O Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba – SAC – está completando 44 anos e cada vez mais se fortalece como um dos mais importantes salões do Brasil. Regulamentado por lei, conta com ação de voluntários que direcionam o formato do evento e contribuem na realização do salão junto ao poder público. Todo o ano renova-se a comissão organizadora no intuito de fomentar e difundir a produção artística contemporânea em Piracicaba através de novos projetos e soluções para o salão. Seguindo este direcionamento, 6 ateliês da cidade realizam o projeto “Curto Circuito”, cuja abertura está marcada para o dia 22 de setembro, às 18h30, com a mostra “Haja SAC” na Casa do Salgot Ateliê Cultural.

As três últimas comissões organizadoras do SAC 42, 43 e 44 – 2010 / 2011 / 2012 – trabalharam em conjunto para inovar o salão e gerar um calendário com ações que foram muito além do espaço expositivo que acontece na Pinacoteca Municipal “Miguel Dutra. A programação do evento foi ampliada – a tradicional exposição foi somada a palestras, workshops, exposições do acervo e dossiês inscritos, ações educativas, formação de professores, sessões de cinema e leituras de portfólios enriquecendo o desejo de formar público e discutir em torno da arte contemporânea. Outro ganho significativo nestas últimas edições do SAC foi à criação de um catálogo do salão, inscrito no sistema controlado pela agência internacional do ISBN tornando a publicação, com as obras dos artistas selecionados, catalogada internacionalmente – registrando historicamente e contribuindo para legitimação do gasto público. Além dos premiados voltarem no ano seguinte à cidade com uma exposição na Pinacoteca com suas mais recentes produções.

Durante os trabalhos de bastidores, os onze artistas participantes das comissões do SAC 42, 43 e 44 decidiram se reunir e mostrar suas pesquisas e produções artísticas mais atuais em uma exposição coletiva – “Haja SAC” – na Casa do Salgot Ateliê Cultural. O nome Haja Sac foi criado em meio aos trabalhos do SAC 43 – o som da palavra trás significados diversos – Haja de “acontecer” e Aja de “atuar” que remetem a proposta que o grupo tem feito na cidade promovendo encontros e debates sobre as artes visuais.

Alzira Ballestero e Júlio Garbellini

Apropriações Indébitas – fotografia e acrílica s/papel (5 fotografias e 5 pinturas) – “O fascínio pela paisagem urbana uniu fotos de Júlio Garbellini e pinturas de Alzira Ballestero em Apropriações Indébitas".

Amanda Kistemann

Primeiro Plano – vinil sobre placa de poliestireno – “Busca explorar o movimento que a mudança de planos propicia. Sem referências de perspectiva, a ordem dos planos (primeiro, segundo etc.), se confunde. A mudança causa o movimento perceptivo e tem como consequência a linha inscrita no espaço. Então, a linha é construída pelo movimento do olhar, que por sua vez, é construído pela mudança de planos: linha – movimento mudança”.

Antonio Natal Gonçalves

O SAC em mim – fotografia – “Por aonde vou, levo em meu corpo: marcas, feridas, cicatrizes, tatuagens de amores e desamores, pessoas, lugares, coisas, objetos, momentos, eventos, gestos marcantes, beijos quentes e gelados, abraços quentes e demorados frios e rápidos, a estória da minha vida. Também tem sido assim com o SAC. Na abertura do 42º SAC, era a hora e o lugar para Hamilton Santos tatuar um retângulo na panturrilha direita. Foi assim que depois dos 60, minha primeira tatuagem me fez parte de uma obra de arte”.

Flávio Camargo

Espaço Atravessado – metalatex s/minicavaletes de madeira; molduras e abraçadeiras de plástico; fotografia s/acetato e display de acrílico – “Os trabalhos ganham o espaço por meio de objetos e mini-instalações criadas com materiais diversos, de maneira que possam criar relações entre a forma do objeto, sua função, seu material, sua construção, seu posicionamento no espaço físico local, urbano e no espaço metafórico em relação aos sentidos despertados.

Gabriel Petito

O Fodão (Hans) – acrílica s/ folha de revista – “Este trabalho pertence à série Pintura – Apagamento. Nela o trabalho se dá pela apropriação de folhas de revista, livros e outros suportes com imagens impressas, onde o procedimento de pintura age como um apagamento da imagem, realizando um recorte do que deve permanecer, sugerindo um novo significado para imagem”.

Gustavo Torrezan

Qual o critério? SAC 42 – foto digital impressa, moldura, vidro e película vidrea – “Meu trabalho apresenta uma imagem do 42º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, no qual participei como organizador. O registro desse salão, que remete a origem da modernidade da modernidade nas artes visuais, tanto pelo formato salão quanto pelo registro fotográfico de um evento em si, trás também discussões sobre o contemporâneo, sobre o que é arte, como mostra o adesivo colado na parede bem em frente ao emblemático trabalho ‘Porco Empalhado’, do artista Nelson Leiner, que foi apresentado no evento a fim de catalisar as discussões. O registro da exposição é difícil de ver. Esse aparente "erro" que se dá devido a uma película colada sobre o vidro da moldura busca trazer uma discussão sobre o suporte, sobre os dispositivos que mediam e enviesam nosso olhar, mas substancialmente traz uma discussão sobre a atualização de imagens já que através desse dispositivo espaço temporal. Com esse espelhamento discute-se o quanto de um discurso está inserido em outro e o quanto espelhamos ou refletimos acerca daquilo que nos cerca, assim como uma imagem vai se recebendo outras leituras ao longo do tempo sempre enviesadas pelo olhar presente”.

Lídice Salgot

Reverso – acrílica s/cartão, moldura e tomada em placa branca – “Uma umidade na parede do espaço expositivo iniciou o processo criativo e a definição do local como suporte do trabalho, conhecido como site-specific. A escolha de um estudo emoldurado de representação bidimensional de canos pintados e tomada em placa branca aparente trás a tona o diálogo sobre conceitos e paradigmas em relação à multiplicidade de formatos, suportes, expografia e poéticas que permeiam a arte contemporânea”.

Luciana Camuzzo

Teia-Jazz – arame de alpaca e fio de prumo – “É um desenho sem começo, sem meio e sem fim. Desenvolve-se a partir da repetição de uma estrutura e do improviso, que ocupam um tempo do fazer e indicam um tempo do por fazer, tornados visíveis em cada peça materializada”.

Luisa Libardi

Sem Título – acrílica s/tela – “Desenho sobre tela, baseado no poema “Monólogo das mãos” de Giuseppe Ghiaroni. Procurei desenhar meus sentimentos que ficaram retidos ao ler esse poema que foi imortalizado na atuação de Bibi Ferreira e também de seu pai, Procópio Ferreira. Foram várias emoções, angustias, desejos e sonhos que o poema me transmitiu. E assim como na poesia, não há nada no meu trabalho para ser explicado e sim, vivenciado”.

Nathalia Fuchs

Iluminação Intrusa – Intervenção: refletores, extensões e filtros na cor laranja – “Iluminação Intrusa parte da luz como elemento principal a fim de recriar e propor uma nova perspectiva da relação que temos com um dado espaço. Elemento este capaz de re-configurar, ritualizar e atribuir uma nova dimensão a espacialidade. Afinal, como nos relacionamos com o espaço que estamos habituados a frequentar? E como nos relacionamos com esse mesmo espaço quando este sofre uma possível interferência? Será que nós também acabamos sofrendo essa interferência?”

Haja Sac faz parte do Curto-Circuito que acontece em seis espaços auto geridos de Piracicaba – Casa do Salgot ateliê cultural, Marilu Espaço de Arte, Atelier São Nikolao de Mira (antigo Lao), Espaço Cultural Bloco da Ema, Ateliê Brasil Arteiro e Estúdio Aragem – com exposições, performance, música e lançamento de livro. O Curto-Circuito inicia sua programação na semana de montagem, abertura e atividades do SAC 44.

Total de trabalhos expostos: 13 (treze)