O Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba agora tem sede própria. Desde ontem (21) está instalado na Rua Luiz de Queiroz, 1022, entre as Ruas Moraes Barros e XV de Novembro. A solenidade de inauguração aconteceu na noite da última quarta-feira e contou com as presenças do prefeito Barjas Negri, a secretária municipal de Ação Cultural, Rosângela Camolese, a presidente do Centro, Eva Ildes e representantes da comunidade negra local.

A solenidade também foi marcada pelas apresentações do bloco da Ema, do Grupo Vocal Sanguluka, formado por estudantes angolanos radicados em Piracicaba e capoeira com o Grupo Cativeiro.

A secretária de Ação Cultural destacou que a entrega da sede própria ao Centro, é um momento importante para a comunidade negra, porque “com esta sede, ela se estabelece de fato. Antes o órgão estava instalado no Engenho Central, juntamente com a Ação Cultural, o que acabava inibindo seu trabalho por não dispor de um espaço maior. Hoje tem sede própria com quatro compartimentos e amplo quintal para fazer seus encontros, comemorações e palestras, permitindo abrigar mais pessoas”.

Rosângela Camolese ressalta que o país tem muito o que agradecer a comunidade negra, porque “parte da nossa história vem do trabalho do negro, que tanto lutou pela sua liberdade e atualmente, forma uma raça forte que complementa com todas as outras raças na formação da história da nação brasileira. O negro é um herói da sociedade, porque precisou lutar e conquistar sua liberdade e provar para a sociedade que era um cidadão prestante como qualquer outro no Brasil”.

A presidente do Centro de Documentação observou que a sede foi entregue justamente em um dia especial para a comunidade negra, que foi o Dia Internacional de Combate ao Racismo, originado com o massacre de Shaperville, em Johannesburgo, na África do Sul, em 21 de março de 1960, quando 69 pessoas foram mortas e 186 ficaram feridas, durante protesto pacífico contra a lei do passe, que vigorava durante o regime do Apartheid.

Eva ressaltou que o dia da entregue da sede para o Centro é um momento marcante nos seus 16 anos de trajetória, período este em que vem conquistando seu espaço como órgão articulador e dinamizador das ações da comunidade negra, procurando assim cumprir o seu papel, apesar de todas as adversidades pelas quais passou.

Para Eva, a conquista do espaço próprio é um mérito de toda comunidade negra piracicabana e principalmente de todas as pessoas que verdadeiramente se sentem ultrajadas diante de atos preconceituosos, seja contra negros, indígenas, judeus, deficientes físicos e de todas as formas de preconceito e discriminação. “O preconceito ainda é um mal que envenena a humanidade e precisamos combatê-lo com todas nossas forças, pois ele contribui de maneira absurda para a manutenção da violência”.

O prefeito Barjas Negri parabenizou a comunidade negra pela conquista junto ao Poder Público. Ele reiterou que os movimentos sociais, como o representado pelos integrantes do Centro de Documentação do Negro que lutam contra o racismo, são permanentes. “Este espaço é preponderante para que a comunidade negra possa debater e discutir problemas que afetam a sua trajetória. Tenho certeza que em pouco tempo, o Centro se tornará referência no Estado de São Paulo, haja vista que em Piracicaba, o segmento negro está se tornando cada vez mais participante e atuante”.