Mais de 150 pessoas, entre profissionais da rede socioassistencial e de atendimento à população em situação de rua, participaram na sexta-feira, 09/08, do encontro formativo O Cotidiano das Mulheres em Situação de Rua e o Machismo Estrutural, no anfiteatro do Sesc Piracicaba. O tema foi abordado por Fernanda Araújo de Almeida, assistente social, com experiência em projetos e políticas públicas para pessoas em situação de rua.
A abertura do evento contou com uma reflexão sobre o objetivo do encontro de unir as temáticas da campanha do Agosto Lilás, de conscientização pelo fim da violência contra as mulheres, os 18 anos da Lei Maria da Penha e o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, celebrados no mês de agosto.
Fernanda Almeida iniciou sua palestra falando sobre a situação de rua e as demandas dessa população. “Quando pensamos na conjuntura nacional e na perspectiva para o futuro, conseguimos entender que as crises sobrepostas produzem um impacto para a população em situação de rua e o que temos que fazer diante disso é criar situações de apoio. Piracicaba tem sido referência em todo o estado de São Paulo, pela aplicação do Censo Pop Rua em 2023. Os dados coletados são específicos para uma análise sobre o perfil dessas pessoas e as suas necessidades, contribuindo assim, com estratégias para um atendimento amplo e direcionado”, disse.
Para ela, os motivos que levam as pessoas para a situação de rua permeiam a falta de moradia, de emprego e vínculos sociais fragilizados. “No caso das mulheres, devemos refletir sobre o que é ser mulher nas ruas e quais são as motivações macroestruturais e histórico-culturais que as levam à situação. Uma mulher nessa situação precisa da restauração dos vínculos familiares, principalmente com os filhos; além de um trabalho voltado à referência da própria vida”.
“Segundo o Sinan, órgão que informa o registro de violência de pessoas que buscam o sistema de saúde, apesar de as mulheres representarem apenas 13% do total da população em situação de rua, elas foram vítimas de 40% dos casos notificados em 2022 e isso traz indícios do machismo estrutural culturalmente enraizado, mas que também traz sofrimento para o homem”, apontou a assistente social.
O encontro proporcionou um espaço de formação e sensibilização para profissionais da rede socioassistencial de cuidado e atenção à população em situação de rua e demais pessoas interessadas, com enfoque nas questões de gênero, raça e classe, compreendendo as estratégias de atendimento, cuidado e atenção para a estruturação de projetos ampliados e singularizados.
O próximo encontro formativo acontece no dia 11/10, com o tema Sexualidade das Pessoas com Deficiência.