O 16º Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba) termina nesta terça-feira (30) com um espetáculo que levanta reflexões sobre a relação entre fé e política. A montagem convidada A Fé que Acostumou a Falhar, do Núcleo Arcênico de Criações, de São José do Rio Preto/SP, será exibida gratuitamente, às 21h, pelo canal oficial do evento no Youtube.

O 16º Fentepira é promovido pela Prefeitura de Piracicaba, por meio da Semac (Secretaria Municipal de Ação Cultural). A edição de 2021 possui a direção de produção de Leonardo Moraes e contou com a curadoria de Thais Dias e Roberto Rosa. Já a empresa vencedora do pregão eletrônico 425/2021 foi a W Cultural, sob supervisão de Adriana Batista. Os debatedores da mostra oficial foram Alexandre Mate, Caio Martinez e Paula Ibañez.

A montagem convidada para encerrar o festival é A Fé que Acostumou a Falhar, do Núcleo Arcênico de Criações, de São José do Rio Preto/SP- Foto Bianca Brito

Dez espetáculos de Piracicaba integraram a mostra oficial do festival de 2021. O objetivo dessa edição foi promover a arte teatral no município, assim como apoiar os artistas locais durante a pandemia da Covid-19.

Segundo o secretário da Semac, Prof. Adolpho Queiroz, o festival chega ao seu fim com a missão cumprida. "Nesses anos todos, o Fentepira sempre levou o melhor do teatro para a população, de forma democrática, diversa e gratuita. O festival transformou o cenário local e contribuiu para formação cultural e cidadã de crianças, jovens e adultos. Nós da Secretaria Municipal da Ação Cultural temos um orgulho enorme deste evento. Que venham as próximas edições!".

Para encerrar a programação, A Fé que Acostumou a Falhar propõe investigar os caminhos que a palavra "fé" nos abre. Desde seu espectro renovador de alento e resiliência, até as trincheiras do extremismo e da violência contra as divergências e as minorias. Desta forma, falar de fé mostrou-se uma berlinda contemporânea.

O 16º Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba) termina nesta terça-feira (30)- Foto Bianca Brito

Ideia original e direção é de Alexandre Manchini Jr, com assessoria de Jorge Vermelho. Alexandre também assina o dramaturgismo, com Homero Ferreira, e integra o elenco juntamente com Malu Oliveira e Vinícius Francês.

Francês relatou que o Núcleo Arcênico de Criações acompanha a programação do Fentepira, por isso todos ficaram contentes em poder integrar o festival deste ano como convidados. "Observando as questões que esse trabalho convoca, trazendo para a atualidade temas que estão bastante urgentes no vínculo entre política e o avanço institucional da igreja neopentecostal dentro do campo político, para gente é sempre uma alegria trazer de novo esse debate e ver nossa obra no festival de Piracicaba. A gente acompanha e admira há muitos anos, e há muito tempo queremos estar juntos, ainda que nesse momento de maneira virtual".

O ator ainda contou que a peça tem uma linguagem de performance. "Estreamos no Sesc Rio Preto em agosto de 2018, em um projeto que foi selecionado pelo edital de criação inédita e circulação em dança do ProAC (Programa de Ação Cultural), do governo do Estado de São Paulo. E apesar de ser da área da dança, o Núcleo carrega consigo essa discussão sobre a linguagem entre as fronteiras performáticas da dança, do teatro e, às vezes, do circo. Então, sempre é uma alegria ver quando a obra é vista a partir do filtro do teatro e outras linguagens".

O tema do espetáculo surgiu das discussões internas do grupo. "Quando a gente percebe que existe uma ascensão da religião como uma ferramenta para estar presente em estruturas de poder como a política".

Deste modo, o núcleo dedicou-se a compreender historicamente como isso aconteceu, bem como os impactos do ponto de vista político, econômico, social e religioso. "Inclusive na nossa formação cultural. Para a gente é bastante caro observar o acesso de um grande número de parlamentares à bancada política evangélica, tanto no Congresso, quanto no Senado. Esse tipo de preocupação, também é uma angústia sobre o muito do que nos formou dentro da perspectiva cristã. Acerca da culpa, punição, penitência e outros elementos da nossa história concreta e subjetiva".

A Fé que Acostumou a Falhar leva quase 22 mil tijolos tipo pó de mico à cena. "Montamos uma grande arena para uma obra que, em alguma medida, também é um ritual simbólico, que coloca tijolos de uma maneira bastante metafórica, entre construções, entre bíblias que carregamos, entre pesos que lidamos e obstáculos".

Francês comentou também sobre o quanto a pandemia afetou a montagem. "Desde o começo tínhamos a pretensão de não fazer apenas um registro audiovisual do espetáculo, queríamos algo com uma característica mais fílmica. Quando a pandemia se agravou em São Paulo e houve o lockdown, nós estávamos apresentando em Santo André esse trabalho. Foi bastante emocionante. No dia seguinte, as unidades do Sesc e os teatros municipais e estaduais fecharam. A partir daí tivemos um gap até entendermos como faríamos. À medida que alguns festivais foram se entendendo dentro das plataformas virtuais, usando os registros e obras audiovisuais como uma forma de ainda fazer teatro e dança, a gente achou importante então começar a trabalhar a captação". Depois de cerca de 80 apresentações, A Fé que Acostumou a Falhar conseguiu atingir as pessoas também via registro audiovisual.

Conversa ao vivo – Após a exibição do espetáculo de encerramento do 16ª Fentepira, haverá um bate-papo ao vivo com a comissão organizadora e convidados, entre eles os debatedores dessa edição. A programação poderá ser acompanhada pelo chat e o público poderá fazer comentários e perguntas.

Sobre o Festival

O Fentepira é uma política pública do Município de Piracicaba, prevista pelas leis 6.072/2007 e 7.491/2014. Tem como objetivo estimular a criação artística, a inovação criativa e a valorização da arte teatral, além de fomentar a discussão sobre o fazer teatral.

Assim como nos últimos três anos, a empresa ganhadora do pregão eletrônico 425/21 (ocorrido em 27 de setembro) foi a W Produções, sob supervisão geral de Adriana Batista.

Neste ano, a comissão organizadora foi formada por Rubens Evandro de Godoy Roncato (Semac – Secretaria Municipal de Ação Cultural), Luiz Gustavo Maluf (Semac), Amanda Forti (Semac), Dayane Gabriele Bortoleto (Semac), Edvaldo Oliveira e Viviane Souza (Apite – Associação Piracicabana de Teatro), Camila Amaral Tavares (SESC – Serviço Social do Comércio), Mirella de Sena Cagliari e Attilio Severino de Andrade (SESI – Serviço Social da Indústria), Ricardo Moreira de Araújo (Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Rosangela Pereira e Antônio Chapéu (Movimento Liberdade Liberdade).

A realização é da Prefeitura de Piracicaba, por meio da Semac (Secretaria Municipal de Ação Cultural).

A curadoria dos espetáculos deste ano foi de Thais Dias e Roberto Rosa. Já a direção de produção é de Leonardo Moraes.

Programação do 16º Fentepira

Fentepira: fentepira.com.br

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCRFYRQxXWp_NEP0RwQkezNw

Links Curtos para o Youtube: encurtador.com.br/hHIP7 / https://url.gratis/qWXU3w

Semac: http://semactur.piracicaba.sp.gov.br/

O tema do espetáculo surgiu das discussões internas do grupo- Foto Bianca Brito

Serviço

Dia 30 (terça)

Espetáculo: A Fé que Acostumou a Falhar

Link do teaser/apresentações anteriores: https://vimeo.com/299999898/bf36760ae1

Link da exibição: https://www.youtube.com/watch?v=-kLqa2_LghQ

Grupo: Núcleo Arcênico de Criações (São José do Rio Preto/SP)

Horário: 20h

Duração: 58 minutos

Classificação: 16 anos

Bate-papo de encerramento, comissão e convidados

Horário: 21h