Dia do Médico: entre o cuidado e a vocação, as lições de uma vida dedicada ao SUS
Secretaria Municipal de Saúde presta homenagem a todos os médicos por meio do pediatra Rogério Tuon, que há 27 anos atua na rede

No Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, a Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba homenageia os profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado das pessoas e à construção de uma saúde pública mais humana. Entre eles está o pediatra Rogério Tuon, 61 anos, que há 27 atua na rede municipal e é referência em comprometimento, sensibilidade e amor pela profissão.
Desde a infância, o desejo de cuidar e de estar perto das pessoas já fazia parte da vida do médico. “Sempre gostei de ouvir, de me relacionar, de estar com pessoas. Então, escolher uma profissão voltada ao bem-estar do outro foi algo natural”, conta.
A Medicina apareceu como um caminho quase inevitável — confirmado até por um teste vocacional. “O resultado indicava algo ligado ao relacionamento humano. E foi assim, de forma muito espontânea, que a medicina entrou na minha vida.”

A decisão de atuar na rede pública também veio de forma instintiva. “Sempre quis fazer a diferença na vida de quem mais precisa. Trabalhar no SUS foi uma escolha natural, movida pela empatia e pelo desejo de contribuir para um sistema que acolhe todos.”

A JORNADA NO SUS – Formado em Medicina e com residência em Pediatria no Hospital Infantil Menino Jesus, em São Paulo, Rogério Tuon iniciou sua trajetória no SUS ainda em 1990. Depois de uma temporada de estudos na França e breve passagem pelo setor privado, retornou ao Brasil decidido a dedicar-se inteiramente ao serviço público.
“Quando voltei a Piracicaba, em 1998, meu foco era trabalhar no SUS. Era o que eu queria, onde eu me sentia pertencente.”
A escolha pela pediatria também nasceu da prática. “Durante a graduação, fazia estágios em obstetrícia e percebi que, a cada parto, meu olhar se voltava mais para o bebê. Eu queria cuidar da criança, acompanhar o desenvolvimento. Foi ali que entendi que minha missão era ser pediatra — e nunca me arrependi disso.”
DESAFIOS E APRENDIZADOS – Com quase três décadas de atuação só no serviço público de Piracicaba, o médico reconhece que os desafios da saúde pública são muitos — especialmente diante das limitações de recursos. “Às vezes não conseguimos oferecer o tratamento ideal por falta de determinado exame ou medicamento, mas sempre há alternativas. O importante é usar o conhecimento técnico e a empatia para oferecer o melhor dentro do possível.”
Para ele, o trabalho em equipe é o grande alicerce do SUS. “Ninguém é bom em tudo. A força da rede está em reconhecer o valor e o saber de cada profissional. Enfermeiros, técnicos, agentes comunitários de saúde, dentistas, nutricionistas, assistentes sociais — todos têm um papel essencial. É essa união que garante o cuidado integral.”
E o cuidado, segundo ele, vai além do paciente. “Atender uma criança é também olhar para a família, entender o entorno, a rotina, a realidade social. Só assim conseguimos propor soluções que façam sentido e que gerem mudanças verdadeiras.”
SATISFAÇÕES E CONQUISTAS – Entre tantas lembranças, o médico guarda histórias de transformação e carinho. “Tenho pacientes que vi crescer. Recebo desenhos e agradecimentos de famílias que lembram do nosso trabalho com afeto. Isso não tem preço.”
Mas o legado do pediatra também está nas políticas públicas que ajudou a construir. Ele participou da implantação da classificação de risco nas unidades de pronto atendimento, da criação do Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Infantil, do telemonitoramento de gestantes e de ações para fortalecer o aleitamento materno.
Mais recentemente, ajudou a descentralizar a coleta de exames de urocultura, levando o serviço para mais perto das unidades dos bairros. “Saber que uma ação pode beneficiar toda uma população é algo que me motiva. Essa é a beleza de trabalhar no SUS.”
HUMANIZAÇÃO NO CENTRO DA MEDICINA – O médico acredita que o futuro da Medicina será cada vez mais tecnológico — com inteligência artificial, terapias genéticas e telemedicina —, mas alerta: “Nenhuma tecnologia substitui a escuta humana. A relação médico-paciente é insubstituível. É na conversa, no olhar, no acolhimento, que a cura começa.”
GRATIDÃO E RECONHECIMENTO – Ao completar 27 anos de trajetória na rede, Rogério Tuon faz questão de agradecer. “Sou muito grato a todos os colegas com quem trabalhei e trabalho: médicos, enfermeiros, técnicos, agentes comunitários de saúde, recepcionistas, profissionais da limpeza, todos. Sem eles, nada disso seria possível. Trabalhar no SUS é uma construção coletiva.”
E encerra com uma reflexão que traduz o espírito do Dia do Médico:
“O SUS é uma conquista do povo brasileiro. Um sistema que garante o direito de todos ao cuidado, ao acolhimento, à dignidade. É uma honra fazer parte dessa história.”
