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Datados do século 19, reservatórios do Semae são tombados como patrimônio do município

Espaços preservam a história e a evolução do saneamento; tombamento pelo Codepac protege o legado arquitetônico e cultural de Piracicaba

Por CCS / Publicado em 19/12/2025
Tempo de leitura: 7 minutos.
A imagem mostra um impressionante reservatório de água subterrâneo, com uma arquitetura que remete a uma nave de catedral. O teto é formado por uma série de arcos de tijolos aparentes, com coloração que varia entre o ocre e o marrom, evidenciando a antiguidade e a textura rústica do material. Os arcos se apoiam em pilares maciços, revestidos em sua parte inferior por um material liso e claro, de cor azul acinzentada, que se estende até a superfície da água. A água, de um tom verde-azulado translúcido, cobre o fundo do reservatório, refletindo as luzes e a estrutura arquitetônica. Pontos de luz, aparentemente lâmpadas, estão dispostos ao longo do comprimento do reservatório, criando um efeito de reflexos luminosos na água e acentuando a perspectiva. A fotografia é tirada de um ponto de vista central, olhando para o fundo do reservatório, o que cria uma forte sensação de profundidade e simetria. A repetição dos arcos e pilares, juntamente com os reflexos na água, gera um padrão visual hipnotizante e quase infinito. A iluminação, embora artificial, contribui para a atmosfera mística e grandiosa do local.
Reservatório Marechal, em 2024, após reformas na sua infraestrutura

Os três primeiros reservatórios de água do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba), datados do século 19, agora são Patrimônio Histórico e Cultural da cidade. A definição foi publicada nesta segunda-feira, 15/12, no Diário Oficial do Município (DOM) por meio do Decreto n° 20.912/25, assinado pelo prefeito Helinho Zanatta.

De acordo com o Decreto, o Reservatório semienterrado do Semae, localizada na rua XV de Novembro, 2.200, e os dois reservatórios na rua Aquilino Pacheco, 326, (EEAT Marechal), no Bairro Alto, estão definitivamente tombados e não poderão ser alterados, demolidos, destruídos ou mutilados sem prévia autorização do Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba).

Conforme documento de tombamento do Codepac, os estudos para construção destes reservatórios começaram em dezembro de 1884 pela empresa Frick & CO – com nome popular à época de Empreza Hidráulica de Piracicaba – baseados nos projetos do italiano Serafino Corso. O início das obras deu-se em maio de 1886, sendo o primeiro reservatório inaugurado em 02/11/1886, pelo então imperador Dom Pedro II.

Os engenheiros responsáveis pela obra foram o português João Frick, o italiano Carlos Zanotta, e o brasileiro Ataliba Baptista de Oliveira Valle. Segundo levantamentos históricos, esses profissionais foram principais responsáveis por introduzir tecnologias avançadas para sistemas de água encanada, energia elétrica e de canalização de esgoto, tendo como apoio intelectual em suas ações nomes importantes para Piracicaba, como Luiz de Queiroz e Saturnino de Brito.

Álvaro Saviani, presidente do Codepac, enfatizou a importância da ação. “O tombamento dos três primeiros reservatórios de água do Semae representa um marco para a preservação da história e da identidade de Piracicaba, pois protege bens que simbolizam o avanço técnico, urbano e social do município desde o século XIX. Ao reconhecer esse patrimônio, reafirmamos o compromisso com a memória coletiva e com a valorização de estruturas que contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da cidade, ao mesmo tempo em que destacamos o trabalho sério, técnico e responsável realizado pelo Codepac, cujo colegiado atuou de forma unânime, fundamentado em estudos históricos e legais, sempre pautado pelo interesse público, pelo diálogo institucional e pela convicção de que preservar o patrimônio cultural é garantir que o passado continue vivo, acessível e significativo para as atuais e futuras gerações”.

O presidente do Semae, Ronald Pereira, reforça que, além da proteção destes importantes patrimônios da autarquia, com o tombamento, é possível buscar recursos junto ao governo federal e estadual para manutenção destes espaços. “Com o tombamento vamos proteger o interesse coletivo e garantir a integridade desses imóveis para que, no futuro, os piracicabanos possam ver e entender a evolução e importância do saneamento para a população. Além disso, a partir de agora, podemos também buscar recursos para reforma e manutenção destes espaços junto a órgãos, como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), e em programas como o PAC Cidades Históricas, por exemplo”, completou.

OS RESERVATÓRIOS – Localizados no cruzamento das ruas Marechal Deodoro com Aquilino Pacheco, os reservatórios nº 01 e nº 02 têm capacidade de armazenamento de 1.180 m³ (metros cúbicos) e 3.200 m³, respectivamente. Conforme levantamento histórico, originalmente, os espaços apresentavam fachada neoclássica, com modenatura (conjunto de molduras), óculos, entablamento, platibanda (faixa vertical que emoldura a parte superior de um edifício e que tem a função de esconder o telhado) e portas em arco abatido.

A imagem retrata o interior de um antigo reservatório de água, caracterizado por uma arquitetura impressionante e um ambiente histórico. O espaço é longo e estreito, com fileiras de colunas robustas e quadradas que sustentam arcos de tijolos, formando um teto abobadado. A iluminação, proveniente de lâmpadas dispostas ao longo do corredor, realça a textura rústica dos materiais, como os tijolos desgastados e as superfícies manchadas das colunas. No centro do piso, um canal de drenagem coleta água, que reflete a luz e contribui para a atmosfera melancólica do local. Há algumas pessoas no fundo, observando a estrutura, o que dá uma noção de escala e humaniza o cenário. A presença de vegetação verde em algumas áreas escuras sugere umidade e o passar do tempo. A perspectiva da imagem, tirada de um ângulo baixo, enfatiza a grandiosidade das colunas e a extensão do reservatório, convidando o espectador a imaginar a história e a função deste lugar.
Reservatório Marechal recebeu visita de turistas em 2022 antes da realização de reformas estruturais

A fachada principal (reservatório 02) é simétrica e dividida em sete blocos, apresentando três portas e quatro óculos circulares. As demais fachadas (reservatório 01), num total de três, foram executadas com os mesmos elementos da fachada principal, e as envazaduras também eram óculos gradeados. No conjunto, havia um portão (desaparecido) executado pelo serralheiro pelotense João José de Abreu, datado de 1885.

A imagem exibe o interior de uma estrutura subterrânea, possivelmente um túnel ou uma galeria de água, com um design arquitetônico impressionante. O teto é composto por arcos de tijolos, alguns dos quais apresentam rachaduras visíveis, indicando a idade e a exposição aos elementos. As paredes são de alvenaria, com manchas escuras e alaranjadas que sugerem umidade e a passagem do tempo. A perspectiva da imagem nos leva a um corredor longo e escuro, com pilares robustos que sustentam os arcos. A iluminação é fraca, criando uma atmosfera misteriosa e um tanto sombria. Ao fundo, um ponto de luz indica o fim do túnel ou uma abertura. Nas laterais da imagem, elementos curvos e claros, possivelmente escadas ou rampas, criam um contraste com a escuridão do túnel. A combinação de elementos arquitetônicos, texturas e iluminação confere à cena uma sensação de profundidade e antiguidade.
Área interna do reservatório da Rua XV de Novembro que foi tombado

Já o reservatório nº 3, localizado na rua XV de Novembro, 2.200, Bairro Alto, tem capacidade para cerca de 2.450 m³ de água onde, atualmente, encontra-se vazio em razão de problemas estruturais.

A imagem mostra uma cena externa com uma torre de água alta e amarelada em destaque. A torre está apoiada em uma estrutura de concreto e tem uma aparência antiga, com partes descascadas da pintura. Ao redor da torre, há um edifício baixo com paredes desgastadas e uma janela circular. Várias palmeiras e outras árvores frondosas criam um ambiente verde e exuberante. Um caminho de concreto serpenteia pelo gramado. Ao fundo, à direita, avista-se um prédio de vários andares com janelas retangulares e uma fachada clara. No canto inferior esquerdo, há uma estrutura de concreto mais baixa com um cone de trânsito laranja sobre ela. O céu está nublado, com uma tonalidade cinza clara. Uma pessoa com roupas marrons caminha pelo caminho à direita.
Vista externa do reservatório enterrado do Semae na Rua XV de Novembro

O espaço apresenta execução simplificada, com fachada tripartida, porta em arco abatido e fachadas laterais marcadas pela abertura de um arco pleno em primeiro plano, acompanhado de cinco óculos acima e outros dois abaixo. Toda a estrutura foi realizada em tijolos de alvenaria autoportante, com sistema estrutural abobadado – método construtivo baseado no uso de superfícies curvas (abóbadas) para cobrir espaços entre muros, pilares ou colunas.

PROCESSO – Segundo o Codepac, o início do processo aconteceu em fevereiro de 2023, após repercussão de grande interesse da população quando da abertura do reservatório EEAT Marechal para visitação em setembro de 2022 quando recebeu cerca de 21 mil turistas, assim, destacando potencial turístico, histórico e cultural para Piracicaba.

Em abril do mesmo ano, o Codepac deu início aos estudos necessários para o tombamento baseada na Lei Complementar nº 171, de 13 de abril de 2005, tendo aprovação unânime do Conselho para o tombamento dos reservatórios em outubro de 2024. A confirmação dos espaços como patrimônios públicos aconteceu por meio do decreto 20.912/25, de 10 de dezembro de 2025.


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