Dentro da proposta de mobilização quanto à importância da vacinação contra a Hepatite B, a Secretaria Municipal de Saúde realizou, entre os meses de outubro e dezembro, uma campanha envolvendo jovens entre 11 e 19 anos, de 25 escolas (municipais e estaduais). Ao todo, nesta faixa etária, em 2005, a Secretaria registrou a aplicação de 7000 vacinas, contra 5251 em 2004.

A parceria envolveu as secretarias de Educação do Estado e do município, através de orientação aos professores e coordenadores e, na seqüência, a aplicação da vacina propriamente dita. De acordo com o secretário de Saúde, Fernando Cárdenas, houve uma mobilização para ampliar a abrangência da vacina nesta faixa etária, já que os órgãos de saúde vinham registrando déficit na aplicação da vacina.

Fernando explica que equipes volantes da Secretaria de Saúde visitaram 25 escolas, nos períodos da manhã, tarde e noite, onde foram aplicadas 7000 doses da vacina. Como a vacinação contra a Hepatite B envolve três doses, a orientação da campanha é que os adolescentes procurem as unidades de saúde mais próximas de suas residências para a aplicação das outras duas doses.

A ampliação no número de vacinas, na opinião do secretário, é fruto do trabalho das equipes volantes, que foram até nas unidades escolas. “Foi um incentivo para a regularização da vacinação contra a Hepatite B”, detalha Cárdenas.

RÉCEM-NASCIDOS – Outra frente de ação contra a Hepatite B é a vacinação em recém-nascidos, dentro do programa Dupla Dose. Fernando Cárdenas informa que em 2005 a vacinação atingiu 100% dos bebês nascidos em Piracicaba. Segundo dados da Secretaria, a estimativa é que 5.500 bebês tenham sido vacinados contra a Hepatite B no município. “A orientação é que a vacina seja aplicada na faixa etária de zero a 19 anos, daí a mobilização nos recém-nascidos”, informa.

PROFISSIONAIS DE SAÚDE – Ao longo de 2005, também foram aplicadas doses da vacina contra a Hepatite B em profissionais da saúde e portadores de doenças crônicas (hemofílicos, transplantados renais etc). “São planos de ação voltados à diminuição da incidência da doença”, lembra Cárdenas.

EM DIA – O secretário de Saúde orienta quem ainda não atualizou as doses da vacina contra a Hepatite B para que procure a unidade de saúde próxima à sua residência. Gratuita e disponível em todos os postos de saúde da rede municipal, a vacina contra a Hepatite B ocorre em três doses. As duas doses seguintes à inicial acontecem, respectivamente, um e cinco meses depois.

HEPATITE B

O que é?

É uma inflamação do fígado causada pelo vírus da Hepatite B (HBV).

Como se adquire?

Transfusões de sangue foram a principal via de transmissão da doença, circunstância que se tornou rara com a obrigatória testagem laboratorial dos doadores. Atualmente, o uso compartilhado de seringas, agulhas e outros instrumentos entre usuários de drogas, assim como relações sexuais sem preservativo (camisinha) são as formas mais preocupantes de contaminação na população. O contato acidental de sangue ou secreções corporais, contaminadas pelo vírus, com mucosa ou pele com lesões também transmitem a doença. Gestantes (grávidas) contaminadas podem transmitir a doença para os bebês, sendo o parto normal ou por cesariana o principal momento de risco, o que pode ser minimizado pelo médico.

O que se sente e como se desenvolve?

Os sintomas são semelhantes aos das hepatites em geral, se iniciando com: * mal-estar generalizado

* dores de cabeça e no corpo

* cansaço fácil

* falta de apetite

* febre

Após, surgem tipicamente coloração amarelada das mucosas e da pele (icterícia), coceira no corpo, urina escura, fezes claras (cor de massa de vidraceiro).

Ao final de 10 a 15 dias os sintomas gerais diminuem muito, mesmo na vigência da icterícia, que tende a desaparecer em 6 a 8 semanas em média, sugerindo a cura em mais de 95% das pessoas.

A forma clínica, chamada de fulminante com mortalidade de até 60%, ocorre em menos de 1% dos pacientes que adquirem o vírus.

Após a fase aguda, que pode passar desapercebida, 1 a 5% não se curam da infecção e ficam com hepatite crônica. Desses, 25 a 40% podem desenvolver cirrose e câncer de fígado ao longo de décadas.

O risco de doença crônica com má evolução é maior em quem usa bebida alcoólica, em bebês que adquirem a doença no parto e em pessoas com baixa imunidade (pacientes com AIDS ou pacientes em quimioterapia ou radioterapia, por exemplo).

Como o médico faz o diagnóstico?

Os sintomas não permitem identificar a causa da hepatite.

Hepatites em adultos, especialmente se usuários de drogas injetáveis, homossexuais ou pessoas com muitos parceiros sexuais levantam a suspeita de hepatite B.

A confirmação diagnóstica é feita por exames de sangue, onde são detectados anticorpos ou partículas do vírus da hepatite B.

Certos casos só são descobertos na fase crônica ou na investigação da causa de cirrose e câncer de fígado de uma pessoa que não sabia ter hepatite.

Como se trata?

A hepatite B aguda não requer tratamento medicamentoso específico.

Remédios para náuseas, vômitos e coceira, bem como administração endovenosa de líquidos podem ser usados ocasionalmente.

O repouso no leito não deve ser exigido uma vez que não afeta a evolução para hepatite crônica ou fulminante.

A ingestão de álcool em qualquer quantidade é proibida.

O uso de qualquer medicamento deve ser avaliado pelo médico, já que muitos necessitam de um bom funcionamento do fígado para seu desempenho.

A forma fulminante da hepatite aguda exige cuidados intensivos em hospital, podendo necessitar de transplante hepático de urgência.

Alguns casos de hepatite crônica podem ser tratados com dois tipos diferentes de remédios, o interferon ou a lamivudina. Os resultados do tratamento ainda não são os ideais, já que a cura é alcançada em apenas 30% dos pacientes, apesar de um maior número ter resposta inicial favorável.

Como se previne?

A vacina para hepatite B deve ser feita em todos os recém-nascidos, iniciando o esquema vacinal já no primeiro mês de vida.

Adultos não vacinados e que não tiveram a doença também podem fazer a vacina, que está especialmente recomendada a pessoas que cuidam de pacientes, a profissionais da área da saúde, aos portadores do vírus C, alcoolistas e indivíduos com outras doenças hepáticas.

Deve-se usar luvas, máscara e óculos de proteção quando houver possibilidade de contato com sangue ou secreções corporais.

Pessoas que tiveram exposição conhecida ao vírus (relação sexual com indivíduo contaminado, acidente com agulha) devem receber uma espécie de soro (gamaglobulina) nos primeiros dias após o contato, o que pode diminuir a chance ou, pelo menos, a intensidade da doença

Recém-nascidos de mães com hepatite B devem receber gamaglobulina específica e vacina imediatamente após o parto para diminuir o risco do bebê desenvolver a doença.

ATENÇÃO

Nas relações sexuais, é fundamental uso de preservativo (camisinha).

A chance de pegar hepatite B numa relação desprotegida é bem maior do que a de pegar AIDS.

Qualquer forma de relação sexual pode transmitir hepatite B.