De onde nasce a dança? Como ela transita no tempo e no espaço? Quais espaços ocupa? É da inquietação sobre o trânsito secreto entre os corpos e o espaço que nasceu o projeto Gestos Transitantes: Arquivos e protótipos de uma dança através dos tempos, encabeçado pelas artistas piracicabanas Luiza Banov e Luciana Camuzzo, que estreia no Teatro do Engenho, na segunda-feira (23), às 20h. Ainda em setembro, o grupo se apresenta nos dias 27 e 28, na Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, e no dia 29, na Estação da Paulista. A entrada é gratuita para todas as apresentações. A realização é da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e Secretaria da Ação Cultural e Turismo (SemacTur), por meio de recursos do ProAC Municípios 2019, Fundo de Apoio à Cultura e Conselho Municipal de Política Cultural (ComCult).
Criado com integrantes de três núcleos de pesquisa –– o Núcleo Dédalos, dirigido por Luiza Banov, em Piracicaba, o Estúdio Aragem, coordenado pela artista visual Luciana Camuzzo, também da cidade, e o Lapett (Laboratório de Estudos e Pesquisa em Tanz Theatralidades), da Universidade de São Paulo, dirigido por Sayonara Pereira, o projeto propõe ao público, além da experiência estética, possibilidades de diálogo com a cena através do desenho, por meio de oficinas que dialogam com o que o público verá em cena.
“Gestos Transitantes” é composta por gestos corpo-vocais que transitam de um corpo para outro corpo, embalados por memórias físicas, sensoriais e musicais de Luiza Banov, Nadya Moretto e Ametonyo Silva. Partem do corpo de um dos intérpretes, chegam ao corpo do outro, ou dos três. “Gestos são refeitos, revisitados, (re)dançados, desenhados, ‘projetados’ e somados e se transformam em uma grande partitura coreográfica. A partitura se combina aos fragmentos narrativos, ora dançados, ora falados, ora sugeridos através das histórias pessoais, que lembram ainda pequenos relatos de situações que já foram vividas um dia, por algum de nós. Na peça são emoldurados por uma trilha sonora eclética e sensível, que dialoga com as ações realizadas pelos intérpretes e seus gestos”, diz a bailarina piracicabana. O encontro dos grupos agrega anseios de artistas do interior do Estado de São Paulo e da capital, para ampliar o acesso a dança.
OFICINAS
Com direção geral, coreografia e concepção da trilha sonora de Sayonara Pereira ––com quem o elenco já dialogou em outras produções––, visualidades e gravação da trilha de Eduardo Joly e desenho de luz de Maira Nascimento, as ações de artes visuais ficarão a cargo das artistas Luciana Camuzzo e Giulia Zen. “Quem tiver interesse em experimentar o gesto do desenho poderá se inscrever para as oficinas que antecedem as apresentações, para familiarizar-se com o processo de interação que poderá acontecer durante cada apresentação”, conta Luiza.
Essas oficinas de Corpo/Desenho acontecem, respectivamente, nos dias 27 e 29 de setembro, na Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, às 18h. E no dia 29 de setembro, às 15h, na Estação da Paulista, quando concomitantemente acontece uma oficina de dança moderna. A entrada para essas atividades também é gratuita, mediante inscrição antecipada pelo email: transitantes@gmail.com
ARTISTAS
Conheça os artistas envolvidos na montagem
Luiza Banov (coordenação, interprete) é bailarina, criadora, professora e pesquisadora de dança, reside em Piracicaba onde coordena o Núcleo Dedalos de pesquisa de/em movimento desde 2010. É mestre, bacharel e licenciada em dança pela UNICAMP. Atualmente é doutoranda em Artes Cênicas (USP) e membro do Laboratório de Pesquisa em Tanz Theatralidades (LAPETT), sob direção de Sayonara Pereira, desde 2011. É Pré-treinadora dos métodos Gyrotonic e Gyrokinesis.
Luciana Camuzzo (coordenação, artista visual) é artista visual atuante desde 1990, gestora e fundadora do Estúdio Aragem, espaço independente dedicado à difusão da arte contemporânea em Piracicaba. Suas proposições abordam a aproximação entre arte e vida, borrando os limites que os separariam e firmando um território habitado por objetos, muitos deles criados a partir de resíduos, que suscitam uma reflexão sobre o nosso estar na cidade.
Ametonyo Silva (intérprete) é ator, diretor e bailarino. Formado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo, faz parte do Lapett desde 2013. Atua como artista criador nos Heterônimos Coletivos de Teatro e Cactu Coletivo, em São Paulo. Também é orientador de dramaturgia no projeto Espetáculo, das Fábricas de Cultura da Zona Leste da cidade. Interessado pela área de formação teatral, dramaturgia do corpo e pela investigação do imaginário poético latino-americano.
Nadya Moretto D'Almeida (intérprete) é bailarina, criadora, professora e pesquisadora de dança, atualmente desenvolve sua tese de doutorado em Artes Cênicas na Universidade de São Paulo, sob orientação da professora doutora Sayonara Pereira. É mestre pela mesma instituição e bacharel em dança pela Universidade de Campinas. É membro do Laboratório de Pesquisa em Tanz Theatralidades (Lapett) desde 2013, onde atua como bailarina. Desde 2011 também desenvolve suas próprias criações, em parceria com outros artistas.
Sayonara Pereira (direção geral, coreografia e concepção da trilha sonora) é professora associada e pesquisadora na Universidade de São Paulo, onde também dirige o Lapett (Laboratório de Pesquisa e Estudos em Tanz Theatralidades). Estudou dança moderna no Alvin Ailey Dance Center, em New York. Mas foi na Alemanha, a convite da bailarina e coreógrafa Susanne Linke, que Sayô Pereira conheceu a German Dance, através de seus estudos na Folkwang Hochschule-Essen, escola dirigida na ocasião por Pina Bausch. Na sequencia graduou-se em pedagogia da dança na Hochschule Für Musik u Tanz –Köln, também na Alemanha. Naquele país atuou como bailarina, coreógrafa e pedagoga ao longo de 19 anos (1985-2004). Inclui ainda na sua trajetória profissional criações com diferentes artistas, além de publicações diversificadas na área de dança.
Giulia Zen (artista visual) é artista visual e arte educadora, graduada em licenciatura em artes visuais pela Faal, atualmente trabalha como assistente da artista Luciana Camuzzo, no ateliê Aragem de Piracicaba, já tendo trabalhado no Sesc durante a exposição da Bienal Naifs de 2018, como educadora. Faz parte do coletivo Caravana, formado apenas por mulheres artistas. Promove pinturas, desde papeis, telas e murais, e é produtora do projeto Biblioteca Itinerante do Artista, que apresenta ações a partir de programas performativos que tem como objetivo a ocupação de espaços públicos e o desenvolvimento do processo criativo.
Maíra do Nascimento (iluminação) Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, em 2011. Migrou para São Paulo em 2012, onde formou-se em Direção Teatral pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Profissionalmente transita entre áreas de criação teatral: direção, iluminação, atuação, performance. Atualmente, é iluminadora do Heterônimos Coletivos de Teatro, do Núcleo Macabéa, do Cactu Coletivo de Teatro. Entre seus trabalhos de criação em iluminação cênica encontramos: Feminino Abjeto II, dirigido por Janaína Leite; Canto para o Jardim de Veredas, do coletivo Teatro Labirinto, e o espetáculo Gestos Transitantes, dirigido por Sayonara Pereira.
Eduardo Joly (visualidades e gravação da trilha) é dramaturgo. Fez pós-graduação em dramaturgia e roteiro pela Escola Superior de Artes Celia Helena. Montador de cinema e documentários, atua desde 2002 em projetos audiovisuais. Atualmente faz parte do núcleo artístico do Heterônimos Coletivos de Teatro e é colaborador na dramaturgia sonora do Cactu Coletivo de teatro.
SERVIÇO – Gestos Transitantes: Arquivos e protótipos de uma dança através dos tempos. Estreia dia 23 de setembro (segunda-feira), às 20h, no Teatro do Engenho (avenida Maurice Allain, 454, Parque do Engenho Central). O grupo também se apresenta nos dias 27 e 28 de setembro, na Pinacoteca Miguel Dutra (rua Morais Barros, 233, Centro), e no dia 29 de setembro, na Estação da Paulista (avenida Doutor Paulo de Moraes, 1423, Paulista). Oficinas de Corpo e Desenho: Dias 27 e 28 de setembro, às 18h, na Pinacoteca, dia 29 de setembro, às 15h, na Estação da Paulista. Oficina de dança moderna: dia 29 de setembro, às 15h, na Estação da Paulista. A entrada para o espetáculo é gratuita, limitada a 40 pessoas. Para as oficinas inscrição gratuita pelo e-mail: transitantes@gmail.com. Duração 50 minutos. Classificação indicativa: 12 anos.