Grupos de acompanhamento psiconutricional ajudam pacientes a transformar hábitos e melhorar a qualidade de vida
Atendimento faz parte da Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade da Secretaria Municipal de Saúde
Mudança de hábitos, melhora nos parâmetros dos exames e mais autoestima. Esses são alguns dos resultados relatados por participantes dos Grupos de tratamento da obesidade Nutrindo o Cuidado de Si (NCS), promovidos pela Coordenadoria de Programas de Alimentação e Nutrição (CPAN), da Secretaria Municipal de Saúde.
Os grupos atendem, em média, 20 pessoas por grupo, totalizando no momento 120 pessoas, em diferentes dias e horários da semana, com o objetivo de promover o cuidado integral por meio de orientações nutricionais e apoio psicológico.
A obesidade é uma doença crônica, fator de risco para outras e um dos maiores desafios de saúde pública atual. No Brasil, mais de 68% da população adulta está com excesso de peso e 3 em cada 10 pessoas vivem com obesidade. Em Piracicaba, 4 em cada 10 pacientes da rede pública apresentam algum grau de obesidade, segundo levantamento de 2023. O problema também afeta crianças e adolescentes.
O cenário criou a necessidade de um cuidado mais atento, humano e contínuo e assim foi criada a linha de cuidado do sobrepeso e obesidade. Desde 2023 até outubro de 2025, a linha de cuidado realizou ao todo 5.250 atendimentos, promovendo melhores condições de saúde e bem-estar para toda a população. Esse resultado reflete um compromisso dos profissionais de saúde em oferecer um tratamento de qualidade para as pessoas com sobrepeso e obesidade em Piracicaba.
ATENÇÃO INTEGRAL – Na Atenção Básica, profissionais são capacitados para casos de sobrepeso e obesidade graus I e II sem comorbidades. O acompanhamento pode ser feito individualmente ou nos próprios Grupos de Estilo de Vida.
Na CPAN, são atendidos os casos mais complexos — obesidade grau II com comorbidades e grau III, em Grupos PsicoNutricionais com duração de seis meses, seguidos por até um ano de acompanhamento contínuo.
Além do público adulto, a Secretaria de Saúde desenvolve ações voltadas à alimentação saudável na infância e adolescência, em parceria com a Secretaria de Educação. Entre elas, estão o programa “Piracicaba com Saúde: é hora de comer melhor”, o Programa Saúde na Escola e o Programa Municipal de Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável, que fortalecem a prevenção da obesidade infantil e de doenças crônicas.
“Nosso objetivo é oferecer à população opções de cuidado que integrem corpo e mente, fortalecendo a autonomia e o bem-estar de cada pessoa”, afirma Márcia Cardoso, nutricionista e responsável pela Coordenadoria de Programas de Alimentação e Nutrição.
ACOLHIMENTO – A organizadora de eventos Juliana Fatori, 45 anos, conta que a experiência vai muito além da reeducação alimentar. “Me senti muito acolhida. Quem está acima do peso é julgado o tempo todo, mas nos encontros nunca me senti assim. Entendi que a mudança precisa acontecer de dentro para fora — e essa conscientização só depende de mim”, afirma.
Com pré-diabetes, Juliana também percebeu resultados práticos em sua rotina. “Alguns exames já melhoraram. Antes, eu gastava R$ 500 por mês em aplicativos de comida; hoje, não gasto nem 10% disso. E minha compra de supermercado agora tem muitos legumes e verduras, o que não acontecia antes”, relata.
O porteiro Adalton dos Santos Pereira, 45 anos, também encontrou no grupo o apoio que precisava para enfrentar o processo de emagrecimento. Com diabetes e hipertensão, ele foi encaminhado à CPAN pela unidade de saúde como parte da preparação para a cirurgia bariátrica, uma vez que atualmente os pacientes com indicação para cirurgia, necessariamente precisam passar pelos grupos da CPAN.
“Os grupos ajudam a entender que a cirurgia não é um milagre, mas uma etapa dentro de um processo longo. Aprendemos a criar metas reais e entender que nada é proibido — é uma mudança de mentalidade”, destaca.
PRIORIDADES REDEFINIDAS – Márcia Alfredo, de 51 anos, é outra paciente que comemora os resultados após a participação no grupo. “Era desregrada em relação a horários de alimentação e cuidava de tudo, menos de mim”, relata. Depois de mudar algumas atitudes em relação ao autocuidado e terceirizar tarefas, Márcia comemora mudanças na rotina. “Me sinto bem psicologicamente, faço exercícios físicos, como com qualidade e redefini prioridades”,conta.
Outra mudança foi na balança. Márcia perdeu 24kg no período de aproximadamente 12 meses, além de ter parado de fumar e diminuído drasticamente o consumo de álcool. Ela começou a frequentar o grupo com a ideia de se preparar para a cirurgia bariátrica, mas hoje pensa diferente. “Não sou contra, se precisar vou fazer, mas hoje entendo que posso atingir meu objetivo sem a cirurgia”. E há ainda outra conquista para sua saúde: após ser diagnosticada com Hashimoto, doença autoimune que causa a inflamação crônica da tireoide, hoje ela está em remissão. “É muito satisfatório participar destas atividades”.

Os encontros, acompanhados por nutricionistas e psicólogos, acontecem quinzenalmente e abordam temas como alimentação equilibrada, atividade física, planejamento alimentar, saúde emocional e autocuidado.
Segundo a psicóloga Fernanda Santos, o acolhimento é um dos pilares do trabalho. “O grupo é um espaço transformador, pautado na escuta acolhedora e no cuidado ampliado, sustentado por informações e conhecimentos científicos de qualidade — mas, acima de tudo, no respeito e na empatia. Ele promove o autoconhecimento, amplia o autocuidado e desperta mudanças sustentáveis que refletem em mais qualidade de vida e equilíbrio na saúde mental”, explica.
Um vídeo produzido pela CPAN sobre a linha de cuidados está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=t5nD7YnymeU
