Caranguejos cor de laranja que querem andar para frente, sapos saltitantes de luvas verde-limão, um telefone tipo orelhão de rodinhas que desliza pelo palco, um carrossel mágico e telefonistas tagarelas. Estas pequenas situações resumem o enredo de Histórias por Telefone, espetáculo da Cia. Delas de Teatro para crianças e adolescentes que tem encenação na quinta-feira (3), no Teatro Municipal Dr. Losso Netto, às 10h, com entrada gratuita. A atração integra o 6º Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba).
No palco, seis pequenas histórias bem-humoradas, repletas de fantasia e delicadeza, contadas a partir de telefonemas de um pai a sua filha. Representante comercial, o Senhor Bianchini passa seis dias por semana viajando pelo país para vender medicamentos. Acontece que sua filha só dorme depois de ouvir o pai.
Então, toda noite, onde quer que ele esteja, às 9h em ponto, telefona para lhe contar um caso inventado. Mas não é só ela que aguarda ansiosamente o telefone tocar. Do outro lado da linha, quatro curiosas telefonistas – responsáveis pela transferência da linha – acompanham tudo em segredo, prontas para se ligar em mais uma aventura do pai Bianchini.
São sempre episódios curtos, pois falar ao telefone é caro. E o Senhor Bianchini não falha! Em 55 minutos, o espetáculo propõe ao público uma viagem pelas divertidas, lúdicas, inusitadas e fantásticas narrativas contadas pelo pai. A cada dia mais uma nova história para sua imaginação.
A peça tem texto livremente inspirado em Fábulas por Telefone, de Gianni Rodari (1920-1980), o maior escritor italiano para crianças do século 20. Também professor e jornalista, é autor de uma obra fantástica, extremamente criativa, tradução poética de uma pedagogia moderna e progressista. Rodari ganhou vários prêmios literários importantes, entre eles, em 1970, o Prêmio Andersen, considerado como o Nobel da literatura infantil.
Histórias por Telefone propõe um jogo cênico cheio de desdobramentos. As atrizes se revezam em cena assumindo diferentes papéis em cada história, compondo e construindo cada uma delas como em uma coreografia dinâmica e lúdica. Também permeia a peça o non-sense, uma das características da Cia Le Plat du Jour, e gosto e identidade da diretora. Além disso, as próprias histórias de Gianni Rodari já têm um lado anárquico e imagético.
Sobre a diretora
Carla Candiotto fundou, em 1991, em Paris, a Cia Le Plat Du Jour, com Alexandra Golik. Hoje dá aulas de interpretação teatral na escola Teatro Escola Célia Helena e no Centro de Formação Profissional em Artes Circenses Cefac.
Começou sua carreira na Europa, onde estudou com Philippe Gaulier, Monika Pagneux, Arianne Mnouskine (Théâtre du Soleil), John Wright, Desmond Jones, Frank Armstrong e grupos de Teatro Físico: Théâtre de Cumplicité e The Right size. De 1993 a 1998, na Inglaterra, trabalhou com a Cia Théâtre Sans Frontieres. Em Paris, atuou com a Cia Fleur de Peau e com a Cia Paris 21.
Além de ter trabalhado durante sete anos no Programa Doutores da Alegria, ela atuou no longa-metragem Bens Confiscados, dirigido por Carlos Reichenbach.
Sobre a Cia Delas
A Cia. Delas de Teatro foi criada por um grupo de atrizes em 2001, numa tarde de verão e quarta-feira, entre uma aula e outra, no Teatro Escola Célia Helena, em São Paulo. De lá pra cá, desenvolveram estudos e pesquisa teatrais; se reuniram para falar da vida alheia (com frequência); e, nas horas vagas, cultivaram peças e um canteiro cheio de personagens.
A companhia tem um repertório diversificado (encenações para os públicos adulto e infantil) e conta com espetáculos premiados como Quase de Verdade, inspirado na obra de Clarice Lispector, dirigido por Ulisses Cohn, e Burundanga, de Luis Alberto de Abreu, levado à cena por Nelson Baskerville. Do drama à comédia, de farsas a tragédias, a Cia. Delas se interessa por tudo o que está vivo, se mexe e pode acontecer num palco. Entre os prêmios, destaque para o Coca-Cola Femsa De Teatro, Prêmio Panamco no Teatro, Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).
SERVIÇO – Apresentação do espetáculo Histórias por Telefone, no 6º Fentepira. Quinta-feira, 3 de novembro, às 10h, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto (avenida Independência, 277, Centro). Entrada gratuita. Ingressos podem ser retirados na bilheteria uma hora antes do início do espetáculo. Classificação: livre. Duração: 50 minutos. Informações: (19) 3433-4952, www.fentepira.com.br e www.fentepira.wordpress.com.