A Secretaria de Saúde, por meio do Programa de Tuberculose e Hanseníase de Piracicaba, vinculado ao Cedic (Centro de Doenças Infectocontagiosas), capacitou cerca de 100 profissionais de saúde com enfoque no diagnóstico precoce, assistência integral ao paciente e combate ao estigma da hanseníase sob a tutela da médica Elisa Nunes Secamilli, dermatologista e especialista em hansenologia. A capacitação aconteceu nesta semana, no auditório do Centro de Vigilância em Saúde (Cevisa), e integra as ações em alusão à campanha Janeiro Roxo, realizada desde o início do mês em todas as unidades de saúde da rede pública.
Assim como nos anos anteriores, o município entra mais uma vez na luta para reduzir o número de casos, buscar o diagnóstico precoce e combater o estigma da doença. Embora o número de casos registrados no município pareça pequeno – oito em 2020, 10 em 2021, nove em 2022 e 14 em 2023 –, o número é preocupante segundo explica a enfermeira Poliana Garcia, interlocutora do Programa de Tuberculose e Hanseníase de Piracicaba. “Cerca de 95% dos casos foram diagnosticados tardiamente, apresentando formas mais graves da doença e, em 60% deles, com algum grau de incapacidade instalada. Por isso a importância da campanha com informação e, também, da participação da população para termos o diagnóstico mais precoce”, lembrou Poliana.
O médico vascular e secretário de Saúde, Augusto Muzilli Júnior, destaca que a hanseníase tem cura e o tratamento é todo disponibilizado pelo SUS. “Se a pessoa tem algum sintoma da doença, deve procurar a Unidade de Saúde para avaliação. Se necessário, será encaminhada para o Cedic para confirmação do diagnóstico, início do tratamento e acompanhamento da equipe multiprofissional. É importante lembrar que na hanseníase, quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, maior será a possibilidade de cura e regeneração neural, evitando as sequelas da doença”, enfatizou.
A DOENÇA – A hanseníase é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen e afeta principalmente pele (presença de lesões) e nervos periféricos (com alteração de sensibilidade ou espessamento neural com alteração de sensibilidade).
A transmissão ocorre através das vias aéreas superiores, por contato com gotículas de saliva ou secreção nasal e se dá por meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente que não esteja em tratamento (iniciado o tratamento, não é mais transmitida). Os primeiros sintomas podem levar de 2 a 7 anos para aparecerem. Portanto, trata-se de uma doença crônica de evolução lenta.
A doença pode causar incapacidades físicas e perda funcional, especialmente nas mãos, pés e olhos, que pode ser muito grave em casos com diagnóstico tardio, afetando atividades diárias da vida do paciente, como escovar dentes, segurar uma colher, pentear cabelo, entre outras.
A vacinação com BCG, de acordo com calendário vacinal, vacinação de contatos, diagnóstico e tratamento precoce são as principais formas de prevenção para novas infecções pela hanseníase.
SINAIS E SINTOMAS – Os sinais de suspeição da hanseníase são manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa; áreas com diminuição dos pelos e do suor; fisgadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; diminuição da sensibilidade e da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos.
DIAGNÓSTICO – O diagnóstico da hanseníase é clínico realizado por meio do exame geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras e autonômicas. A suspeição é feita pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), na Atenção Primária, o paciente é encaminhado ao Cedic (Centro Especializado em Doenças Infectocontagiosas) onde será confirmado ou não, o diagnóstico. A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, ou seja, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro).
TRATAMENTO – O SUS disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas unidades de referência. Os medicamentos são seguros e eficazes. Ainda no início do tratamento a doença deixa de ser transmitida. No tratamento é utilizado medicamento denominado Poliquimioterapia Única (PQT-U), adulto e infantil, disponibilizado de forma gratuita e exclusiva no SUS.