Desvendando a Comunidade: Projeto financiado pelo FAC resgata conceito de identidade

Jorge Coury, Adolpho Carvalho e Benedicto Evangelista da Costa. Essas foram as escolas estaduais escolhidas para realização do projeto Desvendando a Comunidade por Nossas Mãos, que desenvolveu oficinas de vídeo e redes sociais, aos estudantes do ensino fundamental e médio, durante as aulas eletivas do período integral. A iniciativa financiada pelo Fundo de Apio à Cultura (FAC) é voltada à produção e difusão da cultura em Piracicaba. O projeto audiovisual com autoria do produtor Maycon Barbon é um dos aprovados pela Comissão de Seleção, do Conselho Municipal de Política Cultural (ComCult).
As ações seguiram a dinâmica de oferecer aos alunos, orientações sobre o uso de celulares, câmeras, redes sociais e informações para a gravação de vídeos sobre a comunidade ao seu entorno, suas características, formação e moradores.
“Cada escola é formada pela cultura local. Observamos durante todo o trabalho que em cada unidade de ensino, há uma linguagem diferenciada e ninguém melhor que os professores e profissionais envolvidos com a escola, para perceber o que o público específico, necessita”, comenta Maycon Barbon.

Os depoimentos gravados com alunos, coordenadores, funcionários, diretores e professores das escolas revelam o conceito de identidade de cada região. “Trabalhamos disciplinas diferenciadas que agregam valores ao projeto de vida deles, priorizando a autonomia e o seu protagonismo”, explica a professora Valdirene dos Santos, da escola do Jardim Gilda. “Além do ensino, buscamos contribuir para o destino desses adolescentes que muitas vezes, são atraídos para o tráfico de drogas em busca de poder na comunidade”, explica.

No Jorge Coury localizado na área central, após a realização das oficinas, os estudantes reproduziram vídeo e jornal impresso como um trabalho final para a disciplina eletiva. “Juntamos a ideia de trabalhar um jornal sobre grandes personalidades, às orientações sobre produção de vídeo, formatação, iluminação e análise da comunidade. O resultado foi espetacular. Além das gravações, os estudantes entre 14 e 17 anos, criaram Os Incríveis: Biografia News, um tablóide com textos sobre a vida de Galileu Galilei, Walt Disney, Steve Jobs, Nelson Mandela entre outros personagens”, contaram os professores Ricardo Lourenço e Ana Paula Barros.
As oficinas foram realizadas no período de três meses. Barbon explica que a função dos vídeos produzidos por alunos foi a de mostrar as comunidades, por eles mesmos. “Em cada unidade de ensino buscamos desenvolver o trabalho de acordo com a cultura deles e descobrimos histórias incríveis, de vida, de luta e resiliência. Comunidades ainda em crescimento e formação de identidade, e comunidades já formadas”.

“O Cecap é um bairro que passou por muitas transformações e hoje observamos que apesar de estar distante da área central, possui grande estrutura e estudantes que buscam nos estudos, a realização de seus sonhos. Os moradores locais sentem que a escola pertence a eles e por isso, abraça projetos que surgem para o crescimento do aluno, principalmente, aqueles que favorecem o desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo”, comenta Angélica Paulina Bego, coordenadora da escola Adolpho Carvalho.
Os vídeos e as fotos das oficinas realizadas nas três escolas podem ser vistos na página Desvendando a Comunidade, no facebook.
Sobre o FAC
Fomentar o processo criativo, impulsionar a criação autoral, incentivar as práticas e manifestações das culturas tradicionais e populares piracicabanas e difundir a produção de cultura local promovendo seu reconhecimento e valorização pela sociedade. Esses são alguns dos objetivos estabalecidos pelo FAC (Fundo de Apoio à Cultura), instrumento de financiamento público de projetos de incentivo, difusão e produção cultural.
Criado em 2002 pela Lei Municipal 5.194, o FAC tem seus recursos obtidos pela locação à iniciativa privada de espaços públicos mantidos pela SemacTur. Seu funcionamento conta com diretrizes aprovadas e fiscalizadas pelo ComCult (Conselho Municipal de Política Cultural), formado por integrantes da sociedade civil que representam diferentes segmentos culturais.
Os autores dos projetos, os proponentes, podem ser pessoas físicas ou jurídicas sem fins lucrativos, que atuam profissionalmente dentro da área artística do projeto e residentes em Piracicaba há pelo menos dois anos. As iniciativas devem ser inéditas.
Neste ano foram aprovados oito projetos culturais que contemplam as áreas de Artes Cênicas, Música, Arte Visual, Audiovisual, Livro/Literatura, Cultura Popular, Memória Cultural e Artes Integradas. Cada projeto receberá R$ 25 mil.
