Neste ano, a Secretaria Municipal de Educação recebeu duas boas notícias para as suas escolas de ensino fundamental (refiro-me ao primeiro ciclo desse ensino, ou seja, do primeiro ao quinto ano, frequentados por crianças de 6 a 10 anos de idade): houve um avanço importante nas avaliações do Saresp do Governo do Estado de São Paulo e no indicador IDEB do Ministério da Educação (MEC). Ambas as avaliações são externas à rede municipal, ou seja, realizadas a partir de provas elaboradas por especialistas externos à rede. No Saresp, as provas são aplicadas às escolas do Estado de São Paulo, públicas e privadas, que tenham feito sua adesão à avaliação e os resultados são apresentados para Língua Portuguesa e Matemática. Quanto ao IDEB, também é necessário adesão e provas de idêntico conteúdo – denominadas Prova Brasil – são aplicadas aos alunos de todo o país. O IDEB, diferentemente do Saresp, é um indicador síntese que permite comparações entre regiões, estados, municípios e escolas.
No Saresp, realizado anualmente, a rede municipal obteve avanços importantes em relação a 2008: em Língua Portuguesa, a média dos alunos aumentou 24,1% no terceiro ano e 14,8% no quinto ano, ao passo que em Matemática a média do terceiro ano teve um aumento expressivo de 102,2% e, no quinto ano, de 13,5%. Quanto ao IDEB, que é realizado a cada dois anos, a média obtida pela rede municipal saltou de 4,6 em 2007 para 5,6 em 2009, mostrando um crescimento de 21,7%, que é considerado um crescimento expressivo em termos de país. Além disso, a média obtida de 5,6 foi muito importante pelos seguintes motivos: a) é uma média que deveríamos alcançar somente em 2011, de acordo com o MEC; b) ficamos acima da média das escolas do Brasil, que foi 4,6; c) nossa classificação ficou acima do índice do conjunto das escolas do Estado de São Paulo (públicas e privadas que aderiram), que foi 5,5 e o das escolas públicas estaduais, que foi 5,4; c) estamos muito próximos da média 6,0, que está prevista para ser alcançada, pelas unidades de ensino do país, somente em 2021; d) o índice 6,0 é equivalente ao que os países desenvolvidos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) atingem hoje, mostrando que estamos muito próximos da qualidade da educação desses países, pelo menos no primeiro ciclo do ensino fundamental; e) das 30 escolas municipais que participaram da avaliação, 12 já atingiram médias superiores a 6,0 e uma delas alcançou 7,0, a maior nota dentre todas as escolas públicas do município.
Esses resultados devem ser motivo de orgulho e comemoração pelos piracicabanos, pois seus filhos estão tendo acesso a uma educação de qualidade crescente, que deve resultar em um futuro melhor para essas crianças. Mas devem ser um motivo maior de satisfação e orgulho pelos principais responsáveis por esse salto: os profissionais da área (supervisores, diretores, coordenadores pedagógicos, professores) e demais trabalhadores da Secretaria Municipal de Educação, de todos os departamentos e áreas, pois toda a equipe vem trabalhando com os mesmos objetivos. São esses profissionais que têm se dedicado ao compromisso de melhorar a qualidade da educação em nossas escolas. Merecem, por essa razão, nossos efusivos cumprimentos. Essa homenagem é extensiva aos profissionais da rede pública estadual, que também obteve avanços e poderá alcançar melhores resultados ainda, pois pelo menos em Piracicaba passarão a receber alunos melhor preparados da rede municipal.
Muitos perguntam quais seriam as razões para se alcançar esses resultados. Em minha longa trajetória acadêmica e de pesquisador de universidade, tenho algum receio, sem uma investigação adequada, em apontar as razões, pois o resultado de políticas públicas é sempre consequência de múltiplos fatores. Mas, calcado na experiência à frente da Pasta Municipal de Educação, gostaria de destacar alguns aspectos. Em primeiro lugar, creio que o elemento mais importante foi que a rede aceitou o desafio pela busca de resultados e pelo qual os profissionais foram mobilizados e vêm trabalhando, coletivamente, com muita dedicação. Outro elemento, em geral pouco considerado nas avaliações, foi o crescimento expressivo da educação infantil pública no município – já muito próxima de atender a quase toda a demanda de crianças de 4 e 5 anos de idade – que é mantida com alta qualidade pelos nossos profissionais desse nível de educação e que permite que as crianças cheguem melhor preparadas para o ensino fundamental, aos 6 anos. Os demais fatores são constituídos pelo maior suporte às ações das escolas e dos profissionais, com variadas iniciativas, que deverão ter continuidade e se aprimorar ainda mais, mas sobre as quais precisaria de um espaço maior para o relato. Não poderia deixar de mencionar, também, o imprescindível apoio do prefeito Barjas Negri e da Câmara Municipal ao nosso trabalho, sem o qual seria mais difícil avançarmos.
Finalmente, uma última palavra sobre a questão. O maior desafio desse tipo de conquista é a sua manutenção e, preferencialmente, a sua superação, incluindo a convergência dos indicadores de todas as nossas escolas. Para isso, é necessário construir condições estruturais no sentido de que os esforços até aqui empreendidos não se percam ao longo do tempo. Essa é, portanto, a principal tarefa do conjunto dos profissionais da Secretaria Municipal de Educação, que continuará a receber o meu cuidado, apoio e incentivo.