Fique atento às orientações sobre febre maculosa
No período de seca, a tendência é aumentar a proliferação de carrapato nas áreas verdes e margens de rios, córregos e lagoas. Em Piracicaba, temos um fator adicional, que é o Rio Piracicaba e as colônias de capivaras que vivem nas matas ciliares, animais hospedeiros dos transmissores da febre maculosa: o carrapato estrela. Esses roedores, portanto, ampliam a possibilidade de transmissão da doença por transitarem de um local para outro em busca de alimento. Por isso, a Secretaria de Saúde alerta sobre o risco de contaminação pelo carrapato-estrela para quem costuma visitar essas áreas endêmicas.
“É preciso muito cuidado quando se faz um piquenique com a família em áreas verdes, por exemplo, ou, ainda mais, quando se vai pescar, porque as pessoas ficam expostas ao carrapato”, enfatiza Eliane Carvalho, médica veterinária e coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). A orientação da profissional técnica não é de alarme, mas de alerta, para que se evite a permanência principalmente às margens dos mananciais, porque não são seguras.
Em caso de exposição, é fundamental que, logo em seguida, os pais observem se não há nenhum carrapato no corpo das crianças e no próprio corpo. Caso seja encontrado, deve ser retirado imediatamente, antes que se fixe, tenha contato com a corrente sanguínea e transmita a bactéria causadora da febre maculosa, caso esteja contaminado. Se isso acontecer, os sintomas podem demorar de dois a 14 dias para aparecer.
“É importante saber que o famoso 'micuim' também é o carrapato na fase jovem e também transmite a doença se estiver contaminado”, explica a veterinária. “Muitas vezes as pessoas relatam que foram em áreas verdes e pegaram apenas 'micuim'. Na verdade, pegaram carrapato. É preciso ter essa consciência para que se tenha um diagnóstico seguro em caso de suspeita da doença”, detalha.
A técnica diz ainda que, além das capivaras, os cavalos também são hospedeiros do carrapato estrela, o que não acontece com os cães. No entanto, eles também apresentam riscos. “Os cães não são hospedeiros e não são agentes naturais no processo de transmissão da febre maculosa. Mas ocasionalmente podem transportar o carrapato contaminado para o local onde vivem, se eles tiveram acesso a áreas de infestação. Com isso, as pessoas que convivem com esses animais domésticos estarão indiretamente expostas ao carrapato”, detalhou Eliane. “Daí a importância de mantê-los sempre limpos”.
Sobre a doença
A Vigilância Epidemiológica realiza anualmente treinamentos para que os médicos de todas as unidades de saúde da rede pública fiquem atentos ao diagnóstico da febre maculosa. O motivo é que eles precisam questionar seus pacientes sobre hábitos durante o consulta, buscando informações que possam levar à suspeita de febre maculosa. Se foram em algum lugar de risco, se perceberam algum carrapato no corpo após o passeio etc. Se essas informações forem positivas, o médico precisa entrar imediatamente com os medicamentos para febre maculosa, mesmo antes de ter a certeza do diagnóstico. Somente em seguida será encaminhado o exame para análise específica em laboratório. Este procedimento respeita protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde (MS).
Transmissão
Para haver transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas. Os mais jovens e de menor tamanho são vetores mais perigosos, porque são mais difíceis de serem vistos. Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.
Sintomas
Os primeiros sintomas aparecem de dois a quatorze dias depois da picada. Na imensa maioria dos casos, sete dias depois. A doença começa abruptamente, com um conjunto de sintomas semelhantes aos de outras infecções:
1. febre alta,
2. dor no corpo,
3. dor da cabeça,
4. inapetência,
5. desânimo.
Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas, as máculas, que crescem e tornam-se salientes, constituindo as maculopápulas.
Diagnóstico precoce é importante para dar início ao tratamento, porque a taxa de letalidade da doença é elevada. Casos de febre maculosa brasileira são de notificação compulsória ao serviço de vigilância epidemiológica. Não existe vacina contra a doença.
Tratamento
A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e clorafenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento, pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito.
