Projeto quebra a rotina de estudantes e músicos a partir de visitas didáticas e descontraídas
Fotos: Larissa Mizuhira
Quem olha os quatro músicos tocando para as crianças da Escola Municipal Ada Buselli Neme, em Tanquinho, nem imagina de onde eles vêm. Percorrendo 138 km, Thiago Leite da Silva Branco vem de São Paulo para ensinar um pouco mais do instrumento que toca, o oboé, para as crianças das escolas da rede. Já o flautista Felipe dos Santos, reveza sua rotina entre Piracicaba, Hortolândia, Nova Odessa e Sumaré, onde mora. Marcos Franco, fagotista de Tatuí, confessa que dorme mais no ônibus do que na própria casa. E para formar o quarteto de madeiras que se apresentou para os alunos do ensino fundamental na última quinta-feira, 23/06, está Reinaldo dos Anjos, clarinetista de Hortolândia e que também toca em Valinhos. Juntos, eles fazem parte do projeto Música nas Escolas, idealizado pelo maestro Jamil Maluf e desenvolvido pela Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP), por meio da Secretaria Municipal de Educação, que tem como objetivo desenvolver uma relação entre alunos do ensino público e a música erudita. O projeto quebra a rotina dos estudantes a partir de visitas didáticas e descontraídas dos quartetos de cordas, madeiras e metais da OSP. A rotina do quarteto também é mudada, quando eles deixam de lado a formalidade do dia a dia e desenvolvem um roteiro especial para as crianças, com temas musicais infantis para que aprendam de forma lúdica sobre os instrumentos apresentados e a música erudita. A elaboração do roteiro para a inicialização musical das crianças, segundo o coordenador do projeto e também músico, Antônio Carlos Garcia, é feita de maneira pedagógica para que elas entendam o que está sendo transmitido durante a musicalização.
Para o músico Reinaldo dos Anjos, esse trabalho com as crianças requer uma atenção maior na hora de apresentar o instrumento. “Geralmente sou mais formal durante as aulas e, quando venho para a escola, mudo minha abordagem e a maneira de mostrar meu instrumento, ‘quebrando o gelo’ entre o popular e o erudito, deixando a música mais interessante para elas”, relata Reinaldo, que também é orador e produtor de um grupo de clarinetas.
“É um trabalho diferente do qual estamos acostumados a fazer. Adaptamos nosso repertório com música direcionada para as crianças e, quando vemos que elas reconhecem é muito gratificante, pois mostra que o nosso trabalho está dando certo e, consequentemente estamos levando um pouco da música clássica para a formação delas, o que é muito importante”, ressalta Thiago. Musica nas Escolas – No projeto, cada unidade municipal de ensino recebe duas apresentações para os alunos do 1º ao 5º ano com idade entre 6 e 10 anos. Três escolas são visitadas por mês, com aulas de 50 minutos de duração. Até novembro serão 21 unidades e 2.940 crianças contempladas. Nas visitas, os músicos fazem uma demonstração prática sobre os instrumentos, suas formas de funcionamento, histórias e curiosidades. Temas infantis e do cinema são apresentados, e composições célebres da música erudita. Há espaço para perguntas e os estudantes têm a oportunidade de entender como é a carreira de músico e o que é preciso para tocar um instrumento. Ao final, todos podem ver os instrumentos de perto e toca-los. A Secretaria de Educação também abraçou o ABC do Dó Ré Mi, projeto em parceria com OSP criado para proporcionar o contato dos estudantes com a música de concerto e guia-los ao maravilhoso mundo dos sons. O trabalho é desenvolvido por 18 músicos e um ator. Neste caso, as crianças assistem as apresentações no Teatro do Engenho, denominadas de “showcertos”. São duas sessões mensais até novembro, totalizando 5.200 estudantes.
O flautista Felipe dos Santos
Thiago Leite da Silva Branco, toca oboé
Reinaldo dos Anjos, clarinetista
O fagostista Marcos Franco