada desta doença. Passar por todo este processo só foi possível pelo trabalho das meninas da Prefeitura, que vieram até aqui. Sou muito grata a elas", disse Helena ao reforçar que não há histórico de câncer na família e que sua avó viveu mais de 100 anos.
A reeducanda Benedita reforçou a importância da realização destas ações no CR. "É mulher cuidando de mulher. No começo temos um pouco de vergonha, mas entendemos que é para o nosso bem. Sempre me cuidei e estive com os exames em dia, nunca imaginei que poderia seguir cuidando da minha saúde aqui dentro. Fico muito feliz e, tanto eu quanto as demais mulheres aqui do Centro, temos prazer em receber estas pessoas aqui para cuidar da gente".
De acordo com a diretora do Centro de Ressocialização, com o controle da pandemia, as ações sociais começam a se retomadas. "Ficamos muito tempo sem poder oferecer estas ações e agora estamos retomando. E isso é uma forma delas (reeducandas) ressignificarem suas ações e estarem prontas para o convívio em sociedade por meio não só de ações da Saúde, mas de educação e cultura", completa Renata Dantas.
Rafaela Penedo e Marcela Buoro, da SMS, junto a equipe do CR Feminino Renata Dantas de Freitas, Natalia Garcia, Gisele Labella, Wellington Colina e Silene Rosa
NOTA: os nomes das reeducandas desta reportagem são fictícios para preservar sua identidade.