Implantada há um mês pela Prefeitura, por meio da Guarda Civil, em Piracicaba, a Patrulha Maria da Penha recebeu do Fórum Dr. Francisco Morato 50 medidas protetivas, uma das formas de coibir a violência contra a mulher, aplicada após denúncia de agressão pela vítima. Essas medidas resultaram em 19 visitas domiciliares e 458 rondas em residências e locais de trabalho das vítimas, além de uma prisão em flagrante.

“A Patrulha Maria da Penha tem desenvolvido um trabalho importante para coibir a violência. O serviço, anunciado em abril e colocado em prática a partir de maio, é mais uma das ferramentas de apoio do município, que já possui o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência e Conselho Municipal da Mulher, entre outros, para garantir o direito das mulheres”, ressaltou o prefeito Barjas Negri.

De acordo com a comandante da Guarda Civil, Lucineide Maciel, o trabalho executado pela Patrulha, além de coibir a violência contra a mulher, também educa. “A Patrulha Maria da Penha consiste em garantir que a vítima não sofra reincidência e que o agressor não desobedeça uma ordem judicial. Nosso objetivo é fiscalizar e, principalmente, divulgar nosso trabalho para que diminuam os índices de agressão contra mulheres”, reforçou.

A comandante explicou que pretende ampliar os serviços prestados pela Patrulha. "Encaminhamos ao Ministério da Justiça proposta de convênio para adquirir dois veículos para as equipes da Patrulha", contou.

A Guarda Civil também investe na orientação das equipes. Na semana passada, o juiz titular da 3ª Vara Criminal do Fórum de Piracicaba, Rodrigo Pares Andreucci, esteve na sede da Guarda e orientou juridicamente as equipes da Patrulha Maria da Penha, sobre as formas corretas de abordagem, busca por informações e de elementos que possam colaborar no esclarecimento dos fatos para que o processo tenha continuidade.

NA ATIVA – De acordo com Sonia Pateis, coordenadora da Patrulha, as agressões às mulheres partem de ex-maridos e ex-namorados e os casos se tornam mais críticos ainda quando os agressores são viciados em drogas e álcool. “Quando as mulheres sofrem alguma violência, elas vão para a casa de parentes e as medidas acabam sendo estendidas para esses parentes mais próximos”, conta Sonia.

Segundo a coordenadora, são muitos os desafios das equipes da GC que atuam na Patrulha, principalmente na aplicação da ronda. "Quando a vítima reside no mesmo bairro ou rua do agressor, por exemplo, temos dificuldade para fiscalizar o perímetro", exemplifica. Em outros casos, as vítimas acabam se reconciliando com o agressor mesmo sabendo que correm o risco de novamente sofrerem violência. Nesse caso, é preciso avisar a Justiça para interromper as rondas.

DEPOIMENTO

M., 33, balconista, vítima de violência

Desde março, M., uma balconista de 33 anos, sofre violência verbal, emocional e física do ex-companheiro, com quem viveu durante sete meses. Tudo ia bem até que eles abriram um comércio juntos. “Tudo ia bem, até que ele se envolveu com drogas. Nossa vida virou um dilema, eu não suportei as ameaças e quis me separar. Ele começou a pressionar e, em março, ele me agrediu fisicamente, com uma torção no braço e quebrou meu celular. Foi nesse momento que decidi buscar ajuda".

M. decidiu fazer um boletim de ocorrência. "Ele ficou preso por uma noite, porém, pagou fiança. Depois disso, precisei sair da casa onde morava e voltei a viver com minha mãe, mas ele me seguia". A última agressão aconteceu no mês passado, quando ele bateu em mim com um revólver. A Patrulha Maria da Penha o pegou e o levou ao Plantão Policial e ele foi preso em flagrante, sem direito a fiança”, revela.

Para ela, a medida protetiva e o trabalho da Patrulha foram essenciais para que se sentisse um pouco mais segura. "A equipe da Guarda é sempre pronta, tem me ajudado, mas sinto medo e penso em abandonar a cidade para não correr mais risco, já que temo também pelo meu filho. Minha vida mudou completamente depois das agressões. Tive de me readaptar no trabalho – ela passou a trabalhar de madrugada para tentar fugir do agressor -, mas mesmo assim me sinto presa. Não me arrependo de ter procurado ajuda e espero que a Justiça consiga mantê-lo longe de mim".

SERVIÇO – Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelos seguintes canais: Guarda Civil (153), Central de Atendimento à Mulher em situação de Violência (180) e Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na rua Alferes José Caetano, 1.018, telefone 3433-5878.