Com o slogan "Não dê esmola nos semáforos" e a presença do prefeito Barjas Negri, a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Maria Angélica Guércio e os ex-campeões olímpicos de vôlei, Carlão e Maurício, foi lançada pela prefeitura, na noite de quinta-feira (24), no Teatro Municipal, a Campanha “Diga Não ao Trabalho Infantil”, uma articulação entre a prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento, empresas parceiras e sociedade civil, fundações e ONGs para tentar mudar essa crônica paisagem de crianças pedintes.Em Piracicaba há por volta de 70 crianças e adolescentes na rua durante o mês, sendo que de oito a dez crianças são encontradas por dia nessa situação. Mas de acordo com dados da Semdes, houve uma redução de 30% em relação ao ano passado. A expectativa é que este índice diminua drasticamente. A maior parte dessas crianças têm família e algumas estão com vínculos cortados, seja com a escola, família e comunidade. Pela amplitude desse projeto, não se trata de uma experiência qualquer, mas sim de uma união de esforços para acabar com essa situação, que no entender dos organizadores da campanha é um desafio que precisa ser enfrentado com muita coragem. A campanha terá duração de dois meses. Em muitos casos o dinheiro arrecadado por aquele trabalhador infantil é dividido entre os intermediários -os grupos que se apossaram do território e cobram "pedágio" das crianças- e os familiares ou adultos que agenciam a mendicância. A pancada é o recurso empregado para manter essa exploração.Esses trabalhadores sabem que, se voltarem para casa de mãos vazias, irão enfrentar adultos irados, dispostos a puni-los. Suas casas são marcadas pela falta de estrutura familiar, pelo alcoolismo e pela promiscuidade sexual, numa química da violência cotidiana.Este projeto tem o objetivo de conscientizar a sociedade em geral, a não doar dinheiro à crianças e adolescentes ou comprar produtos que comercializam nos semáforos da cidade. A secretária da Semdes assim como os demais parceiros envolvidos como projeto, foram unânimes em afirmar que lugar de criança é na escola e nas horas vagas, estar freqüentando algum programa social desenvolvido pela prefeitura ou pelas Organizações Não Governamentais e iniciativa privada.Maria Angélica explicou que campanha é necessária e envolve uma ação coletiva, discutida com diversos segmentos da sociedade e a idéia foi muito vem aceita. Ela afirmou que a campanha pretende esclarecer a população sobre esta questão da doação do dinheiro na rua, os malefícios que traz, sem nenhum benefício. “É necessário a sociedade entender que as doações podem ser feitas de outra maneira. Por meio de cartazes e banners fixados nos principais cruzamentos da cidade, os motoristas são informados sobre números de telefone do Disque Denúncia e do Conselho Municipal da Criança e Adolescente”. O Banco do Brasil também disponibilizou uma conta para doações, que é agência 0056-6 e conta 20052005-9, além do contribuinte poder deduzir seu Imposto de Renda, contribuindo para o Fundeca. O trabalho infantil é crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).Segundo a secretária dois projetos municipais dão suporte para atendimento a crianças de ruas: o Recriando e o Case, que poderão responder com seus técnicos, professores, monitores e educadores de rua. “A campanha não está fechada e pretendemos discutir com a sociedade civil organizada (Conselhos Tutelares, Conselho Municipal da Criança e Adolescente, Poder Judiciário, Segurança Pública e educadores), a melhor forma de reduzirmos ao máximo o trabalho infantil”.Para Carlos Antonio Gurgel, gerente regional do Banco do Brasil, um dos parceiros do projeto, através de sua fundação, esta campanha é um avanço e Piracicaba dá mostra cabal de que está preocupada com a questão da exploração infantil. Ele ressaltou que o BB tem a satisfação e orgulho de estar envolvido neste projeto, que não é somente do Poder Público, mas de toda sociedade.Gurgel acredita no sucesso da campanha e afirmou que as crianças e adolescente ao invés de estar nas ruas, deveriam estar incluídas em um projeto social. “A Fundação Banco do Brasil tem sensibilidade para questões sociais e esta campanha merece todo apoio, para que tenha êxito”, reiterou.O ex-jogadores de vôlei afirmaram que a campanha enaltece Piracicaba, que dá um passo à frente no combate à exploração infantil. “O esporte e educação têm de caminhar juntos, pois podem contribuir de forma positiva para diminuir a exploração infantil na cidade”. O prefeito destacou que evitar a exploração é importante, porque auxilia no desenvolvimento das crianças. Barjas reafirmou que lugar da criança não é nos semáforos e na rua e sim nas escola e acolhidas pelos programas sociais do setor público e privado. “Conscientizar a sociedade de forma geral para que possa acolher as crianças e encaminhalá-s aos programas sociais, é dever de todo mundo e está sendo reforçado com esta campanha”.Em relação aos programas sociais implementados pela prefeitura, Barjas reiterou que estão bem articulados, com verbas dos governos municipal, estadual e federal. “Mas lamentavelmente ainda temos algumas crianças que são exploradas e por isso, precisamos fazer um trabalho de acolhimento e conscientizar as famílias de que o melhor caminho é trazê-las de volta para a escola e as atividades sociais. O resultado depende da união de todos para dizermos não a exploração infantil”.