O Salão Internacional de Humor de Piracicaba está prestes a atingir um marco histórico: 50 edições, realizadas de forma ininterrupta, desde 1974, com chancela de evento referência ao humor gráfico de todo o mundo e que carrega nomes sagrados do cartum, charge, caricatura e HQ em sua antologia. A 50ª edição será aberta dia 26/08, no Armazém 14 do Parque do Engenho Central, com presença de alguns dos seus fundadores, que são unânimes ao falar de sua potência e longevidade.
Membros do Salão de Humor celebram divulgação da terceira edição em jornal da capital paulista | Foto: Arquivo Salão de Humor
São considerados os fundadores do Salão de Humor Carlos Colonnese, Roberto Antônio Cêra, Luiz Antônio Lopes Fagundes, Fausto Longo, Adolpho Queiroz, Zélio e Hermelindo Nardin, além de Alceu Marozzi Righeto e Fortuna, estes já falecidos.
O jornalista Carlos Colonnese lembra da época de “pivete”, com ele mesmo chamou aqueles anos em que, junto a Alceu Righeto e Adolpho Queiroz, começaram a se movimentar para criar o Salão de Humor. Para Colonnese, os 50 anos são expressivos e merecem respeito. “Um Salão tão longevo é fruto do árduo trabalho de muitas pessoas ao longo de décadas, que vislumbraram o potencial do Salão tanto para o humor gráfico como para Piracicaba”.
Da memória, Colonnese recorda o apoio fundamental da Prefeitura de Piracicaba, por meio do então prefeito Adilson Maluf, ao amadurecimento da ideia de se criar o Salão de Humor. “O Maluf emprestou o próprio carro para irmos ao Rio de Janeiro e pedir apoio ao pessoal do Pasquim, graças ao contato do Zélio com a revista”.
Grupo com fundadores do Salao, em encontro da 1ª edição | Foto: Arquivo Salão de Humor
Nestes 50 anos de Salão, Colonnese reforça uma particularidade do evento. “O Salão é um retrato. Cada edição tem um interesse e uma característica distinta. São épocas diferentes: uma focou em críticas à ditadura, outra à TV, por exemplo. O Salão tem um olhar histórico da trajetória do Brasil”, ressalta.
INSPIRAÇÕES – Zélio Alves Pinto, artista plástico e cartunista, lembra bem de quando os ‘pivetes’ de Piracicaba se movimentaram para tirar o Salão de Humor do papel. “Tinha pouco mais de 30 anos quando um dia fui surpreendido em meu estúdio em São Paulo por um grupo entusiasmado. Tinham lido em uma matéria, que publiquei na Folha de S. Paulo, sobre o Salão de Humor de Luca, na Itália, e tiveram a ideia de repetir a experiência em Piracicaba. A proposta me surpreendeu, mas o entusiasmo do grupo era tão grande que eu, como colaborador do jornal de humor, O Pasquim, topei. Então vieram me buscar para colaborar na empreitada. Semanas depois inauguramos o 1º Salão de Humor de Piracicaba”.
Luiz Antônio Lopes Fagundes, o Fagundinho, presidente das três primeiras edições do Salão, é sempre um entusiasta do evento. “O Salão demonstra, desde as primeiras edições, a tendência do humor gráfico sobre a política, questões sociais, econômicas e ecológicas do mundo”.
O professor universitário aposentado, publicitário e ex-secretário da Semac, Adolpho Queiroz, fala que os 50 anos do Salão de Humor significam uma vitória da então nova linguagem, o humor gráfico, “com seus rabiscos, ideias, traços inusitados, contra a mesmice das belas artes e esquisitices da arte contemporânea tão endeusadas por setores antigos das artes plásticas em nossa cidade”.
“É a vitória de uma Laerte Coutinho, um Ziraldo, um Henfil, além do fato de o nosso Salão ser o mais antigo e um dos mais prestigiados do mundo, uma referência internacional, que as demais escolas artísticas locais não conseguiram, nem conseguirão, imagino, atingir”, completa Queiroz.
Também do grupo dos pioneiros, Fausto Longo fala da marca dos 50 anos do Salão à posteridade e, como aponta “a necessidade” de sua continuidade. “A marca que gostaria que a quinquagésima edição deixasse como recado para as futuras gerações de cartunistas, chargistas, quadrinistas e caricaturistas, é sobre a importância da comunicação visual como instrumento eficiente e eficaz na transmissão de alertas que, quase sempre, a sociedade deixa passar ingenuamente. Por vezes só percebemos o caráter maléfico ou duvidoso de uma personalidade, quando revelado através do aguçado e satírico traço de uma caricatura. Também percebemos através das charges, as reais intenções obscuras escondidas em fatos corriqueiros. Sempre um alerta, que usa o humor gráfico como forma subliminar para enviar uma mensagem importante, um recado sério”.
O Salão Internacional de Humor de Piracicaba é realizado pela Prefeitura, por meio da Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural) e do CEDHU (Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação de Humor Gráfico de Piracicaba).
SERVIÇO – 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Inscrições abertas até 30/06. Abertura da exposição dia 26/08, às 19h, no Armazém 14 do Parque do Engenho Central. Informações salaodehumor.piracicaba.sp.gov.bre telefones (19) 3403-2620 ou (19) 3403-2623.