A perda de memória e a dificuldade de concentração são disfunções cognitivas frequentes na Terceira Idade, mas é possível reduzir os efeitos. Uma das alternativas mais eficientes é a ginástica cerebral, modalidade que é oferecida gratuitamente pela Prefeitura de Piracicaba por meio do PAM (Programa de Atividades Motoras), promovido pela Selam (Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras). As aulas do PAM são destinadas para as pessoas a partir de 18 anos de idade, com preferência para os idosos.

Atualmente, a ginástica cerebral está disponível em quatro polos: AFPMP (Associação dos Funcionários Públicos Municipais de Piracicaba), no Caxambu, às sextas-feiras; Estação Idoso, na Paulista, às quartas-feiras; Sala Clarear, no Bairro Alto, às terças-feiras; e Sest/Senat, no Jardim Panorama, às quintas-feiras. Nos quatro núcleos, as aulas acontecem em dois horários, às 14h e às 15h30. As vagas estão abertas, mas são limitadas e o cadastro deve ser feito diretamente com os professores nos núcleos em que a atividade é oferecida. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3422-0233 ou pelo Instagram @pam.piracicaba.

Rita Fenalti, professora de educação física responsável pelo projeto de ginástica cerebral do PAM (Foto: Leonardo Moniz/Selam)

"O objetivo é trabalhar as potencialidades do cérebro, como a memória, os vários tipos de cognição, a lógica, a coordenação e a expressão verbal. Nós desenvolvemos e estimulamos isso por meio de jogos e brincadeiras. Algumas atividades são individuais e outras são coletivas. Na ginástica cerebral, um ajuda o outro, é muito interessante como se processa a aula em si", relatou Rita Fenalti, professora de educação física responsável pelo projeto de ginástica cerebral do PAM, que também destaca os benefícios que a modalidade pode oferecer para as pessoas recuperadas da Covid-19.

"O isolamento provocou várias perdas, inclusive na questão social da convivência. Quanto mais você convive, mais você ativa as suas potencialidades. A memória, consequentemente, ficou comprometida. Nós temos casos de pessoas que ficaram com sequelas na memória recente em função da Covid-19 e que notaram o progresso", afirmou. Entre março e setembro do ano passado, o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, elaborou um estudo que indicou que 80% dos pacientes recuperados da Covid-19 apresentaram disfunções cognitivas.

"Nós possuímos várias potencialidades cerebrais e funções, sendo algumas delas a motora, aprendizagem, inteligências, linguagem, memórias, sensorial, imaginação, criatividade, concentração, atenção, emoções, dentre tantas outras que a ciência tem tentado explicar. Mediante a essas potencialidades, o projeto da ginástica cerebral se torna uma grande ferramenta pedagógica, com a qual podemos estimular nosso cérebro de forma lúdica, com jogos e brincadeiras que são propostos em aula", completou a professora.

Cleide Martins Vieira, aluna de ginástica cerebral do PAM, disse que já notou evolução com as aulas (Foto: Leonardo Moniz/Selam)

A professora aposentada Jussara de Mesquita Pinto, 68, pratica ginástica cerebral há três anos. Na época em que iniciou, ela notava dificuldade para lembrar de tarefas diárias. "Outra coisa que eu percebia é que ficava distraída e perdia o foco. Isso começou a me preocupar muito, pois acontecia enquanto eu dirigia. Eu também sentia uma lentidão nas atividades intelectuais, como fazer contas ou compreender textos. Depois que comecei com a ginástica cerebral melhorei muitíssimo, voltei a ter agilidade. Aprendi estratégias de memória e já consigo ir ao supermercado sem lista, por exemplo. Isso é uma conquista e tanto", contou.

Recém-inscrita no programa, Cleide Martins Vieira, 64, percebeu sintomas semelhantes ao da colega de turma e viu os problemas se acentuarem durante a pandemia. "Eu estava com 'esquecimento'. Sempre fui uma pessoa muito lúcida, até pela minha profissão (professora, hoje aposentada). Às vezes, dava aula com as informações na minha cabeça e, de repente, durante a pandemia, esquecia coisas do momento. Já fiz duas aulas de ginástica cerebral e achei muito interessante a forma como a professora trabalha com a gente, geralmente com situações do momento. As vezes abro a geladeira e esqueço o que fui pegar (risos). Já noto melhoras", finalizou.