Trabalho integrado em rede e multissetorial, como melhor forma de enfrentar demandas sociais relacionadas a problemas de saúde mental, sejam eles decorrentes de álcool e droga ou não. Esta foi a síntese do encontro que aconteceu nesta manhã (25/05), na Câmara de Vereadores, organizado pela Secretaria de Saúde, em parceria com o Poder Legislativo e o Ministério Público, para tratar do tema “Droga na Contemporaneidade: As Possíveis Intervenções”.
A Promotora Pública do Município de Piracicaba, dra. Maria Christina Marton Correia Seifarth de Freitas, destacou o trabalho desenvolvido pelo secretário dr. Pedro Mello para que essa interface entre os diversos setores da gestão pública se fortaleça, permitindo que os serviços prestados à sociedade, no campo da saúde mental, sejam mais resolutivos, evitando assim se chegar ao extremo, da internação hospitalar, o que, além de trazer mais transtorno ao paciente, redunda em mais gastos por parte do poder público.
“Há uma ação positiva no sentido de melhorar essa rede de trabalho no município. Quanto a isso, agradeço ao dr. Pedro, que tem trabalhado muito para estimular ações conjuntas envolvendo os diversos setores diretamente ligados a essa problemática. A integração tem de existir, sem a necessidade de intervenção do Ministério Público”, destacou Maria Cristina.
Pedro Mello, ao abrir o encontro, havia destacado a complexidade do tema e a dificuldade de resolvê-lo, principalmente diante de uma realidade marcada por forte crise econômica, o que redunda em menos recursos financeiros para as políticas públicas em todos os setores, inclusive da saúde.
“O governo Barjas Negri tem esse propósito, de melhorar a estrutura de atendimento às pessoas com problema de saúde mental e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto dessa questão no orçamento. Trabalho que exige nova abordagem para equacionar a demanda, com melhoria da qualidade de vida dos assistidos, encontrar novas fontes de recursos e fazer mais com menos”, disse o secretário.
O Promotor Público Estadual, dr. André Vitor de Freitas, ao tratar do tema “Transtornos Mentais e Comportamentais Relacionados ao Uso de Drogas: Impacto na Sociedade”, que fundamentou a mesa redonda, traçou os parâmetros da discussão, apresentando a base jurídica que demonstra a relevância dos serviços de saúde, os aspectos sociais, políticos e criminais que precisam ser levados em consideração para se alcançar um consenso a respeito do melhor caminho a seguir.
Segundo Freitas, a internação do paciente é a última alternativa, segundo a lei, e só deve ocorrer depois de esgotadas todos os tratamento ambulatoriais possíveis. “Por isso a importância de todos os agentes multissetoriais trabalharem de forma integrada”. E realçou: “A internação é uma decisão médica e não jurídica. Mesmo assim, ela, quando inevitável, deve ter a menor duração possível”. Porque o paciente fica melhor quando está próximo do seu grupo familiar. Se o pano de fundo é a droga, diz o promotor: “Quando a família fica perto, a droga fica longe”, observou.
A presidente do Fundo Social de Solidariedade (FUSSP), Sandra Negri, recordou todo o seu tempo de trabalho como professora na rede pública de ensino e as ações que ajudou a desenvolver para discutir, na rede, o problema das drogas junto aos jovens e adolescentes.
“Essa discussão está sendo recuperada, com palestras e debates com professores e profissionais. É um trabalho pequeno, mas muito importante para a sociedade. Quem é pai, mãe, avô ou avó de crianças que estão nessa fase da vida sabe do perigo das drogas nas escolas. E esse problema precisa ser enfrentado. É o que estamos fazendo”, enfatizou.
A dra. Denise Razzouk, Coordenadora do Centro de Economia em Saúde Mental (CESM) e professora orientadora da Pós-graduação do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, fez um apanhado histórico das drogas lícitas e ilícitas. Destacou seu fundamento econômico, o que as torna um problema social imanente e que deve ser entendido por toda a sociedade.
“Precisamos ter uma visão global, de que sociedade queremos”. Segundo ela, se estamos pensando em uma sociedade com menos pobreza, com mais saúde e educação, com mais segurança, emprego e eficiência, as drogas precisam ser levadas em consideração e enfrentadas, porque elas impactam fortemente e interferem negativamente nessa proposta de sociedade.