As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. São infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Para conscientizar sobre a necessidade de cuidados da população em relação às hepatites virais, a partir do próximo mês, acontece em todo o país a campanha Julho Amarelo. Em Piracicaba, a Secretaria de Saúde já programou diversas atividades, sendo a primeira delas amanhã, quinta-feira, 29/06, com capacitação para os profissionais médicos e enfermeiros da rede de Atenção Básica, do Consultório na Rua e do Programa de Atenção Domiciliar (PAD). A atividade também marca a abertura do calendário de eventos realizados pela Câmara Municipal e ONG Caphiv.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, ou genéticas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que a hepatite seja responsável por 1,3 milhão de mortes por ano no mundo. Em Piracicaba, foram notificados 501 casos (hepatites B e C) entre os anos de 2016 e 2022.
Entre as principais ações realizadas pela SMS estão a realização de testagem rápida para diagnóstico da hepatite C nos dias 01 e 15/07 na praça do Terminal Central de Integração (TCI) e na Praça Takaki, ambas das 8h30 às 12h e com parceria da ONG Caphiv. Já nos dias 8 e 29/07, as equipes da SMS realizarão ações especiais no Projeto Pira nos Bairros, das 9h às 13h; e no dia 22/07, das 9h às 12h, a atividade acontecerá na sede do Sest/Senat.
Agentes de saúde do Cedic farão ações especiais de testagem ao longo do mês de julho
De acordo com Karina Corrêa Contiero, coordenadora do Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais, o diagnóstico precoce é fundamental. Portanto, as pessoas não devem esperar pelos sintomas para fazerem os testes, pois a hepatite é uma doença silenciosa, que pode provocar cirrose, câncer de fígado e morte. "Geralmente, quando os sintomas aparecem, a doença já está em um estágio mais avançado, por isso é importante que as pessoas realizem o teste", lembra.
Karina lembra que há diferentes tipos de hepatites virais, cada um provocado por um agente infeccioso diferente, porém, os tipos mais comuns na região sudeste são A, B e C.
A Hepatite A tem transmissão comum pela água e alimentos contaminados. Surtos recentes têm sido relacionados às práticas sexuais (transmissão oral-anal). Em crianças a imunização está disponível no SUS a partir de 15 meses e abaixo de cinco anos. Para adultos, alguns grupos específicos são contemplados com a vacina.
A Hepatite B tem transmissão, principalmente, pelo sexo sem preservativo, podendo ser também por sangue contaminado, compartilhamento de objetos cortantes e de uso pessoal e por transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gestação). A vacina é a melhor estratégia e está disponível no SUS (para crianças são 04 doses – ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses – e para os adultos que não se vacinaram na infância são 03 doses, a depender do esquema vacinal).
Já a Hepatite C tem como principal forma de transmissão o contato com sangue contaminado, podendo também ser transmitida por sexo desprotegido e compartilhamento de objetos cortantes e de uso pessoal. Sua maior prevalência é em adultos acima de 40 anos. Não existe vacina.
Profissionais da saúde passarão por capacitação nesta quinta-feira, 29/06
"Atualmente o tratamento não apresenta grandes efeitos colaterais, é relativamente rápido e leva à cura, porém, por ser uma doença silenciosa, o maior desafio é diagnosticar as pessoas precocemente, ou seja, antes do comprometimento do fígado", explica Karina.
Para Filemon Silvano, secretário de Saúde, a falta do conhecimento da existência da doença é um desafio grande, por isso é recomendado que todas as pessoas, principalmente as com mais de 45 anos de idade, façam o teste gratuitamente. "Pode ser feito em qualquer posto de saúde e, se positivo, o tratamento está disponível na rede pública de saúde", destacou.
VACINAÇÃO – De acordo com a Vigilância Epidemiológica Municipal, a cobertura contra hepatites nas crianças menores de um ano – ou seja, com esquema vacinal completo das três doses – ficou em 93,12% em 2021, e em 92,87% em 2022. A meta do Ministério da Saúde é de imunizar 95% do publico-alvo.
ORIENTAÇÃO – A coordenadora do Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais, Karina Corrêa Contiero, também recomenda que todas as pessoas com mais de 45 anos de idade façam o teste, gratuitamente, na rede pública de saúde. "Alguns grupos populacionais, por sua maior vulnerabilidade no que concerne à chance de exposição ao vírus, devem ser testados de forma periódica pelo menos uma vez ao ano ou em intervalo menor", enfatizou Karina ao reforçar que este teste é clinicamente indicado para pessoas vivendo com HIV; usuários de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP); pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com múltiplas infecções sexualmente transmissíveis; pessoas trans; trabalhadores(as) do sexo; pessoas em situação de rua.
A melhor estratégia é a prevenção. Confira algumas dicas:
• Vacinar-se contra as Hepatites A e B;
• Ter bons hábitos de higiene, como lavar as mãos antes e depois de ir ao banheiro e antes de realizar as refeições;
• Usar preservativos;
• Exigir materiais descartáveis e esterilizados em autoclave em estúdios de tatuagem e salões de beleza ou levar seu próprio kit de manicure (alicate, empurrador de cutículas, palito)
• Não compartilhar, em hipótese alguma, agulhas e seringas;
• Realizar os exames de rotina anualmente.