O Teatro Municipal será palco da peça “O Auto da Barca do Inferno”, na próxima quarta-feira, com sessões às 10h e 20h. O espetáculo é baseado na obra de Gil Vicente e faz parte dos livros indicados para os vestibulandos da Fuvest e Unicamp. Os ingressos custam R$ 24,00 (com bônus R$ 20,00); estudantes e idosos pagam meia (R$ 12,00 / R$ 10,00 com bônus).

Com adaptação e direção de Jorge Vermelho, o Auto da Barca do Inferno tem como cenário fixo duas embarcações, num porto imaginário para onde vão as almas no instante da morte. Cada barca possui um comandante, do Paraíso, um Anjo; do Inferno, um Diabo, cada uma com um Companheiro.

A ação da peça desenvolve-se a partir da chegada dos personagens, que um a um desfilarão por esse porto, procurando encontrar passagem para a vida eterna. Serão julgados pelo que fizeram em vida. O Diabo e o Anjo acusam, mas só o Anjo pode absolver. Em seguida, são encaminhados às barcas.

A linguagem é o veículo que Gil Vicente melhor explora para conseguir efeitos cômicos ou poéticos. A estrutura cênica do teatro vicentino apresenta enredo muito simples. Provavelmente as peças do teatrólogo eram encenadas no salão de festas do castelo Real. O teatro de Gil Vicente não segue a lei das três unidades básicas do teatro clássico (Grego e Romano) ação, tempo, espaço.

A ideologia das obras vicentinas apresenta sempre o confronto entre a idade Média e o Renascimento ou Medievalismo. Colocar o público jovem diante destas informações estéticas, contribui para sua formação e construção de senso crítico. Para tanto, é preciso estabelecer limites entre a obra literária e a obra teatral, para que o teatro não diminua a importância da obra de Gil Vicente enquanto literatura.

O texto é um Auto onde os barqueiros do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, mas apenas o Anjo absolve.

O texto do Auto é escrito em versos rimados, fundindo poesia e teatro, fazendo com que o texto, cheio de ironia, trocadilhos, metáforas e ritmo, fluindo naturalmente. Faz parte da trilogia dos Autos da Barca (do Inferno, do Purgatório, do Céu).

Os membros da Igreja são alvo constante da crítica vicentina. É importante observar, no entanto, que o espírito religioso presente na formação do autor, jamais critica as instituições, os dogmas ou hierarquias da religião, e sim os indivíduos que as corrompem.

Acreditando na função moralizadora do teatro, colocou em cenas fatos e situações que revelam a degradação dos costumes, a imoralidade dos frades, a corrupção no seio da família, a imperícia dos médicos, as práticas de feitiçaria, o abandono do campo para se entregar às aventuras do mar.

Diante deste quadro exposto e real, facilmente podemos aproximar o conteúdo do “Auto da Barca do Inferno” aos dias atuais, onde personagens tipificadas e representativas desfilam em nosso dia-a-dia.

Ficha Técnica

Da obra de Gil Vicente / Adaptação e Direção – Jorge Vermelho / Iluminação – Ricardo Matioli e Jorge Vermelho / Operação de Luz – Rafael Piu-Piu / Sonoplastia – Ricardo Matioli / Operação de Som – Rafael Piu-Piu / Cenografia – Guido Caratori, Jorge Vermelho e João Guerreiro / figurinos – João Guerreiro / Adereços – João Guerreiro / Maquiagem – A Cia. / Expressão Corporal e Vocal – Jorge Vermelho / Programação Visual – Guido Caratori / Ilustração – Orlandelli / Assessoria de Imprensa – Drica Sanches / Produção Executiva – Drica Sanches e Guido Caratori / Coordenação do Projeto – Cia. Fábrica de Sonhos

Elenco Guido Caratori, Drica Sanches, Ricardo Mattiolli, Danilo Melo, Flavio Nerys e Ícaro Negroni.