Fundado em 11 de setembro de 1998, o Clube Piracicabano de Handebol, está completando nove anos.A história do handebol tem raízes na Antiguidade – estudiosos afirmam que moças e rapazes jogavam bola com as mãos – e o esporte como se joga hoje foi introduzido na Alemanha em 1912, quem o levou para o campo foi o alemão Hirschmann, então secretário da Federação Internacional de Futebol. Em nosso país, o handebol como modalidade de campo, foi introduzido em São Paulo por imigrantes, principalmente da colônia alemã, no início da década de 30, tendo a Federação Paulista sido fundada em 1940 realizando competições desde então. Em 1971, o Ministério da Educação face ao seu crescimento nas escolas inclui o handebol entre as modalidades dos Jogos Estudantis e Jogos Universitários Brasileiros. Com isso, o handebol disseminou-se em todo o território nacional, com vários estados dividindo a partir daí os títulos nacionais. O CPH foi criado por um grupo de apaixonados pelo esporte, e uma dessas atletas é a piracicabana Josiane Sabino, professora de educação física da prefeitura do município de Piracicaba, a ex-goleira é apaixonada pelo handebol. Josiane começou a se interessar pelo handebol no colégio, em 1990, já formada em educação física pela Unimep, ela e algumas amigas começam a jogar cada vez mais o handebol. Por muitos anos, a atleta alimentou o sonho de levar o esporte adiante e de conquistar títulos. Já no CPH, Josiane Sabino, trabalhou de 1992 a 2002, como técnica de todas as categorias, sendo ainda presidente do Clube, mas em março de 2002 decidiu que era preciso deixar o comando das equipes e valorizar a vida familiar. A professora decidiu se dedicar apenas às categorias de base, que são onde as crianças aprendem a jogar handebol para um dia integrarem as categorias que disputam Ligas e Jogos que rendem prêmios. Em Piracicaba, o Clube Piracicabano de Handebol passou por muitas dificuldades até se firmar como uma instituição séria e sem fins lucrativos que visa a formação de cidadãos, a preparação de atletas e a conquista de prêmios para a cidade de Piracicaba na modalidade. Hoje, o CPH recebe uma verba mensal da Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras da Prefeitura do Município de Piracicaba, além de bolsas de estudos da Universidade Metodista de Piracicaba e o apoio de parceiros como, O2 Sports, Padaria Pão do Mário, Trimix, SESC, Janssen-Cilag, Biotipo e Abil, além de promover eventos para arrecadar fundos, as equipes entram em quadra sempre com muitas dificuldades, mas têm tido vitórias expressivas.A partir de 1999, o CPH já começa a conquistar premiações, a equipe feminina é vice-campeã dos Jogos Regionais de Barra Bonita, Campeã da Associação Brasileira de Handebol e Campeã da Liga de São Manuel.No ano de 2000, a equipe é campeã dos Jogos Regionais de Jaú, fica em 3º lugar nos Jogos Abertos de Santos e em 3º na Liga Regional de Handebol de Indaiatuba. No ano seguinte a categoria livre feminino é vice-campeã dos Jogos Regionais de Bauru, Campeã da Associação Brasileira de Handebol, vice-campeã da Liga Regional de Handebol de Indaiatuba e conquista o 4º lugar na Copa São Paulo de Handebol na categoria sub21. Em 2002, a equipe adulta fica em 3º lugar nos Jogos Regionais de Pirassununga. Em 2003, seriam vice-campeãs dos Jogos Regionais de Igaraçú do Tietê na categoria sub21. Em 2004, o livre feminino é vice-campeão dos Jogos Regionais de Jaú, na categoria cadete, conquista também o vice-campeonato na Liga Regional de Indaiatuba e, o livre feminino mais uma vez traz prêmios para Piracicaba conquistando o 3º lugar na Liga Regional de Handebol de Indaiatuba. No ano seguinte em 2005, a equipe mais uma vez conquista o ouro nos Jogos Regionais de São Carlos, o 3º lugar nos Jogos Abertos de Botucatu, seriam ainda campeãs da Liga Paulista, com dois troféus no ano, o Anglo e o Uirapuru e, conseguem o 3º lugar na Liga Regional de Indaiatuba.Já em 2006, a equipe conquista o ouro nos Jogos Regionais de Piracicaba, mais uma vez ganha o troféu Anglo pela Liga Paulista, o vice-campeonato na Liga Paulista de Handebol na categoria infantil e o adulto leva ainda, o 3º lugar nos Jogos Abertos de São Bernardo do Campo.Em 2007, a equipe recebe o troféu Uirapuru da Liga Paulista pela terceira colocação e traz o ouro para Piracicaba como resultado da campanha nos Jogos Regionais de São Manuel, sendo tricampeãs pelo handebol feminino de Piracicaba na categoria livre.A equipe segue, agora, para os jogos abertos que começam em outubro e continuam disputando a Liga Paulista de Handebol.A equipe adulta feminina é coordenada hoje pelo técnico Luis Tangerino, professor de educação física, formado em Sorocaba e atleta, que no momento se dedica à equipe, ao mestrado na Unimep e, ainda, encontra tempo para jogar pela equipe de São Roque. “Quando eu cheguei em Piracicaba em 2006, a equipe já estava estruturada ainda que com alguns desfalques do time passado, a proposta, então, foi dar seguimento ao trabalho para conseguir vitórias, conquistamos o 3º lugar nos abertos de 2006, perdemos na semifinal por apenas 1 gol, com um placar de 21 a 20 Piracicaba perdeu para Santos”, conta Tangerino.O técnico, durante a renovação ocorrida em 2006, ousou montar uma equipe com novas atletas, “porque muitas atletas têm filhos, marido, trabalho e, como o time do CPH não é profissional as jogadoras têm apenas uma ajuda de custo e, o esporte acaba sendo uma segunda opção na vida das pessoas, as mais novas têm mais tempo”, diz Tangerino.Depois das conquistas em Piracicaba, Luis comenta, “minha trajetória tem sido muito boa, mas tenho muito que aprender, meu grande sonho é fazer um curso técnico no exterior onde estão as grandes potências do Handebol, mas por enquanto desejo que o CPH continue a crescer, além disso, é muito bom viver em Piracicaba, a cidade é bem arborizada. Já deu para conhecer a Rua do Porto, comer um delicioso peixe e fazer bons amigos”, finaliza o técnico.A equipe masculina está sob o comando do técnico José Batista que está em Piracicaba desde 2001, foi atleta durante 15 anos, sendo 10 em Americana cidade onde começou a trabalhar com crianças e já colaborava com o técnico de sua equipe. José Batista jogou handebol durante quinze anos e, quando fala sobre o assunto ainda se emociona, “durante toda a minha trajetória enquanto jogador fui muito feliz, passei por muitos momentos significativos, mas o que mais marcou foi o companheirismo e as amizades que fiz ao longo desta prática esportiva. Obtive muitas conquistas, assim como também muitas derrotas, mas o prazer da prática foi maior que tudo. Sempre procurei ser melhor e mesmo não sendo, não me arrependo de ter tentado, pois o ensinamento que tive com o handebol, guardarei pela vida toda, porque até hoje ele me ajudou muito”, fala o treinador.Sua auxiliar técnica e jogadora experiente Andressa Delábio e a diretora da equipe de handebol masculino, Michele Angeleli, também uma exímia goleira, são suas grandes colaboradoras no trabalho que realiza há seis anos em Piracicaba cidade que lhe rendeu vitórias, um diploma de Educação Física pela Unimep, a esposa Andressa e o filho João Pedro, recém nascido. Quando chegou em Piracicaba, José Batista decidiu fazer um planejamento. O treinador começou a preparar os times com movimentos básicos, com atletas somente de Piracicaba, o treinador buscou aprimorar as equipes para conseguir resultados. “Nós disputávamos as Ligas e não conseguíamos boas pontuações, a partir daí o cenário começou a mudar”, comenta Zé.E os bons frutos do trabalho começam a ser notados, os jogadores que em 2001 e 2002 deram início a um trabalho de treinamento mais radical, começam a ganhar prêmios. Em 2002, a categoria adulto conquista o 3º lugar nos Jogos Regionais de Pirassununga e, a categoria juvenil consegue a terceira colocação na Liga Regional. A equipe masculina, categoria sub-21, seria campeã do Hand Beach realizado anualmente em Santa Bárbara.Em 2003, o time masculino, categoria adulto, seria o vice-campeão dos Jogos Regionais de Igaraçú do Tietê. O sub-21 leva a terceira colocação na Liga Regional e mais uma vez são campeões do Hand Beach, neste mesmo ano a equipe juvenil também consegue a terceira colocação na Liga Regional.No ano seguinte, em 2004, o time adulto seria o terceiro colocado nos Jogos Regionais de Jaú. Os atletas do sub-21 são os vice-campeões da Liga Regional e a equipe juvenil sai como vice-campeã. Em 2005, o time adulto conquista o terceiro lugar nos Jogos Regionais de São Carlos e, na Liga Paulista a equipe fica com a terceira colocação e seriam vice-campeões da Liga Regional. Na categoria cadete os atletas conseguem a primeira colocação. No mesmo ano, a equipe sub-21 fica com a terceira colocação no Hand Beach.Em 2006, o time adulto, conquista a prata nos Jogos Regionais de Piracicaba, são campeões da Liga Paulista e na categoria juvenil são vice-campeões, a categoria sub-21 vence o Hand Beach. Já em 2007, o time adulto masculino, conquista o bronze nos Jogos Regionais de São Manuel.Para o professor José Batista, “o planejamento trouxe bons resultados, conseguimos manter a base, que é resultado de um trabalho sério, apesar de todas as dificuldades que os atletas têm, muitos trabalham, os treinos são à noite, essa é a nossa realidade, os jogadores continuam porque gostam da modalidade e, nós continuamos a trabalhar para que o handebol seja reconhecido”, comenta o técnico.A equipe masculina já se prepara para os abertos de 2007 de forma intensa. E para o técnico que viajou em busca do ouro, a vida do atleta tem muitas surpresas, “acredito que a vitória é conseqüência de bons resultados e a derrota algo que possibilita repensar o que foi realizado, mas acima de tudo vejo a vitória ou a derrota como parte de um todo”, diz Zé Batista.Mas, o técnico reconhece, sobretudo, o esforço dos atletas do CPH, “ao longo desses anos houve uma evolução técnica, tática e pessoal grandiosa, devido aos constantes treinamentos, às oportunidades oferecidas e a determinação, são hoje, bons estudantes, melhores jogadores, responsáveis e conscientes socialmente”, frisa o treinador.Para o presidente do CPH, Edson Sales do Nascimento, “dentro das nossas condições fizemos um planejamento e, este inclui as várias competições, Ligas, Jogos Regionais, Abertos e, dentro disso, estamos obtendo alguns bons resultados, a equipe adulta feminina é tricampeã nos Regionais e, a masculina nos trouxe o bronze, além de outros prêmios. É fundamental para o crescimento da modalidade o patrocínio de grandes empresas, no PAN podemos observar que o handebol é reconhecido nas Américas, é preciso, então não apenas mais divulgação, mas precisamos de apoio, pois temos uma meta ousada para o ano de 2008, que é ter uma equipe ainda mais competitiva, vencedora, mas na medida do possível as equipes têm dado retorno, os técnicos têm trabalhado incansavelmente na busca por resultados e, mesmo com todas as nossas dificuldades estamos enfrentando o desafio e superando os obstáculos, os quais nos sevem de estímulo e, já são nove anos de muito trabalho e dedicação ao handebol”, conclui Edson. Atletas que ganham mais do que medalhas Integram as equipes masculina e feminina atletas das mais variadas classes sociais e formação cultural, e, que juntos conseguem vitórias para a cidade de Piracicaba. Para jogar handebol é preciso mais do que vontade de arremessar a bola do alto e fazer gols, é preciso antes treinar muito, acreditar na equipe, ter espírito de atleta, ser dinâmico, explosivo em quadra e não desistir nunca de ser o melhor, dentro e fora das quadras.As jogadoras da equipe adulta feminina têm muitas estórias interessantes, “um dos momentos mais marcantes foi o meu primeiro jogo de handebol, no qual eu tomei um cartão vermelho”, conta Priscila Ferreira. Para a jogadora Jaqueline Germano de Barros, a emoção vem quando “ganhamos, perdemos e estamos juntas como parceiras”. Já para a goleira Camila Araújo Pinho, “o treinamento é intensivo e repetitivo, para uma goleira é essencial aperfeiçoamento técnico e movimentação. E quero ser uma goleira completa que corresponda aos objetivos da equipe”. Estar entre elas exige esforço e dedicação, a jovem Nicole Tulho da Silva, de 24 anos, que está no 8º semestre de educação física na Unimep, curso no qual por meio de um convênio como CPH a estudante tem 100% de bolsa de estudos, fala, “considero a minha determinação em fazer o melhor como um dos fatores positivos em minha atuação, assim como minhas finalizações e a postura defensiva forte, a equipe está em uma fase excelente, pois o Luis e a Josiane estão realizando um trabalho muito sério e, estamos colhendo os frutos de tudo isso, para o futuro eu pretendo ser uma educadora física e, espero que o CPH cresça cada vez mais”, comenta a pivô do livre feminino.E da equipe de parceiras fazem parte, Bruna Bovi, Flávia Zonta, Camila Reato, Mônica Neves, Milena Bardini, Renata Hernandes, Silvana Gomes, Rafaela Braga, Ana Letícia Oliveira, Samira Spineli, Débora Simões, Caroline Durazzo, Samira Spinelli, Priscila Martins, Sofia Furlan, Rafaela Ferreira, Isabella Campos, e Sarah Consolini. Para os rapazes o handebol é igualmente importante, como comenta o jovem Tauan, “conheci o handebol no inverno do ano de 2000, foi no SESI da Vila Industrial, eu praticava natação e devido ao clima ser muito frio, a água se tornava insuportável. Para permanecer nas aulas de natação foi necessário me matricular em outro esporte para mais tarde retornar a natação, o esporte que fiz opção então foi o handebol. Há aproximadamente cinco anos atrás tomei conhecimento do Clube Piracicabano de Handebol, eu estava treinando no ginásio municipal e já estava praticando handebol e dois anos após analisar os benefícios que o CPH oferecia decidi aproveitar a oportunidade de jogar pelo Clube e abandonei a natação”, relata o jovem Tauan Robadel de Oliveira. Para o experiente Alexandre Vissozo, “sem dúvida o melhor momento foi no ano passado, ou seja 2006, quando chegamos nas finais de todos os campeonatos que disputamos”, diz orgulhoso de sua equipe.Outro atleta que joga handebol com muita paixão é Givan da Silva Júnior, o ponta-direita, esteve no acampamento da seleção brasileira em 2006 e, experimentou o sabor de jogar sob os comando de Jordi Ribera, na ocasião, técnico da seleção brasileira de handebol masculino, “a experiência foi muito boa, o melhor mesmo foi ter conhecido o sistema da seleção, as pessoas, os técnicos dos clubes”, comenta o jogador.Mas, um jogador em especial merece destaque, Elóy Simões Júnior, o goleiro do time adulto masculino, é médico otorrinolaringologista, casado, pai de cinco filhos e, ainda encontra tempo para treinar e disputar todos os jogos com a equipe, o médico está sempre buscando parcerias para o CPH e é um dos incentivadores do esporte na cidade, recentemente descobriu um talento em São Pedro, Alexandre Torrecilha, e sugeriu ao técnico José Batista, que trouxesse o jogador para treinar com a equipe.Os atletas desta equipe são muitos, Éric Scapatício, Maurício de Oliveira, Raul Giusti, Frederico Carlini, Jehan Gomes, Tiago dos Santos, Douglas Felizardo, Carlos Alberto Luccas, Raoni Robadel, Benito Andreuza, Matheus Chiodi, Carlos Alexandre Carvalho, Gabriel Petrenko, Bruno Joly, Matheus Coelho, Jean Mendes, Edélcio Vieira, Gabriel Henrique, Alexandre Marzola, Daniel Cyrino, Ronaldo Fernandes, Luis Antonio Bandeira, Caio Silveira, Diego Simões, Rafael Donato, Márcio Roberto Elias e Apollo Giocondo. Mais do que um grupo de pessoas, o CPH tem sido um Clube que reúne atletas e outros profissionais para ampliar as oportunidades no âmbito esportivo e, principalmente para tornar a vida de dezenas de jovens melhor, através do estudo e da prática constante de atividades físicas, o CPH consegue oferecer aos muitos atletas melhores perspectivas de vida para um futuro promissor, Luis Tangerino que aos 22 anos saiu de casa para correr atrás de seus sonhos salienta, “meus planos para as equipes é de estarmos sempre entre as melhores, atualmente somos os melhores da região, queremos ser os melhores do Estado e, quem sabe, estar entre os melhores do país. Tornar o handebol de Piracicaba uma referência do handebol”.Motivos para comemorar nove anos o CPH têm muitos, principalmente porque ele continua reunindo amigos e profissionais pelos mesmos ideais, jogar bola com as mãos, e formar cidadãos e, quem sabe esta não seja uma outra paixão do brasileiro, ávido por bola e pela cidadania plena.